" Salvador"

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Apolo

- alguma coisa ? - quando o telemóvel toca não levo dois segundos a atender a chamada. Eu ansiava por ela.

- podes crer que sim brother.- o meu irmão tem um tom de inigma, mas um pequeno traço de satisfação soa no fim da voz.

- um minuto- desligo quando já vou a meio trajeto da sala de vigilância.

Estou trancado no escritório há mais tempo do que gostaria, mas a minha atenção não está aqui. A cada minuto o meu olhar desviava para a tela do telemóvel largado na mesa.

Era inevitável vir para aqui, papéis papéis e mais papéis, porra tanto papel.

Ser o líder da família não abona a meu favor neste momento. Queria ter o meu tempo apenas para um assunto, Samantha.
Infelizmente não me posso dar a esse luxo.

O meu irmão continuou na sala de baixo a busca incessante por respostas. E a condição para que eu viesse algumas horas para dentro deste maldito escritório era que ao mínimo sinal de alguma pista ele me ligasse.

Finalmente alguma coisa, eu espero.

Mal entro na sala o meu olhar corre as telas, vários mostram ruas vazias, continuo a procurar alguma coisa, algum sinal dela.

Nada.

Olho para Alfonso.

- Já encontramos o carro, dois dos nossos homens já estão lá, mas como era de prever foi largado em um descampado. Nada que nos ajude.- ele olha para mim mas ignora a minha insatisfação.

- Mas as novidades não sai todas más, consegui resgatar algumas imagens que o nosso servidor misterioso tentou apagar, e estas sim são alguma coisa útil.- diz.

Assim que se levanta os ecrãs ganham vida, com ele trás um teclado que começa a controlar como tão bem sabe.
As telas que outrora pareciam vazias ganham agora um interesse diferente.

No fundo da imagem um vulto começa uma caminhada irregular.
Forço a visão para a todo o custo tentar decifrar a imagem, é difícil, se a pessoa estivesse totalmente vestida de preto passava totalmente despercebida na tela, a t-shirt branca é a única coisa que a entrega, é ela.

Samantha.

Mas algo não está certo.

Ela não caminha corretamente, as manchas de sangue naqueles lençóis ainda atormentam o meu cérebro e agora vêem há memoria como um lembrete bem presente.

Ela está ferida, por isso o caminhar desordeiro, parece curvada sobre o próprio corpo.

De repente o corpo dela dá um solavanco e ela curva mais um pouco, sem perceber estou a milímetros da tela, foi iveluntário, como se através dela a conseguisse segurar, ajudar.

O desespero começa a ser insuportável quando a deixo de ver, ela desaparece.

Procuro ávidamente.

- Aqui Apolo. - É o meu irmão que me orienta.

Ele coloca o dedo entre duas lixeiras na tela, o movimento é muito fugaz, mas é ela, sim é ela.
Só se consegue ver a parte de cima de um dos ombros, todo o corpo está oculto por uma das lixeiras.

Mas o mais importante e que não me passa despercebido, eu conheço esta rua.
Eu conheço qualquer rua da minha cidade.

Esta não fica longe de um dos nossos clubes.

O mesmo em que nos conhecemos.

Será que ela está a tentar chegar lá?
Ela escapou, provavelmente está a fugir de alguém, e a tentar chegar até mim. Todo um cenário se desenrola na minha cabeça.

Eu vou, prometo!Onde histórias criam vida. Descubra agora