"Saltei e fiquei Livre."

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Samantha

-Dá-lhe mais soro, e mantém-na a dormir- sou cutucada uma e outra vez no meu braço direito.

- Mas senhora, ela está assim há três dias, pod...- Drácula não consegue terminar a frase, deixa a dúvida se realmente ele iria  interceder por mim, é pouco provável.

Três dias?!
Como assim três dias!?

A fadiga é quase insuportável, sinto uma náusea crescente que me faz querer manter parada e de olhos fechados.

Mas a ordem violenta de Mónica ganha a minha atenção.

- Não te atrevas a questionar a minha ordem, vai buscar mais, AGORA.- Mónica está mais alterada que o costume.
Quando tira a atenção da porta que Drácula acaba de fechar trás os olhos para mim e infelizmente percebe que estou desperta.

- Vais ter mais uma morte nas tuas mãos cadela, não te bastava o teu filho e o miserável do pai dele. - Ela fita-me obsessivamente.

-O quê!? Eu não entendo.- digo-lhe. E é a verdade. Não consigo entender.

Os últimos três dias foram um burrão no tempo para mim.
Após  a saída do veterinário o meu objetivo era apenas um.

Esconder a seringa em algum sítio seguro.
O nervosismo era grande e pouco controlável.
É o meu bilhete de saída deste pesadelo, pelo menos eu desejo que seja.

Pensei em deixá-la debaixo da almofada onde a escondi momentos após o veterinário sair, mas não precisei de muito tempo para ter a certeza de que não era um bom esconderijo.

Sombra ajudou a chegar a essa conclusão  naquele dia.

Um tempo depois do homem sair ele veio ao quarto.

Trazia umas roupas na mão que são o que tenho vestido no momento.
Umas calças pretas de moletom e uma tshirt branca básica, é algo que podia vestir de livre vontade, o que me surpreendeu e alarmou recordo agora.

Ele não explicou o motivo de trocar de roupa, eu não perguntei, mas tenho a certeza de que tinha algum motivo.
Em meses troquei de roupa duas vezes, não é normal trocar de roupa todos os dias quando se é mantido há força.
A última vez não foi algo ocasional, e desta, pelos vistos também não.

Ainda mais com o que ele me disse, algo do género:

"- aproveita para dormir, ver se esse bichinho não morre antes do tempo.
Mas não te acomodes muito, podemos ter de sair a qualquer momento."

Bateu a porta sem se dar conta de que me deixou entre a espada e a parede. Precisei me acalmar e ponderar.

Por um lado sabia que estava na cidade, perto de Apolo, perto de Luana, perto da ajuda.
A um passo da liberdade.

Por outro lado, sentia muitas dores, e os movimentos do meu bebé eram breves e pouco perceptíveis.

Eu tinha que nos tirar deste inferno, mas naquele momento precisava recuperar para o poder salvar.

O veterinário foi claro, uma fuga no momento podia resultar no pior... não, não posso correr esse risco. Eu tenho que ter a certeza de que quando sair daqui o meu bebé tem chance de sobreviver.

Mónica quer usá-lo contra Apolo, e já confirmou que prefere que ele nasça para o poder fazer.
Posso usar  isso a meu favor.
Eles não vão fazer nada para interromper a minha gravidez, tenho que acreditar nisso.

Tomei então a decisão de aguardar.

Arranquei o cordão que vinha nas calças que Sombra me trouxe e amarrei a seringa na parte de dentro do meu braço direito, onde permanece, por debaixo da manga entre o braço e as minhas costelas, com um pequeno movimento, ao encolher um pouco os ombros consigo confirmar.

Eu vou, prometo!Onde histórias criam vida. Descubra agora