Ao caminhar pela sala com Lissa, Derek percebeu que não estavam a sós, o que não o causou surpresa alguma. Nem ao menos precisou se esforçar para saber de quem se tratava, rapidamente seus olhos se voltaram para a figura no topo da escadaria ao ouvir a voz do irmão que há tempos não escutava:— Pensei que estivesse morto.
— Sinto decepcioná-lo, sei o quanto anseia minha morte — Derek rebateu calmo, embora seu coração estivesse inundado de lembranças.
— Engraçado você... Esperando o pior de mim.
Miguel começou a descer as escadas, sem tirar os olhos do irmão.
— Não se preocupe, ainda viverei por muito tempo — Derek sorriu de lado.
— Não teria tanta certeza se fosse você.
— Ah! — murmurou, levando a mão ao peito. — Tão frio! Assim você fere meus sentimentos, maninho...
Miguel forçou um sorriso tão amargo quanto suas próximas palavras:
— Você aguenta.
Naquele momento a barriga de Lissa gelou. Estava tensa. Temia que o pior pudesse acontecer, levando em consideração a última vez em que presenciou os dois naquela mesma sala; um dia lastimável onde um deles quase saiu morto. Receosa olhou minuciosamente os dois irmãos se encarando, rancorosos. Lis tinha em mente o mal que o rancor consumista mesclado com vingança esperando para ser colocada em prática poderia fazer. Ao pensar tal coisa interviu. Com sua força Lissa quebrou a taça que a pouco tinha em uma das mãos, deixando o liquido roxo se misturar com seu sangue, escorrendo por entre seus dedos — indo de encontro ao chão de madeira — o cheiro de sangue fez os dois irmãos olharem para ela.
— Certo. Tenho a atenção de vocês? — disse ela, aproximando-se deles.
— Porque nos chamou aqui Lis? — Miguel indagou.
— Não preciso de um motivo. Somos família, e família precisa estar junta.
— Lá vem você, com esse papo de família — Derek disse, cheio de rancor. — Já não somos uma família.
Lissa lhe lançou um olhar ferino, semicerrado.
Miguel parou ao lado de Lis na tentativa de confortá-la:
— Eu sou sua família — sussurrou para ela.
Distante Derek resmungou baixo.
— Sempre seremos uma família — ela insistiu, em voz alta — Todos nós!
— Todos nós, é? — Derek retrucou. — Não seja burra.
— Qual é o seu problema? — Miguel perguntou semicerrando o punho.
Para ele estar no mesmo ambiente que Derek era ardo. A dor que deveras carregava no peito era culpa de seu irmão mais velho.
— Chega. Estou farta! Somos o mesmo sangue. Vocês querendo ou não — ela falou, segurando as lágrimas que começavam a se formar em seus olhos. — Quanto tempo mais vocês precisam para esquecer o passado?
Miguel e Derek se entreolharam rapidamente.
Então ela deu a volta na mesa de centro, caminhando até o bar novamente e calma disse:
— Eu lembro da mamãe e do quanto a família era importante para ela, do quanto ela nos pediu para ficarmos sempre unidos. Prometemos a ela e na primeira oportunidade fizemos tudo diferente...
— A culpa não é minha — Miguel ressaltou.
— Não, a culpa é toda minha — Derek cuspiu rude indo em direção a porta de entrada. Tudo seria muito mais fácil se simplesmente não se importasse.
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DarkBlood - Herdeira Sanguínea | Livro I
FantasíaAlina Donovan nunca pensou que seres sobrenaturais pudessem existir, até ser atacada pelo vampiro Derek Campbell, quando se conhecem na mística Fortilen City. A jovem não é como os outros humanos que Derek já conheceu, o passado dela guarda um segre...