Capítulo 26 - Âmago

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   Alina bateu na porta sentindo-se estranha por estar parada ali, esperando que Flora viesse atendê-la em sua própria casa. Respirou fundo pensando que essa velha sensação era normal, afinal, todos nós ficamos abalados de vez em quando. Nos últimos dias, ela sentia o coração apertar dentro do peito, como se murchasse lentamente toda vez que ficava sozinha analisando a forma que sua vida tomava. Era incômodo enxergar a escuridão que sutilmente se instalava.

Respirou profundamente e bateu novamente na porta, ouvindo desta vez o barulho de passos se aproximando.

— Oi — falou timidamente, assim que a porta se abriu.

— Alina, tudo bem? Eu esperava por você — Flora disse do lado de dentro.

— É mesmo?

— Sim — sorriu. — Imaginei que quisesse conversar um pouco sobre o álbum de fotos e tal, ou só saber se está tudo no lugar por aqui...

— Claro — respondeu corada. — Mas antes você pode pegar algumas mudas de roupas para mim?

A bruxa balançou a cabeça.

— Podemos conversar um pouco aqui na varanda, quando você voltar — Alina completou, sorrindo, vendo Flora concordar e em seguida subir rapidamente para o quarto.

Enquanto isso a vampira fitou a rua, havia um carro parado do outro lado um pouco distante. Duas senhoras, paradas quase na esquina conversavam animadas sobre a raça de seus felinos, uma delas falava baixinho que sua recém gatinha adotada estava no cio.
Alina rapidamente se sentou nos degraus da varanda e olhou para o céu — azul bem claro — tentando se desligar de tudo por um minuto.

✣✣✣

  Já passava do meio dia, quando Derek finalmente parou sua moto em frente à antiga igreja da cidade, desligando o motor. Do outro lado da rua havia um hotel, era de longe o melhor e o maior da cidade. Muitos diziam até que era bonito, apesar de modesto. O nome do estabelecimento estava em luzes de neon, a fachada possuía uma cor branca, com detalhes dourados e grandes janelas. O vampiro caminhou, entrando rapidamente no prédio.

— Oi — falou assim que avistou a recepcionista. — Estou procurando uma mulher chamada Isobel.

— Não tem ninguém com esse nome aqui.

— Tem certeza? Ela tem pele branca, olhos e cabelos castanhos...

— Não senhor.

O vampiro fitou a mulher nos olhos por um tempo.

— A pele dela é muito clara, assim como a minha — falou intensamente, deixando suas pupilas dilatarem. — Você realmente não a viu?

— Não senhor — a moça respondeu brandamente.

Derek balançou a cabeça, rumando para fora, pensativo. O vampiro se perguntava onde Isobel estaria. Naquele momento ele cruzava a soleira da porta de entrada do hotel, quando fitou o outro lado da rua, vendo instantaneamente uma mulher que caminhava na calçada, distraída. Sua pele negra, clara; cabelo castanho médio, na altura dos ombros com seus fios quimicamente alisados, era inconfundível. Logo percebeu que conhecia ela.

Riva... — sussurrou para si, olhando-a virar a esquina.

Pegando o aparelho celular ele digitou alguns números e esperou.

— Derek? Pensei que demoraria para receber uma ligação sua...

— Sério? — perguntou fingindo-se de desentendido. — Olha Tara, você ainda é próxima da sua irmã?

DarkBlood - Herdeira Sanguínea | Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora