Capítulo 12 - A verdade vos libertará

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     Em uma das mãos, Lissa segurava um copo com gelo e dois dedos de Whisky, o qual estava procrastinando a beber; aquele gosto amargo e quente definitivamente não era o seu forte. Sua bebida favorita era o vinho tinto, um gosto totalmente distinto a esse que, claramente, em outras condições, ela não beberia, mas neste momento ela precisava desse gole para iniciar a conversa que a segundos viria a ter.

Miguel por sua vez, ainda estava no chão, sentado, como se esperando que as folhas secas que a pouco amorteceram sua queda, começassem de forma mágica a erguê-lo. Havia uma certa aflição nos olhos de Lis — quando lhe falou com voz faiscando de raiva que precisavam conversar — e por algum motivo ele queria evitar aquilo ao máximo.

Lissa estava sozinha na sala, que brilhava radiante com a luz do sol que invadia todo o cômodo por uma grande janela aberta, e com ele também vinha o calor, que fazia a loira soar, fatigada.

Derek fitou Miguel no chão e se sentiu atordoado com a possibilidade de Lissa falar ao irmão caçula mais do que deveria. Incomodado, ele deixou o lado de fora da casa e caminhou até o corredor, atravessando rapidamente a grandiosa sala; em seu rosto carregava um semblante sério, no seus olhos havia uma certa inquietude.

Por que era tão difícil para Lis deixar as coisas como estavam?  Ele se perguntou vendo ela andar de um lado para o outro.

— Você não pode fazer isso, Lissa — ele rosnou, trincando os dentes, aproximando-se.

— Não? — perguntou séria. — Você se engana tanto, irmão, isso é exatamente do que precisamos.

Ele riu.

— Será mesmo que sou eu quem se engana?

— Você não entende, mas eu estou cansada de esconder isso! Para você viver com a mentira não é doloroso, pois bem, mas eu não sou como você — respondeu astuciosa.

— Como eu? — ele arqueou as sobrancelhas.

— Derek, você age como se não precisasse de ninguém, mas todo mundo precisa.

— Falar a verdade para o Miguel não vai mudar nada — argumentou.

— Poder ser que não, mas chegou a hora de colocar o pingo nos is.

Ele se afastou, tinha aquela mania de sair andando no meio da conversa quando algo ali não lhe agradava, e isso sempre deixava Lissa enfurecida.

— Vá em frente — disse, sentindo-se vencido. — Não posso obrigá-la a não falar. Você acha que vai fazer a coisa certa, mas sinto que esteja enganada.

— Já me basta estar livre dessa culpa que sinto...

— Culpa? Eu me culpei, por nós dois — Derek retrucou impaciente.

— Fala sério! Você não se lembra de nada que nosso pai nos dizia? Principalmente sobre a verdade?

Ele parou próximo ao mine bar, fintando as garrafas de bebidas sem dar ouvidos a Lissa.

— Derek? — ela chamou pronta para discutir.

Sem olhar para trás ele respondeu amargo:

— Lissa, nosso pai era um religioso fanático de merda, que dizia muitas coisas, mas ele está morto, sua filosofia de vida não vale nada!

A loira respirou fundo, deu dois passos na direção do irmão mais velho, mas parou bruscamente notando a presença de Miguel, que prontamente saiu do corredor e parou ainda perto da porta.

— E então, você disse que precisávamos conversar — ele disse adentrando a sala. — Pelo pouco que ouvi ainda do lado de fora, já sei que vou me decepcionar com você...

DarkBlood - Herdeira Sanguínea | Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora