Renascido Num Omegaverse(Em Revisão)

15 - Paz(a revisar)

Uma semana se passou rapidamente, e apesar de surpreso a princípio, Julian aos poucos foi se afeiçoando ao novo residente da mansão. Um sobrinho tão de repente, não lhe encheu os olhos a princípio, mas as horas livres ficaram bem mais coloridas desde que Matteo apareceu.

Até estudar se tornou mais prazeroso( coisa que nunca imaginou possível, já que sempre foi apaixonado por aprender) quando Matteo ia visitá-lo na biblioteca, curioso com o que tanto fazia o tio enfurnado no meio de tantas estantes. Julian tirava todas as dúvidas da criança com gosto, e com isso descobriu o apreço por ensinar. Ensinar também o ajudava a aprender, e para aprender ele tinha de estudar. No final, tudo em sua vida girava em torno de estudos.

Julian tem nas suas mais tenras lembranças já o gosto pelo conhecimento, quando teve suas primeiras aulas com tutores particulares, escolhidos a dedo por seu irmão mais velho Sebastian. Todos os dias vários eram recebidos na mansão, nos mais diversos horários.

Dia. Noite. Sebastian o sobrecarregava. E Julian se mantia calado. Mantia-se calado por que temia as consequências de se opor, ou pelo menos era essa ingênua mentira que dizia a si mesmo toda vez que pensava no assunto. Lá no fundo ele sabia, pois foi ele mesmo que pôs os panos por cima do fato verídico.

Ele tinha medo sim, mas não apenas do julgamento do irmão. Julian tinha pavor do ócio, pois no ócio que seus pensamentos corriam para torturá-lo, e também é nele que a vida real lhe bate no peito, e a sombriedade da mansão Whitehouse lhe cobre o corpo onipotente, adoecendo-lhe os membros e a mente.

Parasse um segundo, lembrava que tinha um irmão mais velho chamado Sebastian Whitehouse, e um cunhado chamado Joseph. Que não tinha amigos além de seus tutores, e que nunca mais poderia ver sua mãe ou seu pai, ou seu irmão mais novo que nasceu já morto, dizem que azul e frio como um boneco de porcelana( Julian não fazia ideia que Alexander não havia morrido naquele dia).

Que o mundo e as pessoas o assustavam mais do que deveriam, e que os animais lhe eram desde sempre companhias muito mais agradáveis, por serem previsíveis. Que gostava do inverno pois assim podia inventar uma desculpa quando seu corpo tremia, ou sua voz falhava.

Que estudar também era uma forma de fugir de si mesmo. Um hábito febril, que forjou também seus sonhos. Tornar-se um estudioso renomado da capital. Royalblood lhe aguardava, e isso apaziguava a agitação ao deitar-se na cama, inibindo a insônia que a tantos lhe atormentou. Pela primeira vez, foi preenchido o seu vazio. Mas Sebastian não ficou satisfeito.

Quando Julian foi contá-lo o projeto, Sebastian fez o máximo para desencorajá-lo, e cortar os galhos que cresciam na árvore de sua alma, esforçando-se para podar seus sonhos, e limitar seus caminhos. O que fez os irmãos ainda mais distantes do que antes. A família, já dividida por uma fina parede de vidro, tem no lugar da parede um grosso muro de concreto agora. Sebastian de um lado, Joseph e Julian do outro.

Quando soube que Sebastian havia caído enfermo, como já lhe era hábito, não pensou mais que alguns minutos no assunto,e logo desviou-se mais uma vez aos livros. Quando lhe falaram que ele havia acordado, também deu poucos ouvidos. Mas um dia, quando recitava à janela do quarto trechos difíceis de decorar, ele decide ter os olhos no jardim.

Está seu irmão na neve, sorridente e tacando bolas de neve num dos empregados. Os dedos e o nariz avermelhados, castigados pelo frio. Os pés ligeiros a desviarem o corpo das bolas brancas, que brilham ao sol como que purpurinadas por minúsculos cristais. Ficam ali por minutos, e Julian sem tirar os olhos, até que uma repentina rajada fria faz Sebastian encolher-se para dentro das próprias vestes. Ele é guiado para dentro, e protestou até o último segundo.

Na época, Julian duvidou que aquele homem fosse mesmo Sebastian. Muitas vezes tentou convencer a si mesmo que havia sonhado um sonho muito realista, que deixou sua cabeça confusa quanto ao irreal e ao real.