04 - Resfriado(a revisar)

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Eu espirro, sentindo a garganta reclamar com o movimento ruidoso.

"É, parece que o mestre pegou um resfriado" Anastácio é o primeiro a falar. Deixo-lhe cair um olhar amargo, que faz seus olhos se desviarem em desconforto.

"Eu avisei que não era uma boa ideia, mestre! Não era para ter saído na neve ontem!"

Eu sabia que Lin estava coberto de razão ao falar aquilo. Nem o banho quente que tomei, logo após a escapulida rápida pelo jardim, conseguiu me proteger da virose. Mas mesmo com tudo bem claro na minha mente, eu jamais daria o braço a torcer.

"Para que tanto drama! Não é como se eu fosse morrer por causa disso..." e não paro por aí. "E eu já falei para pararem com isso de me chamarem de mestre! É Sebastian, Sebastian!"

Eles ignoram totalmente o meu humilde pedido de informalidade e continuam com a exagerada preocupação.

"Hoje seria seu primeiro dia comendo junto aos outros, o que faremos agora?"

Anastácio nos observa batendo boca em silêncio, talvez na primeira oportunidade faria questão de sair dali, do jeito que era reservado.

"Seguiremos os planos" solto num tom autoritário, com uma esnobeza que nem eu mesmo acreditei.

"Mas com você assim? Com todo o respeito, não podemos arriscar que piore!"

Ele tá achando que eu sou de porcelana, só pode!

"Do que está falando? Quem disse que vou piorar? Pelo contrário! Comer junto com outras pessoas me fará até bem!"

"Foi isso que você falou quando saiu correndo para brincar na neve... que lhe faia bem sair um pouco. Não se lembra?"

Com a acusação atrevida, eu ergo uma das sobrancelhas indignado, mas Lin não se acovarda, e me entrega uma careta a altura. Anastácio interrompe nossa troca de farpas com um pigarreio indiscreto.

Depois de um longo suspiro, pensativo mexendo em sua barba, ele decide dizer o que pensa:

"O mestre está certo. Desde que não saia para o jardim não haverá problemas" uma breve pausa para organizar as próximas palavras. "Basta estar vestido adequadamente."

Sorrio presunçoso para Lin, e sem deixar escapar sequer um sopro por meus lábios, consigo lhe transferir a mensagem apenas com o olhar:Viu? Eu te disse! Ele entende na hora.

"Hmph!"

Hehe, que satisfação!

"Muito obrigado, doutor, por esclarecer as nossas dúvidas."

"Sempre à disposição!"

E o doutor nos deixa sós no quarto, para continuarmos nossas chulas, mas divertidas discussões. No final terminamos aos risos.

...


Mas tarde, como previamente planejado, Sebastian toma um banho e veste as roupas, que mais cedo haviam sido separadas por Lin apenas para a ocasião. São belas e confortáveis roupas de inverno, brancas e macias, recobertas com pelos estrategicamente costurados para que ficasse um conjunto elegante, agradável aos olhos.

Assim que termino, ao virar o rosto, encontro-me com meu belo reflexo no espelho. Quase não me reconheço. Essa pessoa, que mais parece com uma estátua grega, é realmente eu? Eu já sabia que eu era bonito, mas não tanto quanto havia me percebido naquele espelho. As roupas parecem realçar a beleza de forma majestosa.

Hmmm... Rico, bonito de fazer babar... Posso dizer que ganhei na mega-sena da pós vida! Mas que sorte a minha, ganhar tudo que nunca tive na minha outra vida de mão beijada assim! Eu fiquei tão animado e fascinado, que fiz diversas poses para meu reflexo coreografar comigo, divertindo-me e rindo sozinho no quarto.

Até que ouço o singelo e horripilante(sim, não usei a palavra errada. Não tinha momento mais vergonhoso a ser flagrado) som da maçaneta da porta, abrindo uma pequena fresta por onde passou a cabeça de Lin

"Mestre, já está pronto?"

"Ah!"

Solto um grito singelo e me estabaco no chão com o susto, fazendo barulho suficiente para que Lin não hesitasse em entrar porta adentro.

"Mestre!"

Ele me ajuda a levantar. Naquele instante, só queria enfiar minha cabeça no chão igual os avestruzes fazem e desaparecer dali.

"Você está bem? Está vermelho!"

Tantas coisas para se comentar, por que justamente isso, Lin? Podia ter falado o quanto estou bonito com essa roupa, ou comentado a respeito da neve que não para de cair lá fora, mas tinha que falar de como meu rosto está vermelho, ah!

"É melhor cancelar tudo, eu aviso a todos que você não est..."

"Eu estou bem Lin, pare com isso!"

"Mas... está vermelho de febre."

"Não é febre Lin, é apenas... o banho quente!"

Pigarreio sem graça, numa tentativa tola de afastar o encabulamento.

"O vapor acabou deixando meu rosto vermelho", solto a mentira que achei mais convincente. "Agora esqueça isso."

Ele me olha desconfiado, me deixando ainda mais nervoso. Por favor, apenas engula isso logo para mudarmos desse assunto!

"Se o mestre diz..."

Suspiro aliviado, mas ainda com o rosto queimando olho para a janela, esperançoso que de alguma forma milagrosa a neve lá fora conseguisse esfriá-lo.

"Já é hora?"

Agarro a chance e mudo o rumo da nossa conversa. Lin entendeu na hora que eu me referia ao tão esperado almoço, pós minha recuperação.

"Sim, mestre. A mesa já está pronta."

A resposta é curta e clara até demais. Para falar a verdade, estava bem nervoso em encontrar Joseph de novo. Então lá, no fundo, eu queria que a resposta fosse algo como: não, mestre. Ainda estamos preparando tudo.

Bom fazer o que...

Sem mais me deixar postergar, pedi para Lin me conduzir até a sala de jantar. Fomos os dois pelos vastos corredores até ficarmos frente a frente com uma porta. Atrás dela estava a sala de jantar. E sentados em cadeiras, Julian e Joseph. Engulo seco, mas sigo em frente.

Com a mão fria de nervoso, ouço apreensivo o som quando a faço girar: 'Click'. A porta abre, e eu a empurro.


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