19.1 - Risco(parte 1)(a revisar)

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Desde que Lin saiu, junto de muitos de seus colegas, buscamos eu e Joseph por uma solução contra os boatos. Apesar de reduzido o número de pessoas na casa, nós dois sabíamos que não seria suficiente, e depois de muito conversar, decidimos por recorrer a Anastácio.

Admito que fiquei um tanto receoso a princípio, mas Joseph garantiu que o médico era confiável, e não compartilhava da deturpada opinião difundida a respeito dos betas.

" Ele talvez possa nos ajudar."

Minhas sobrancelhas franzem em preocupação, afinal era o bem estar de Matteo que estava em jogo, mas Joseph é perspicaz em adivinhar meus pensamentos. Suas mãos arrancam a tensão do meu rosto ao alcançar minhas têmporas, e o toque frio acalma aos poucos minha mente agitada.

Seus dedos roçam meu cabelo quando ele faz nossas testas se encontrarem, e sua pele já gelada parece ainda mais conforme minha face esquenta. Estamos tão próximos que posso sentir sua respiração fresca, e seus cílios longos são como as cerdas da pena de um corvo, muito mais belos e densos do que parecem de longe.

Suas íris rubis quase me tiram o fôlego quando tomam as minhas.

" Ei, não se preocupe. Nós vamos resolver isso."

"A-ah..." droga, não consigo manter os olhos num lugar. " S-sim" eu concordo, botando minha mão sobre a dele. " Sei que vamos, mas não consigo não me preocupar. Matteo não é uma criança idiota, ele já deve ter percebido que algo está errado, e..."

" Pode não parecer, mas aquele pirralho é forte. Ele vai passar por isso bem, e ele não está sozinho."

Joseph tem razão. Matteo tinha a nós para se apoiar, ele não teria mais de enfrentar os problemas do mundo sozinho, mas será que ele sabe disso? Essa dúvida fez com que as palavras de consolo não fossem suficientes para me aquietar.

" Ele tem a nós. Ele é nosso..." o ômega faz uma pausa abrupta, que me deixa confuso. Piorando ainda mais quando se vira de repente e começa a tossir como se estivesse constrangido. Meus lábios desenham um sorriso largo. Acha mesmo que não sei o que estava prestes a dizer?

" Enfim, n..."

"Filho."

Ficamos em silêncio por pouco mais de 2 segundos.

" Sim, Matteo é nosso filho." Reintero.

Ele tosse mais um pouco e pigarreia.

" O que está balbuciando aí, vamos logo!" Meus olhos não alcançam seu rosto, mas as orelhas estão tão vermelhas quanto uma pimenta. Uma pimenta que eu não sabia bem o tipo: uma de cheiro ou malagueta? Arrisco provar para saber? Acho melhor não. For malagueta eu não me perdoaria, sabe-se lá que olhar, soco ou palavras ardidas me aguardariam, e eu não estou pronto para ter Joseph distante de novo.

As coisas estavam começando a dar certo, e eu não ousaria estragar tudo por uma vontade momentânea minha, de abraçá-lo, de tocar suas orelhas, seu cabelo, sua boca... tudo nele me cativa. Tudo. E tudo me faz querer ser mais dele do que até de mim mesmo.

Ele já estava longe quando eu fui seguir seus passos, olhando as costas do homem que me ensinou o que a paixão realmente significava.

Quando chegamos nos aposentos do médico, Joseph deu três batidas na porta de madeira, que não tardou a abrir. Um chiar de doer os ouvidos faz nossos rostos se contorcerem.

" Preciso dar um jeito nisso logo. Que ruído infernal!" É Anastácio, que já surgia suspirante pela fresta. "Mestre Joseph, o que faz aqui? Mestre Sebastian também..."

"Precisamos da sua ajuda."

" Hm?" Ele levanta uma das sobrancelhas, enquanto vai de mim para Joseph, e de Joseph para mim, parecendo pensar em algo " entrem." Convida finalmente.

O lugar é simples, sem muitos móveis e enfeites, mas lotado de livros, empilhados ou jogados em qualquer lugar. Pergunto-me o que ele faz quando precisa de um livro em urgência num lugar assim.

Bem de frente para uma larga janela há uma mesa de madeira rebuscadan, e uma cadeira muito bem talhada que Anastácio logo se senta.

" Peço desculpas pela bagunça, não esperava receber ninguém por esses dias. Mas fiquem à vontade, sentem-se." ele estende o braço para duas cadeiras, um pouco mais simples, bem a sua frente, que diferente dos sofás e cama, estavam livres de entulho.

Eu e Joseph nos entreolhamos, e não tardamos a nos sentar.

"Dr. Anastácio, já faz um tempo..." Digo, com uma timidez indesejada, que insistiu em permanecer.

Ele sorri ternamente, e as rugas do tempo acompanham sua expressão.

" Sim, Mestre. Já faz um tempo. Vejo que está se recuperando muito bem. Isso é bom, isso é bom." Sua voz é um tanto rouca e desagradável, mas carregada de uma gentileza que não combinava, e a fazia parecer hipócrita. " Ouvi uns boatos soltos que o mestre havia caído de cama quando foi a cidade, mas vendo o como está agora, entendo que não passaram de palavras caluniosas. Por isso que não se pode acreditar no que qualquer um fala por aqui, haha!"

Eu engulo em seco, e não contenho uma espiada em Joseph. Bem discreta, mas perceptível demais.

" Oh, talvez não tenha sido de todo mentira?" a gentileza aos poucos começa a abandonar o rosto cansado do médico.

Eu congelo, mas Joseph não se abala e toma as rédeas do diálogo.

" Sendo verdade ou mentira, não passa de história sem importância."

" Mas a saúde do mestre Sebastian é sempre um assunto de muita importância para mim, e acredito que eu mereça saber dos detalhes, como médico particular dessa família..."

Anastácio estava claramente irritado, e depois daquela fala, fez com que eu desconfiasse que toda a rispidez repentina era voltada para mim. Mas uma vez espio Joseph, curioso. Espera... Ele... Ele está sorrindo? Num ambiente tão sufocante, como consegue?

" Pelo que está dizendo, desconfio que vai gostar do que viemos discutir aqui. Tem a ver com a verdade por trás dos boatos que tanto quer saber."

Mais uma vez sua sobrancelha se levanta. A curiosidade é transparente em seu olhar, e ele retribui o sorriso de Joseph.

" Hm, e o que seria isso?"



" Hm, e o que seria isso?"

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