O jogo da conquista

37

No dia seguinte levei as malas pra sala, Hailee estava sentada no sofá olhando fixamente pra piscina.

—Lembrando de quando me jogou de roupa e tudo?.

Ela se vira e sorri. Sento ao lado dela.

—Algum dia vai conseguir me perdoar?.

Sua voz embargada e o olhar quebrado me destruíram um pouco, mas me mantive firme.

—Fizemos muitas besteiras. Faz parte, eu acho.

—Não foi isso que eu perguntei.

Respiro fundo, ela segura minha mão, mas talvez isso seja demais pra mim por agora. Afasto e me levanto.

—Com o tempo. Quem sabe.

Ela levanta atrás de mim erguendo a voz.

—Não sou culpada sozinha!.

—Eu não disse isso. Porra Hailee por que você sempre tenta dar um jeito de jogar nas minhas costas?.

—Por que a culpa não é minha.

—E eu não disse que era!. Mas você sempre faz isso desde o primeiro dia!.

Ela começou a falar mais coisas e me vi imersa em mais uma briga idiota. Deixei Steinfeld falando sozinha e fui até o quarto. Óbvio que ela me seguiu. Steinfeld nunca desiste.

—Vai me ignorar agora e voltar a agir como uma criança!?.

—Dá um tempo merda!.

—Não ouse falar assim comigo!.

—Você pode gritar comigo o quanto quiser e eu tenho que ficar calada? Vai se foder!.

Ficou séria me olhando como sempre fazia, o maxilar trincado e os braços cruzados.

—Por que não podemos viver em paz? Se você se esforçasse só um pouquinho a gente conseguiria. -diz novamente colocando a culpa em mim.

Eu odeio o poder que Hailee tem sobre mim. Ela é tão intensa, sua energia é tão forte que me leva do céu ao inferno em segundos. Quando brigamos, brigamos pra valer; quando nos beijamos, nos beijamos pra valer.
Parece que eu e Steinfeld vivemos em um jogo de tudo ou nada e isso é extremamente perigoso. Hailee me leva a loucura e me vejo fazendo coisas que normalmente não faria, ou dizendo coisas que depois sei que me arrependeria.

—Por que eu odeio você!.

Não era bem o que eu queria dizer, mas apenas saiu. Estava no meu limite e não aguentava mais guardar tudo isso dentro de mim.

Agarra meu pescoço chorando e me prensa contra a porta.

—Não minta pra mim!.

—Eu odeio você! Odeio o poder que tem sobre mim!.

Uma súbita lágrima desceu por meu rosto. Hailee não me solta, continua me encarando com os olhos marejados.

—Mas meu desejo por você é tão grande que eu posso pisar em cima de todo o meu orgulho e me desmanchar aos seus pés e acredite eu quero fazer isso mesmo depois de tudo. -digo entre dentes.

—Mas o fato de que você sabe do seu poder assim como eu e usa e abusa dele pra me colocar aonde você quer me deixa morta de raiva. Odeio o fato de te querer tanto e não poder te ter, odeio que você me use sem me deixar ter algo em troca, odeio ouvir o som da sua voz e odeio seu corpo. Odeio tudo em você que eu não posso ter. Eu te odeio muito Hailee, mas mesmo assim eu ainda te quero.

Ficamos um tempo nos olhando, os ânimos aflorados.

—É mesmo? E por que me odeia?.

—Porque você sabe como brincar comigo, você sabe como me dominar, como me usar e faz isso direitinho. Eu sou uma narcisista babaca Hailee, todos dizem isso e não estão errados e é por isso que eu te odeio tanto, porque você rouba todo o poder pra você e me humilha me deixando aos seus pés, e sabe o pior?.