Inimigos

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A pior coisa que se pode fazer quando está com raiva é esperar. As duas semanas pareciam que nunca terminariam, era um tormento, por mais que Mikasa se esforçasse para me distrair, eu estava focado em conseguir as informações que Levi deixou no bar, meu medo era que alguém descobrisse e com isso todo o trabalho que tivemos até agora voltasse a estaca zero. Armin ficou sendo nosso único contato, Jean tentou contatar Mikasa, mas sei que ela o ignorou, e eu admito que prefiro assim. Não conseguia confiar nele, mesmo sabendo que era seu trabalho me prender e convencer ao mundo que Mikasa estava sob minha influência.

Quando finalmente o dia de partir chegou, saímos cedo para chegar no meu antigo apartamento, até onde sabíamos continuava sendo um local seguro, Zeke ainda não tinha o endereço, apenas sabia o bairro, e eu não iria facilitar rodando de carro em plena a luz do dia. Viajamos a noite e chegamos quando a escuridão ainda era predominante. Eu estava ansioso, Armin nos manteve informados sobre o andamento das prisões de nossos mentores, e pelo menos até o final do mês eles deveriam continuar presos preventivamente e até onde sabia, tudo era por Zeke ter usado sua influência. Quando entramos no bar, guiei Mikasa para uma mesa ao fundo, a mesma em que estava quando a reencontrei, era a que dava a melhor visão do bar e a que que mais escondida a olhos e ouvidos curiosos. Para os demais frequentadores, eles não passavam de um casal jovem que estavam buscando um lugar para encerrar a noite, porém quando o garçom se aproximou percebeu que eles eram as pessoas que Petra estivera esperando, não demorou para que ela se aproximasse.

— Realmente não imaginei que ficaria tão bem de cabelo curto. Acho que desde que te conheço, sempre estava ou de coque ou com o cabelo solto cobrindo seu rosto.

— Foi um mal necessário.

— O que deseja? O de sempre ou o especial da casa?

— O especial da casa. — A conversa fora rápida, o suficiente foi dito que para que ela entendesse o que ele precisava. Mikasa permanecera em silêncio, apenas observando a interação. Mas algo em seu silencio me fazia perceber que estava incomodada, segurei sua mão por debaixo da mesa, na tentativa de tranquilizá-la, mas parece que foi suficiente para aumentar o desgosto em seu rosto. Quando a jovem se afastou, Mikasa finalmente falou o que a deixava incomodada e ainda não tenho certeza se é algo bom ou ruim.

— Você confia nela?

— Bem o Levi confia então eu também confio.

— Não gostei de como ela nos olhou.

— Está com ciúmes Mika?

— Não banque o engraçadinho, eu apenas não confio nela.

— Fica linda brava. — Provoquei, eu sei, estava brincando com o perigo, mas estávamos com tantas preocupações, não custava me permitir agir como um idiota da minha idade. Bem, minha resposta foi o silêncio dela. Ok, mereci, mas não me arrependi, não de imediato.

— Aqui Eren, o especial da casa para o belo casal. Vocês são tão bonitos que chamam atenção.

— Não vamos demorar Mina, e obrigado.

— Mande lembranças a Levi, diga que estou com saudades.

Além do copo um pequeno envelope que poderia passar por um guardanapo foi colocado sobre a mesa. A dica foi dada, ali não era um local seguro, pedi para que Mikasa guardasse o envelope e virei o copo, agradecendo a minha alta resistência ao álcool. Quando nos levantamos para pagar, pude ver a movimentação estranha em uma mesa próxima, com certeza os capangas do meu irmão, não tinha certeza se Mikasa, por isso, optei por puxá-la pra mim, dando beijos próximos ao seu ouvido para que pudesse sussurrar.

— Estamos sendo seguidos.

Ela apenas me beijou de volta. Para quem visse, apenas mais um casal idiota que estava se pegando, se estivessem sendo seguidos, as pessoas iriam disfarçar, se fossem apenas bêbados comuns falariam alguma gracinha e seguiriam sua vida.

História Lembranças de um Verão PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora