O tempo longe de todos

18 3 4
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Inverno, 2019

Honestamente acho que parei de contar o tempo depois do quinto ano longe. Eu sentia falta de todos, dos meus amigos, de Armin e Mikasa, da minha casa, do nosso último ano de escola, de tudo que planejávamos viver e tivemos que mudar. Minha vida se resumia a estudar, me aprofundar na pesquisa e fugir de Zeke.

Ele já havia me encontrado algumas vezes ao longo dos últimos seis anos, bem pelo menos até descobrir o ponto mais vital sobre o soro que foi aplicado em mim. Eu, diferente de Zeke, podia controlar qualquer pessoa, quer ela tenha recebido o soro ou não. Apagar meus rastros passou a ser mais simples e tinha pelo menos seis meses que não esbarrava com nenhum espião do meu irmão. Essa vida de fugas também me levou a me isolar. Nunca saberia quando seria o próximo ataque então era mais seguro manter as pessoas longe, não que isso fosse um problema pra mim, mas algumas vezes era mais solitário que outras.

Hoje era um desses dias.

Eu não queria falar com Erwin e Hange, estava puto com eles e com Levi. Não queria encontrar nenhum dos três essa noite e tudo por culpa daquele maldito anão que, por mais que implorasse, continuava a me trazer notícias de Mikasa e sua vida junto dos Ackerman's. Era irritante e sempre que ele comentava sobre o assunto, eu ficava mal. Ela estava formada e trabalhando em algum órgão do governo, estava de casamento marcado para breve.

Engoli a bile que veio apenas com a lembrança. Mikasa, noiva de outro.

Eu não tinha o direito de sentir ciúmes ou inveja, mas eram os sentimentos que me dominavam nessa noite. Eu apenas peguei meu casaco, carteira e sai para caminhar, o frio deveria colocar minha mente em ordem, pois a única coisa que vinha a minha mente era aquela noite de verão em que nós tivemos nossa primeira e única vez juntos. Nessas horas me arrependo de não fumar, pois talvez a nicotina conseguisse acalmar meus nervos. Eu só queria ficar em paz, mas pelo visto era pedir demais para alguém com a vida fodida como a minha. Quando dei por mim estava de frente para o bar.

Casa, faculdade, trabalho, academia, bar... Decadência era a minha definição.

Entrei, o dono já me conhecia e apenas acenou ao me ver passar pela porta e foi pegar o mesmo de sempre, uma garrafa de whisky e um copo com gelo, meu veneno para momentos assim, mesmo sabendo que o efeito duraria quase nada, mas era suficiente para me distrair por algum tempo, esquecer que o único amor que tive.

Me sentei numa mesa afastada. Hoje era quarta, então teria karaokê, algumas pessoas mais bêbadas que outras, cantando canções que nem sabiam direito o significado. Observei ao meu redor, esse bar era o que se pode chamar de aconchegante, paredes com acabamento em pedra e ardósia escura, luzes alaranjadas baixas em alguns pontos e iluminação total pequeno palco. As paredes tinham fotos do dono com celebridades e amigos, algumas capas de vinis e posteres de marcas de bebida.

Comecei a repassar os últimos anos de novo.

Meu último ano solitário em uma escola que não fiz questão de aprofundar laços com ninguém, não participei da formatura e tive que sair da cidade logo pois Levi apareceu com informações que Zeke havia me encontrado. Começamos uma verdadeira caçada, onde eu era a presa e estava me agoniando. Erwin dizia para confiar nele e em Levi para manter minha segurança e que tinha apenas em focar em estudar. E assim o fiz, até fiquei surpreso como meus resultados puderam melhorar quando resolvi eliminar distrações. Acho que tomei essa decisão quando Levi trouxe uma foto da turma, todos na formatura, felizes. Mikasa não estava na foto da turma, mas estava presente e de braços dado com Jean. Eu preferi apenas observar e não perguntar, Hange por sua vez fazia as perguntas e eu me contentava com as respostas.

História Lembranças de um Verão PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora