Sempre foi você

41 3 4
                                    

(Obs: segunda canção do capítulo Love - Sonata Arctica - https://www.youtube.com/watch?v=qBACRtmu0VQ)

O clima estava pesado.

Mikasa havia desviado o olhar e fitava o chão. Minha coragem estava se esvaindo. Eu perguntei e agora estava com medo da resposta. Por que tínhamos que começar esse assunto? Eu agora temia de mais a resposta ao mesmo tempo, sabia que precisávamos encerrar hoje essa história. Não teríamos como continuar como antes, é como se a caixa de pandora tivesse sido aberta e todas as pragas do universo estivessem soltas para me assolar.

- Mikasa, não dá pra esquecer o que aconteceu e seguir como se nada tivesse acontecido, minha cabeça está uma bagunça. Eu preciso saber, o que sou pra você?

O meu coração parecia que iria explodir, tudo que conseguia escutar era o som da batida dele ecoando dentro de mim. Não tirei meus olhos dela, eu precisava realmente de uma resposta, mesmo que ela retribuísse o olhar, mesmo que continuasse ali em silêncio, eu não podia ser o covarde novamente de fugir sem uma resposta.

- É porque me pareço com... – Uma grade nó se formou na minha garganta e minha voz sumiu, eu precisava verbalizar, eu precisava demais expelir aquela frase que martelou a tarde inteira na minha cabeça. Será que um gato com uma bola de pelos presa na garganta se sente assim? Reuni o que me restava de coragem e completei quase inaudível – É por que pareço com o Jean que me beijou? Por favor, diga a verdade.

Eu imaginei que tipo de cara deprimente deveria estar fazendo neste momento. Eu estava perdendo a coragem conforme o silêncio seguia.

- Eu nunca... achei você parecido com o Jean... – Uma resposta. Que saco. Eu parecia que ia explodir. – Eu... te beijei porque... – Pelo menos eu não era o único com sentimentos instáveis, ela estava vermelha ao meu lado, não sabia para onde olhar. Era uma tortura enorme estarmos assim e ela não estava facilitando nada.

- Por favor... – Sussurrei me aproximando e segurando o rosto que tanto amo, de forma que ela não tivesse outra opção senão olhar em meus olhos. – Por quê?

- Porque era você... Sempre foi você... A pessoa que gosto...

Ao ouvir isso, não a esperei terminar e a beijei.

Eu não estava sonhando.

Ela havia dito que era eu, não o Jean, nem outra pessoa, era eu aquele quem gostava. Não havia palavras que definissem como estava me sentindo leve e que coragem me foi tomada neste momento.

Ela retribuiu o beijo e eu estava em êxtase.

A tensão acumulada se transformou em desejo, eu tremia de ansiedade. Comecei a mover minhas mãos para suas costas para assim abraçá-la e puxar seu corpo para junto ao meu. Eu precisava senti-la, sentir que era real, não um delírio meu. Mikasa que inicialmente estava tímida, não mostrava mais resistência, enlaçando meu pescoço com seus braços e aprofundando mais o beijo, sem espaço para respirar. Nos deixamos escorregar para o chão sem nos soltar, ao tempo que curtíamos o momento que tanto ansiávamos.

Quando a afastei um pouco, pude admirar a bela que estava em meus braços. Havia trocado o vestido por uma camiseta e short, a pele clara estava exposta para meu prazer, eu a queria demais. Permiti que a ponta dos meus dedos tocasse aqueles lábios levemente inchados pelo beijo e depois descessem para seu queixo e escorregassem para seu pescoço fino. A bela suspirou, eu estava no caminho certo. Desci mais, deslizando para sua clavícula e voltando para seu colo, seu decote era simples, mas suficiente para destacar seus seios. Inclinei-me sobre ela, beijando seu pescoço enquanto acariciava aqueles seios fartos e empinados, macios e suaves, um pequeno desejo que estava sendo atendido e me ganancioso. Iria experimentar ao máximo enquanto ela permitisse. Me surpreendendo, a jovem colocou a mão por baixo da minha camisa acariciando meu abdômen. Parecia indecisa se subia para meu peito, ou se descia para o caminho para felicidade.

- Mikasa... – Sussurrei antes de beijá-la novamente. Queria falar o quando esperei por esse momento, mas não conseguia. Minha mente estava em branco, estava agindo por extinto. A deitei no chão e pressionei meu corpo contra o dela, estava louco de desejo. Permiti que minha mão pousasse em sua perna e fosse subindo colocá-la por baixo de seu short, nesse momento foi como se ela acordasse para o que estávamos prestes a fazer se continuássemos ali.

- Eren, acho melhor parámos. Eu... – Mesmo contrariado me afastei e sorri, enquanto sentava-me de frente para ela e a ajudava a se recompor.

Eu estava com sorriso bobo no meio da cara, sim um verdadeiro bobo apaixonado. Ainda não tinha caído a ficha do que estava acontecendo. Eu não queria ouvir o que ela iria falar, estava eufórico demais para conseguir processar qualquer coisa dita. Ela parecia ter voltado ao seu estado normal, apenas com a face corada demostrando que ainda estava mexida com o que tinha acabado de acontecer.

- Eu quero saber, ou melhor, eu preciso saber de você Eren, como ficamos? Eu entendo se não quiser responder agora, mas preciso saber o que me espera. Eu tô há dias tentando conversar com você e você fugia, ai de manhã aconteceu aquilo... Eu fiquei em pânico. Eu tô em pânico! – se antes ela estava receosa de falar, agora parecia uma metralhadora. – Eu sei que fui uma idiota te evitando, mas você não coladora! Por que tinha que ficar conversando com a História? Eu fiquei com raiva. Tudo estava dando errado, aí... – fui surpreendido pelas lágrimas que começaram a correr pelos seus olhos de gato. Toda a tensão estava escapando por elas.

Pode parecer tolice, mas vê-la neste estado, me passou uma paz pois tive a certeza de que não era o único que estava angustiado e agora estava feliz que não cabia no peito. Levantei-me e entendi a mão para ela, não dava para continuar essa conversa no chão. A guiei para a sala, colocando-a sentada no sofá. Como tive esse controle? Acredito que foi porque senti que ela precisava mais do meu eu calmo do que o meu eu apaixonado e impulsivo. Depois de acomodá-la, voltei a cozinha para pegar água e ofereci a ela, as lágrimas ainda caiam, mas em fluxo muito menor do que antes. Sentei-me ao seu lado apenas segurei sua mão. Agora era minha vez de ouvir e apoiá-la.

- Sabe, eu sempre, sempre mesmo, gostei de você. Mesmo quando bancava o lunático suicida entrando em brigas que sabia que não iria ganhar, ou quando embarcava nas ideias doidas do Armin ou quando simplesmente estava ali quando eu precisava, eu sempre sabia que estava ali e ao mesmo tempo tive medo. Eu não queria perder tudo que tínhamos de bom, mas queria ter além do que tínhamos. –Sequei com o polegar algumas lágrimas que ainda insistiam em correr pelo rosto da bela e abracei de forma que pudesse apoiar seu rosto em meu ombro e assim conseguir seguir com tudo que estava guardado em seu peito. – Eu tive tanto medo de que me rejeitasse... Não sei como consegui te beijar cedo, eu preferia acreditar que foi um delírio causado pelo sol forte.

- Ainda bem que foi real. – Comentei com um sorriso.

- Sim, mas e agora?

- Agora bem, acho que estamos namorando. – Afirmei e a beijei novamente, sabendo que não teríamos mais conversa por hora.

História Lembranças de um Verão PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora