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“Oi Rebecca” disse Freen hesitante

“Eu sei que pareço um pouco confusa agora, mas isso é porque eu estou uma bagunça… eu estou numa porra de bagunça e eu não sei mais o que fazer. Eu não sei o que eu deveria estar fazendo… eu não… eu não entendo…” Freen soluçou deixando cair seu olhar para o chão por um momento e evitando a lente da câmera na tentativa de esconder o rosto e as lágrimas se sentindo envergonhada.

“Sinto muito” disse Freen, sua voz baixa e tranquila “Eu sinto muito… isso é tudo culpa minha… eu sou uma idiota… eu só… eu sinto muito… eu sinto muito… não é justo com você, eu sei… você não merece essa merda… você não merece estar presa a mim… mas eu tinha que fazer algo… eu tinha que fazer alguma coisa…”

Freen levantou o rosto novamente e ela parecia magra e pálida, as olheiras sob seus olhos traindo sua falta de sono.

“Eu sinto falta de você… eu sinto tanto sua falta Rebecca e dói, tudo dói. Eu só quero morrer. Eu não quero mais isso… eu não… eu não posso mais. Não sem você. Não por minha conta… é muito difícil… meus pensamentos… eles são demais… porra, eles me afrontam, Rebecca. Eles não param. É tudo o que eles fazem. É tudo o que fazem a cada segundo de cada dia e eu não posso silenciá-los, eu não posso. Eles são tudo o que ouço.”

Freen enxugou o rosto com as costas da mão esquerda, esfregando os olhos com fúria, com raiva.

“Meus pensamentos… eu não posso desligá-los… eles… eles não vão se calar” ela disse com firmeza, sua voz forte de novo “Por que eles não apenas calam a boca por cinco minutos? Apenas cinco minutos…” ela parou de falar, a voz embargada, seu tom suplicante “Isso é pedir muito?” continuou com a voz soando rouca ainda mais com sua angústia “É pedir muito que eles apenas calem a boca? Eles estão fazendo minha cabeça doer… porra, é tão doloroso que me faz querer bater contra uma parede até que eu não possa ouvir mais nada… até que eu não possa mais pensar… até lá é só silêncio… eu só quero silêncio… eu preciso… por favor eu só… eu preciso que pare…”

Freen olhou ao redor do quarto, ela estava sentada, aparentemente distraída.

“Eu odeio isso aqui, tem muitas pessoas e eles não me deixam em paz… eles continuam me vigiando o tempo todo… eles estão preocupados… eles estão preocupados que eu vou fazer alguma coisa e eles estão certos em estar. Se eu pudesse ficar sozinha corretamente, apenas por alguns minutos… sozinha… com alguma coisa… como… como uma faca… então eu não sei…” disse Freen, pensativa, com os olhos encarando a câmera na parede.

Ela suspirou melancolicamente, mudando tópico ligeiramente.

“Eles querem que eu continue falando… todo mundo fica me dizendo que eu preciso falar, mas eu não quero falar com eles… Eu os odeio” ela gritou “Eles me mantêm aqui… presa… eu sinto que estou presa e não posso respirar, Rebecca… eu sinto como se estivesse sufocando… porra, é tão claustrofóbico aqui.”

Freen limpou o nariz com a manga, fungando ruidosamente.

“Eu sinto que estou morrendo” disse Freen, as lágrimas deixando um rastro em seu rosto “Eu sinto que estou morrendo, mas eu não estou… eles não vão me deixar morrer… assim como eles não me deixaram morrer da última vez. Eles estão apenas me torturando… isso é tudo que estão fazendo… só… eles estão apenas… porra… me torturando… eles continuam falando sobre o acidente… ficam me dizendo para pensar sobre isso… me lembrar… e eu… eu me lembro. Porra, eu me lembro agora… e é como se eu estivesse lá novamente… porra, me persegue e eu não posso… porra… respirar… eu não consigo respirar por causa disso… eu não posso…” Freen rolou as mangas de sua blusa com dificuldade, seu braço direito dentro de um molde de gesso pesado.

Trials and Tribulations (freenbecky)Onde histórias criam vida. Descubra agora