01 - Caseiros

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[Satânico é uma história fictícia que não deve ser usada de maneira alguma como exemplo de relacionamentos saudáveis. Por se tratar de um dark romance, muitas coisas ruins serão, de certa forma, negligenciadas e/ou minimizadas de sua grandeza original, entretanto, isso é apenas ficção. Satânico não deve ser romantizado na vida real e os atos cometidos não devem ser replicados em seu cotidiano.

N. Mabis]

SATÂNICO

Talvez, só talvez, ir para uma casa de verão velha e distante, onde fica uma quantidade relativa de cocaína, LSD, metanfetamina, maconha, heroína, crack entre outros... No meio de um lugar repleto de árvores e sem uma alma viva sequer para te socorrer caso algo aconteça e ficar lá por mais ou menos duas semanas com um bando de amigos bêbados e estúpidos seja uma ideia ruim. Só... Talvez.

Esse estranho pensamento e essa pequena especulação veio à minha mente assim que eu vi dois cadáveres parcialmente esfolados e degolados no quarto onde havíamos decidido que seria o qual eu iria dormir durante essa pequena brincadeira entre amigos. Os corpos mortos que estavam sobre o chão eram caseiros dessa maldita casa; Matilda e José, a muito tempo casados, viviam felizes na casa ao lado e eram remunerados por cuidar da fazenda, limpando o chão, a piscina e cuidando dos jardins, estábulo e do gado. Lilly sempre avisava quando estava indo para a casa de verão e eles sempre respondiam de prontidão (ela pagava bem), porém, coincidentemente, dessa vez, não houve resposta. Simplesmente, ninguém respondeu. Como Lilly já havia combinado com seus amigos estúpidos, ignorou esse estranho acontecimento e só foi, e me arrastou pra essa merda, claro. Então, cá estamos, nove jovens, levemente alcoolizados e sob o efeito de entorpecentes, boquiabertos após o meu grito e a grotesca visão de dois velhos mortos no carpete e na cama, junto de uma enigmática escrita presa na parede, com símbolos e nomes indecifráveis (ou quase).

O sangue jazia seco, parecia que fora "pintado" na parede horas antes de nós chegarmos. Lá havia desenhos de pentagramas, animais com chifres e coisas que pareciam letras de uma língua desconhecida. O sangue escorria pela parede, colando-se ao chão e interligando as poças de sangue dos idosos. A cabeça de Matilda estava desconectada de seu pescoço e centralizada em um pentagrama desenhado sobre o carpete com o líquido carmesim. Seus olhos eram negros e profundos, apenas dois buracos. Um de seus globos oculares estava distante de seu rosto, desconexos da face, próximo a uma poça de sangue. Fora isso, Matilda não teve muitas sequelas.

José havia sido aberto ao meio quase por completo; um corte do início de seu peito descia próximo a sua genitália. Na carne viva, pouco restava de seus órgãos e da carne interna de seu estômago e peito. Sangue escorria do buraco que, em pouco tempo, estaria tomado por moscas e vermes junto da enorme ferida em sua cabeça; seu crânio parecia ter se quebrado com a tamanha brutalidade dos golpes dados repetidas vezes no local. Dentro, restavam apenas miolos e sangue em um espaço semi-oco. Seus olhos estavam sem vida e esbugalhados, mas estavam ali.

Com base na brutalidade em que os corpos se mostravam, poderia se deduzir que a pessoa que cometeu esses crimes usava um porrete ou algo do tipo. Na pior das hipóteses, quem fez isso era um monstro satanista sedento por dor alheia para saciar seu sadismo. Na melhor, era apenas algum de nós, pregando peças.

O cheiro infestou o lugar em que eu teria que dormir em outra ocasião. Não me contive ao gritar quando abri a porta e, logo depois, todos vieram e participaram da histeria. É, era uma cena péssima.

— Porra, Lilly — Diana resmungou, cobrindo o nariz com a gola da camisa.

Diana era uma sapatona esquisita. Adoro mulheres, mas a Diana era deplorável. Ela gosta de agir como um aquariano nato mas não passa de uma chorona que aperta o saco imaginário. Ao todo, ela era bonita; seus cabelos negros, sempre arrumados com a lateral raspada a vista, quase como sua marca registrada. Sua pele era clara e tinha um piercing na lateral do lábio inferior. Gostava de roupas largas e não era muito delicada.

𝕾𝖆𝖙â𝖓𝖎𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora