𝕾𝖆𝖙â𝖓𝖎𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (+18)

08 - Bagunça

Levantei com pressa, ainda sentindo o gosto de Beliel e seu cheiro sobre mim. Limpei meus joelhos e minha bunda antes de correr na direção da voz de Sabrina. Salva pelo gongo, pensei.

Encontrei Sabrina descabelada correndo na minha direção. A respiração dela estava ofegante e vi que sua testa sangrava. Lá havia uma ferida feita com algo parecido como um porrete.

— Melinda, porra, Melinda! — ela parecia desnorteada. Assustada, quase surtando.

Nunca vi ela assim. Ela estava completamente desesperada. Sequer conseguia ficar quieta. Estava tremendo.

Agarrei suas mãos e as segurei.

— Respira, caralho — disse, acompanhando o desespero. — o quê que foi?

Vi seus olhos abertos em medo. Podia até ver que sua pele havia conseguido um tom pálido. Tudo isso já estava me assustando. Porém, mantive a calma. Não preciso surtar quando Sabrina faz isso por mim.

Ela gaguejou.

— Preciso da sua ajuda, Melinda — ela olhou para os lados. Parecia ter medo de alguém tê-la seguido. — o Mike se soltou. Ele machucou Lilly e Nícolas. Lucas estava ajudando ele e...

Suspirei baixinho. Puta merda. Como se não pudesse piorar. Puxei Sabrina e comecei a correr em direção a fazenda. Sabrina logo entendeu e começou a me acompanhar.

— Como diabos vocês deixaram ele se soltar?! — gritei.

— Eu não sei! Não foi culpa minha, Me — tentava acompanhar meus passos.

Senti meu corpo esquentar em raiva. Quem foi o imbecil que deu brecha para que Mike pudesse se soltar? Ele estava louco, enfurecido, era óbvio que ia acontecer alguma merda gigantesca caso ele ficasse solto na casa.

Ainda estava escuro. Relâmpagos atravessaram o céu e trovões ecoaram deixando tudo mais tenso. Mais alguns trovões e, logo mais, pingos de chuva caíram sob minha pele fria; começou a chover.

— Não podia melhorar — murmurei.

Entre os passos, tropecei em uma pedra. Caí no chão molhado. Aterrissei sobre a lama.

— Puta que pariu! Que inferno! — gritei, irritada.

— Calma, Melinda — Sa murmurou, estendendo a mão.

Bati na mão dela.

— Calma é o caralho, idiota! Meus amigos podem tá morrendo e você tá calma?!

Me levantei às pressas.

— É claro que você não tá ligando — suspirei. — se Lilly morrer é bom pra você, né?

Em passos curtos, fui até ela.

— Afinal, ela te machuca né? — inclinei o rosto — ou talvez seja ciúmes... É? — ri.

Sabrina ergueu uma sobrancelha.

— Está com ciúmes? — saiu mais como uma afirmação. — por isso... Foi você, não foi? — franzi a testa — sua cadela desgraçada! Foi você que soltou o Mike! Sua puta!

Com raiva, avancei sobre Sabrina, pronta para machucá-la. Porém, em questão de segundos, Sabrina ergueu uma arma e apontou contra mim. Recuei, assustada. Ela desviou o olhar, mas não com pesar, parecia conter um sorriso. Depois, voltou a olhar para mim.

— É — disse, calma — eu soltei o Mike.

Franzi a testa. Senti meu corpo esquentar ainda mais em raiva. Os pingos de chuva agrediam nossas peles.