Meu peito doía, assim como minha coxa. Minha visão estava escurecendo quando senti mãos envolta da minha cintura, me erguendo. Beliel. Ele me pegou no colo com cuidado.
— Fica... Longe... — minha voz saiu fraca.
— Se não o quê? — ele riu — Vai sair correndo?
Pisquei algumas vezes, tentando me manter acordada.
Beliel saiu da floresta. Pude ver que já amanhecia. Ele me trouxe até a fazenda de novo. De algum modo, ele entrou em casa e me colocou no meu quarto, sobre a cama.
— Eu vou cuidar de você, Linda.
O quarto estava escuro. Beliel manteve a porta fechada e achei tê-lo visto trancar. Ele acendeu o abajur próximo da cama. Ele se aproximou e se sentou próximo a mim. Virei meu rosto para o encarar. Sua mão veio de encontro a minha face, seu polegar deslizando em linhas sobre a minha bochecha. Ele desceu o dedo até meus lábios e, puxando o inferior para baixo, ele os entreabriu. Seu sorriso se alargou e pude sentir o quão malicioso aquilo parecia ser; uma garota, indefesa e ferida, a sua mercê. Tentei me levantar e, com bastante esforço, consegui me ergueu um pouco, antes de voltar ao colchão, sendo empurrada por Beliel.
— Quietinha, ou pode se machucar.
Aquilo pareceu mais uma ameaça do que um conselho.
Beliel largou meus ombros. Suas mãos foram de encontro a barra de minha camisa. Ele a puxou para cima. Tentei contestar em palavras, mas já estava fraca demais para qualquer coisa. Como se eu fosse uma boneca, ele me despiu. Primeiro, tirou a camisa, deixando à mostra o tiro sobre meu seio. Depois, a calça, evidenciando o buraco da minha coxa. Senti a mão de Beliel dedilhar a ferida sobre minha coxa, depois, a do meu seio. Ele jogou minha camisa e calça longe.
— Você é linda até com dois buracos a mais.
Pisquei, novamente, tentando me manter acordada. Em pouco tempo, desmaiei.
• • •
Depois de algum tempo, eu acordei. Me sentia dolorida. Com um pouco de esforço, ergui minha mão até a ferida do meu seio. Passei minha mão com delicadeza por ali. Percebi que estava vestindo uma camiseta de botão. Desabotoei a camisa e adentrei minha mão ali. Dedilhei onde deveria estar minha ferida com a felicidade de sua ausência. Levei minha mão até a coxa. Também não estava ferida, porém, jazia descoberta sem tecido algum a não ser minha calcinha.
Me ergui. O abajur ainda iluminava o quarto em uma luz amarelada e fosca. Parecia ser noite ainda. Saí da cama com dificuldade e caminhei próxima ao abajur, onde havia um espelho preso na parede do meu quarto. Me arrastei até lá. No reflexo do espelho, pude ver que essa camisa não era minha; era uma camisa branca e que era um ou dois tamanhos maiores que eu e reparei que estava pálida, meu rosto cansado possuía olheiras fundas abaixo dos olhos. Desabotoei a camisa frente ao espelho. Em meu seio, onde deveria estar a ferida, havia uma tatuagem. Franzi meu cenho. Me senti fraca e comecei a tremer. Dedilhei a tatuagem. A árvore se iniciava em uma raiz fina, próxima a minha costela esquerda, subindo em um tronco curvo escuro até os galhos que, ao lado do meu seio, se mostravam repletos de pétalas rosas que caíam sobre minha pele. Uma árvore. Sakura.
Ele me marcou.
— O que achou?
Ao ouvir a voz conhecida, me virei com pressa. Cobri meus seios e me encolhi contra o espelho ao vê-lo. Beliel, parado à minha frente. Dessa vez, vestia uma camisa. Estava com as mãos nos bolsos, me encarando com um sorriso de canto.
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𝕾𝖆𝖙â𝖓𝖎𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (+18)
HorrorEm uma casa próxima a uma floresta, uma sequência de assassinatos começam a acontecer. Em pouco tempo, se descobre um estranho, Beliel, escondido sobre a escuridão entre árvores. Com pentagramas, sangue e um olhar sádico, ali se desenvolve uma paixã...