06 - Cativo

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Saindo do quarto de Nícolas, encontrei uma casa completamente bagunçada. Lilly tinha voltado ao controle; ela estava mandando que Diana limpasse o sangue enquanto ela e Sabrina iriam se desfazer do corpo. Sabrina obviamente não gostou da ideia.

— Não vou te ajudar em merda nenhuma — disse ríspida.

— Quer apanhar de novo, vadia?

— Não briguem — Diana interviu. — se você não quer mexer com o corpo — se virou para Sabrina —, eu posso fazer isso por você. Aí você fica aqui limpando.

— Eu disse que não vou ajudar em merda nenhuma. Lilly se vira. Ela que inventou essa merda toda.

— Vai colocar a culpa em mim mesmo? — riu em escárnio — pelo que eu saiba, era você quem queria vir pra essa merda de fazenda.

— Eu queria ficar num nada usando droga, não enterrando corpos!

— Ah sim, porque com certeza eu que queria enterrar corpos nas minhas férias!

— Você nem trabalha, vagabunda!

— Pelo menos minha buceta não tá rodando de celular em celular, sua puta!

Sabrina cerrou os punhos e eu soube que ela estava prestes a comprar uma briga que não iria ganhar.

— Escuta, — entrei na conversa, me aproximando de ambas — acaso vocês inventem de brigar, eu vou ter que dar um jeito em vocês igual fiz com Mike.

Sabrina fitou a loira com o olhar, enquanto Lilly fez um "pff" antes de rir baixinho.

— Acha que eu tenho medo de você, Melinda? — ela se virou para mim.

Ergui uma sobrancelha.

— Deveria ter.

— Eu sou a dona dessa casa — ela franziu a testa. — eu trouxe vocês, eu era dona dos caseiros, eu sou dona dessa arma que tá na sua cintura e, se duvidar, — ela sorriu, suavizando sua face — eu sou sua dona.

Agora foi a minha vez de rir.

— Hilário — falei pausadamente.

— Já chega, né? — Diana entrou no assunto — precisamos limpar isso e todo mundo vai ajudar — olhou para Sabrina que apenas deu de ombros.

Lilly me fitou de leve antes de começar a cuidar das coisas junto das garotas. Lilly iria descartar o corpo junto de Diana. Sabrina iria limpar a cozinha. E eu, fiquei com a única tarefa que me restou: queimar os itens manchados de sangue. Assim, apanhei tapetes ensanguentados, panos de prato com tripas, uma cadeira quebrada e manchada e fui para o mesmo local anterior: a maldita floresta.

Caminhei em passos curtos, sem vontade nenhuma de pisar lá de novo. Era necessário. Puta merda, eu precisava ir. Acelerei os passos. Nada mais do que as folhas sendo esmagadas pelo meu pé, era escutado naquela noite. Estava frio e eu me sentia completamente vulnerável. Estava com medo de Beliel aparecer.

Novamente, cacei um buraco para enfiar essa merda toda. Era ridículo andar no meio de uma floresta, de madrugada, arrastando uma cadeira e uma porrada de tralha, fora que é assustador.

Algumas vezes eu escutava o estrondo de trovões, ou via raios atravessando o céu. Dava para perceber que logo mais iria chover. Queria queimar essa merda antes disso.

Com passos mais largos, caminhei até um determinado local onde achei que estava longe o suficiente e, lá, joguei as tralhas. Do meu bolso, tirei o isqueiro e, assim, me lembrei que esqueci a merda do álcool.

— Puta merda, Melinda! — gritei comigo mesma.

— O que foi, princesa?

Me virei rapidamente na direção da voz e vi Beliel à minha frente. Recuei alguns passos antes de voltar a respirar. Beliel me assistia tranquilamente. Novamente, ele estava sem camisa, mas, dessa vez, ele estava sujo de algo que parecia sangue. Temi por aquela visão e recuei mais alguns passos.

𝕾𝖆𝖙â𝖓𝖎𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora