09 - Cor de sangue

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Com a arma frente ao meu corpo, caminhei com pressa. Estava próxima da fazenda. Ainda chovia, o que dificultava minha visão e audição.

Conseguia ver algumas luzes da casa acesas. Com cuidado, fui até a porta, sempre olhando para os lados e atrás, com medo de estar sendo observada ou seguida. Com o caminho limpo, puxei a maçaneta. Com um grunhido alto, a porta se abriu. Tive certeza de que sabiam da minha presença.

Fechei a porta. Em passos curtos e cautelosos, adentrei a casa. Estava escuro e, por mais que desejasse uma iluminação, deveria continuar assim — a escuridão era a melhor opção para quem quer se camuflar. O pouco de luz que havia na casa era a cozinha. Uma emboscada, tive certeza.

Me perguntei o que desejavam fazer comigo. Bom, como Sabrina disse, consigo deduzir que quem está a favor dessa "revolta" seria Mike, Diana e a ruiva morta. Lucas talvez estivesse junto. Ele é agressivo e adora brigar e, obviamente, se ficasse contra seria morto. Lilly obviamente está contra, afinal, ela é o alvo. Acredito que Nicolas está contra também por conta do carinho que tem por mim.

Suspirei baixinho. Talvez tivessem machucado Nícolas. Ele já estava ferido e não conseguiria se defender. Provavelmente, quando tudo começou, ele dormia. Merda. Vacilei pra caralho quando deixei apenas Lilly aqui, cuidando de tudo, quando ela já perdeu sua autoridade a tempos atrás.

Talvez Lilly já estivesse morta. Ela era o ponto alvo. Talvez Nícolas tenha se livrado. Mas eu não serei poupada; matei Sabrina e, mesmo sem ter matado, matei Stephanie.

É bem provável que algum deles tenham pegado a arma que Lilly mantém guardada. Outros devem ter se equipado com facas, machados, tudo o que essa fazenda infernal oferece. E, obviamente, montaram uma emboscada para mim. Sabrina apenas me traria aqui e eles fariam sabe-se lá o que comigo.

De maneira resumida: estou fodida.

Uma arma é menos pior. Os outros estão, suponho, com coisas mais fáceis de segurar.

Devagar, tentando ser silenciosa, entro na cozinha. Sentia o chão sendo marcado por cada passo que eu dava. Meu corpo estava frio tanto pela chuva quanto pelo medo.

Assim que pisei na cozinha, senti algo tão gelado quanto meu corpo tocando minha garganta.

— Larga a arma ou corto sua garganta — Diana disse.

Engoli em seco. Minha respiração travou na garganta.

— Quanta ousadia — olhei para ela, sem mexer nada mais do que meus olhos.

— O aprendiz supera o mestre — deu de ombros.

Sua fala era firme, mas, conforme eu a encarava, percebi que ela estava fraquejando, suas mãos tremiam de leve. Talvez ela não planejasse minha vinda tão cedo... Ou sozinha.

— Cadê os outros? — virei meu rosto.

— Logo vai descobrir caso não me dê a arma — a faca forçou um pouco mais a minha garganta.

Quase como se fosse premeditado, escutei a porta se abrir. Estavam entrando aqui. Juntei minhas sobrancelhas... Não é possível. Eles não estavam aqui. Diana estava sozinha.

— Que perigo, Diana — sorri.

Em um movimento ágil, agarrei a mão que segurava a faca e a puxei para baixo. Com força, torci o braço de Diana. Ela grunhiu de dor e soltou a faca, perdendo as forças. Enfiei o cano da arma contra seu maxilar e colei nossos corpos. Assim que escutei o som de passos, me virei na direção, mantendo Diana presa a mim.

À minha frente, vi Mike e Lucas, segurando Lilly que jazia amordaçada e amarrada. Seus pulsos foram presos atrás das costas. Lucas segurava uma faca contra a garganta de Lilly e Mike a arma — que, supus, antes era de Lilly. Engoli em seco, tentando esconder meu nervosismo.

𝕾𝖆𝖙â𝖓𝖎𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora