Episódio 14. 2

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ENZO 

Não! Eu não gostei. Na verdade eu odiei com todas as minhas forças.

O sabor  me atingiu como um soco no estômago. Todo meu corpo se retraiu. Minha mandíbula travou. Uma forte ânsia subiu pela garganta. Tudo em mim se recusava a continuar mastigando a massa viscosa com gosto de lama.

— E aí, fala alguma coisa. — ela insistiu, cheia de expectativa.

Engoli o bocado com dificuldade, já que estava travado na garganta, caso contrário eu cuspiria fora imediatamente.

— O que diabo é isso? — meu cenho se franziu.

— Sanduíche de peixe, só que sem peixe.— explicou Bonnie.

— O que? — meus olhos quase saltaram da órbita. Se era um sanduíche de peixe, só que sem peixe,  o que diabo tinha no lugar então? Barbatana de tubarão?

— Essa é uma receita vegana barra vegetariana. Juntei alguns ingredientes que remetessem a peixe, como jaca e repolho. Amassei com sal, mel e condimento, depois assei. Vi na internet.

Com certeza a receita da internet não se parecia em nada com aquilo, caso contrário eu faria questão de denunciar a página  por estar cometendo crime gastronômico.

— Santo Deus...— fiz careta.

— O que há de errado com minha receita?— perguntou indignada.

Ela estava chateada gratuitamente, eu sequer  externalizei um terço do que gostaria de dizer só para não machucá-la e muito menos desmotivá-la na cozinha.

— Prova. Experimente você mesma.—  levei o pedaço  intacto que tinha em mão até a sua boca, obrigando-a a sentir no próprio paladar o que eu senti ao mastigar aquilo.

— Hum...Er... argh — ela não conseguiu engolir. Correu e  cuspiu tudo no vaso de lixo ao pé da pia.

— Isso tá uma merda.— disse frustrada.

— Da próxima vez, com certeza, vai sair melhor.  Relaxa!— disse pesaroso.

Bonnie já estava escorregadia. Muito arisca comigo. Se eu não soubesse usar daquela oportunidade para me reaproximar dela, e se ela continuasse a me tratar com frieza, eu não sei o que seria de mim. Eu estava quase depressivo por causa do seu distanciamento. Não conseguia me concentrar em atividades simples pensando nela. Nós não tínhamos nada sério,  mas daí fingir que nós não tínhamos nada, estava me deixando doente. Eu precisava daquela mulher tanto quanto um velho sem dentes, precisava da sua dentadura para mastigar.

— É...— ela ficou -de fato- entristecida com o resultado.

Frustração é foda.

— Eu vou preparar algo para comermos, não se preocupe.— fui até o suporte, tirei meu avental e me vesti.

Colorir de Amor (Hot) - BonenzoOnde histórias criam vida. Descubra agora