FATAL FAME - PEDRO PASCAL

intoxication

N/A: alerta de gatilho 🚨
Estou com medo de vocês me odiarem para sempre. Mas essa foi a minha ideia desde quando imaginei essa história. Foi até por isso que por um tempo parei a produção dela, porque pensei que ninguém se interessaria por ler uma história assim. Mas confiem em mim, confiem no meu processo.
Vai dar tudo certo.

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Você tinha esquecido - ou seu cérebro tinha trancado as memórias em um lugar inóspito - o quão difícil era se manter sóbria depois de experimentar a porcaria da inconsciência.

O corpo humano age de uma maneira traiçoeira para quem usa subterfúgios para fugir da realidade. O primeiro gole pode até ser porque você quer. Mas o segundo é porque você precisa, o terceiro é porque você necessita, o quarto é porque você gosta, o quinto você já não tem muito controle. E, quando você tem problemas para lidar, é tão fácil pensar "ok, mas se eu tomar uma dose antes, não vai fazer mal" mas aí algo dentro de você toma força, e você continua pensando "só mais um, antes de resolver", "esse é o último" e nunca é.

Você acha que pode moderar. Mas por algum motivo, algo em você, não tem esse controle como qualquer outro ser humano. E, o pior é que em alguma parte tem uma consciência que diz "você deveria parar agora", "já é o suficiente", "você está se prejudicando", "por que você tem que ser esse lixo descontrolado?" E assim vai...

Não sei se é possível explicar, não sei se é possível entender. Você quer parar, mas você não consegue. "Só hoje" afinal tive um dia de merda. "Esse vai ser o último, amanhã eu vou resistir", mas quando você está lá, a única coisa que você consegue fazer é "foda-se, já fiz merda mesmo".

Sua mente está em guerra consigo mesma. Isso faz com que você se odeie. Com que você se decepcione com quem você escolhe ser. Faz com que você sinta nojo e pena do ser desprezível que você é para si mesma.

E como é difícil. Porque, a sua mente gira apenas em torno disso. Como se, se você não pensasse sobre isso, você poderia ir vencendo hora por hora, mas a sua mente só pensa exatamente nisso, quanto mais você tenta não pensar, mais você pensa.

Suas vozes ficam falando o tempo inteiro "não posso beber", "mas é só um gole", "não, eu não posso", "mas não tem problema se você fizer", "mas eu não quero", "tá vendo essa merda, se você beber vai passar", "não vai", "mas pelo menos você não vai estar consciente para sentir", "mas eu vou ferrar com tudo", "mas e se hoje você se controlar?"...

!

Era um inferno estar dentro do seu corpo. Você queria ceder. Mas não queria ceder. É insano. Sênica disse "Sofremos mais na imaginação, do que na realidade". Era verdade, e era insuportável viver com o seu cérebro.

O que você iria escolher? O sofrimento do arrependimento, ou o sofrimento da disciplina?

Tudo que você queria era que alguém pegasse sua cabeça e comandasse ela para você. Dissesse, hoje faça isso, hoje faça aquilo, isto está bom, isto está ruim. Alguém que tomasse o teu controle.

Neste momento, você só estava pensando na única coisa que você imaginou ser mais forte que tudo isso. Ele. Ele era a pessoa que silenciava tudo dentro de você. Há dois dias se contorcendo dentro do próprio corpo, tentando afogar nas profundezas do seu ser a voz leviana que sussurrava em seu ouvido te incentivando a ceder.

Pensar nele, te fazia passar pelo próximo minuto. Pensar sobre o que Laura disse, pensar sobre ele ter dito que queria ver você. Você precisava estar saudável para isso.

Você o queria de volta.

Mas, e se fosse para ser assim? E se, vocês tivessem sido só um momento fugaz em suas vidas? Tanto amor, companheirismo e - infelizmente - omissão. E isso houve dos dois lados. As vezes você pensava "Por que estou me martirizando tanto? Ele nunca iria me assumir, isso nunca se tornaria nada além do que éramos nos bastidores". E se você tinha cometido um erro?