and the Oscar goes to

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Passar meses em um lugar onde você, e só você pode lidar com seus demônios, é um tanto quando horrível mas confortável. Depois que o pior passa, você começa a ver o lado positivo, e francamente, estar isolada do mundo, tem lá seus benefícios.

Laura garantiu que sua internação ainda era mantida longe da mídia, apesar de muitas especulações, grande parte delas é que você tinha voltado para o Brasil por motivos pessoais. O que era bom, em tese.

Os profissionais da clínica no início foram relutantes com a possibilidade de você sair por dois dias, isso era basicamente inaceitável e muito prejudicial para o seu tratamento, mas depois de muita negociação sua saída foi autorizada desde você voltasse imediatamente para finalizar o tratamento. Tudo isso muito bem documentado e com milhões de termos de responsabilidade.

"Você tem certeza que quer fazer isso?" o terapeuta da clínica estava te acompanhando em uma caminhada pelo jardim.

"Tenho. Acho que mereço estar lá"

"Tudo bem, confio em sua palavra, mas você precisa tem em mente que encontrará com uma pessoa que te causa gatilhos. E, principalmente, terá que lidar com um grande público. Aqui você se sente bem, porque está em um ambiente propício para isso"

Você assente.

"Eu entendo. Você acha que eu poderia me preparar para isso?"

Seu terapeuta fica em silêncio.

"Eu não posso te responder isso. Você se sente preparada?"

Você encolhe os ombros.

"Eu poderia tentar..."

"Você acha que esse seria o ambiente propício para uma tentativa?"

Você suspira.

"Eu consigo" você olha para ele com um sorriso "eu consigo" e repete para si mesma.

Ele assentiu e continuou caminhando com você.

"Posso te fazer uma pergunta?" Você parou para ficar de frente com ele.

"Claro"

"Você acha que Harry poderia ir comigo?"

Ele te encarou com inclinando a cabeça, apertando os lábios.

"Por favor... acho que ele ficaria tão feliz, e seria ótimo para ele também sair, para uma experiência como essa" você falava muito rápido, sem der tempo pra ele raciocinar muito "mas claro que se a família dele concordar"

Você se inclinou para frente, tentando fazer seu melhor olhar de gato de botas.

"Por favor"

Ele balançou a cabeça suspirando.

"Eu não sei. Não sei se isso é possível. Preciso verificar... são muitas coisas envolvidas, é uma responsabilidade..."

"Por favor"

Ele suspirou mais uma vez, desviando o olhar.

"Posso tentar"

Você deu mini pulinhos.

"Obrigada. Obrigada. Obrigada."

"Isso não é um sim"

"Tudo bem, mas você vai tentar. Certo?"

Ele assentiu. E você pulou mais algumas vezes sorrindo.

"Não fale nada para ele ainda. Não sabemos da possibilidade"

Você endireitou a postura, e bateu uma continência para ele.

"Sim, senhor"

Estranhamente os dias se passavam mais lentamente agora. Cada vez que a data para o Oscar se aproximava. Era o mesmo de estar cada vez mais perto, e mesmo assim sendo puxada para trás. Era um misto de sentimentos, um pouco de ansiedade e expectativa. Você sabia exatamente no que consistia esse evento transmitido para o mundo todo. Sabia exatamente a programação, sabia sobre tudo, mas mesmo assim parecia que nada que você fizesse poderia te preparar, propriamente dito, para essa experiência.

FATAL FAME - PEDRO PASCALOnde histórias criam vida. Descubra agora