𝟎𝟎𝟐

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🇧🇷 𝟎𝟎𝟐

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🇧🇷 𝟎𝟎𝟐. Nada está tão ruim que não possa piorar;

SUSPIRO PROFUNDAMENTE AO alinhar meus fios encaracolados com creme para pentear e checar meu próprio reflexo no espelho do quarto do hotel pela milésima vez logo em seguida. Eu precisava estar simplesmente impecável para o primeiro dia de GP, e assim o faria. Era o início do meu sonho de infância, e a minha ansiedade latente sussurrava ao pé de meu ouvido que tudo iria dar errado.

Merda! E se o tal Felipe9634 realmente estiver nos passado a perna? A Gabi nem vai precisar me matar, porque eu mesma me jogarei na frente de um caminhão em movimento.

Conforme o tempo se passava, mais a realidade que adiei por meses batia em minha porta e me mostrava o quão inconsequente eu sou por estar me metendo nessa loucura. Mas só se vive uma vez, certo?

— "Agora eu sei o que é que eu fiz pra ela sentar com tanta raiva" — Cantou Gabi do outro lado do quarto, fazendo-me franzir o cenho ao ver o seu reflexo saltitante pelo espelho. — "Finge que não goza, olha pro lado e diz: Personnalité."

Não parecia que a mesma pessoa que cantava Personnalité animadamente estava me ameaçando há algumas poucas horas atrás, quando eu a acordei às cinco horas da manhã para nos arrumarmos.

Chegamos em São Paulo há dois dias e, embora tenhamos passado por um pequeno perrengue para conseguir comprar as benditas passagens de ônibus alguns poucos minutos antes do embarque e partida, a nossa amada Águia Branca nunca nos decepcionaria dessa forma. Bom, pelo menos isso serviu para que comprássemos a de volta com antecedência e, consequentemente, sem o risco de ficarmos presas em São Paulo por mais tempo do que o necessário.

Uma vez invadindo o território de nosso estado vizinho, Gabi insistiu que arcaria com os custos de nossa hospedagem, afirmando que não nasceu para ficar em uma simples pousada. Contudo, tomada pelo imenso sentimento de orgulho e desespero para não parecer uma folgada, tomei para mim a responsabilidade de bancar toda a nossa alimentação durante o período que passássemos aqui. Afinal, ela só veio por minha causa.

E no final das contas, depois de um dia inteiro batendo perna – E, inclusive, fazendo uma parada no shopping Morumbi para retirar nosso Cashless. – e turistando por toda a grande metrópole paulista, aqui estamos nós, nos arrumando para finalmente irmos para a van que nos levaria até o Autódromo José Carlos Pace.

— Como está o meu cabelo? — Questiono, ignorando o som alto da música que batucava na pequena e potente JBL rosa choque de minha amiga.

— Perfeito, amiga. — Diz, diminuindo o som em um oitavo. — Mas eu achava que você iria com o boné da sorte.

Nego com a cabeça, ainda focando em meu reflexo e tentando encontrar qualquer defeito que fosse.

— Eu vou usar amanhã, na classificação. — Digo, puxando uma mecha de cabelo e jogando-a para o outro lado. — Assim eu vou guardar a minha sorte para que o Charles e o Carlos consigam uma boa posição.

𝐈𝐏𝐀𝐍𝐄𝐌𝐀 𝐆𝐈𝐑𝐋, Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora