𝟎𝟎𝟑

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🇧🇷 𝟎𝟎𝟑

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🇧🇷 𝟎𝟎𝟑. O crime compensa;

EXISTE UM PEQUENO FATO sobre mim que poucos se dão conta de imediato, mas que muitos julgariam sem nem pensar duas vezes. Mas, se for para ser sincera de verdade, eu não me importo nem um pouco.

Eu sou uma pessoa que lida com uma mistura perigosa entre teimosia e determinação, e que quando enfia uma ideia na cabeça – que é tão dura quanto oca –, raramente há o que possa se fazer para tirá-la. Eu faço diversas coisas para conseguir o que quero, e dificilmente me importo com as vergonhas ou situações constrangedoras que terei de passar no processo, desde que eu consiga.

Não sei dizer se isso é uma qualidade ou um defeito.

Afinal, o único jeito de conquistar o que desejamos, é nos metendo em problemas.

Quando esperei o esvaziamento do banheiro por vários minutos, a ideia de desistir jamais foi uma opção, e devo confessar que fiquei até mesmo animada com o cenário arriscado que acabara de me meter. Eu quero, eu vou atrás, eu faço acontecer.

Mesmo quando as peças do jogo não estão a seu favor, você não pode simplesmente se contentar, como um perdedor. Se contentar é algo que nunca esteve presente na minha realidade. Se não tenho condições para conseguir fazer aquele curso de línguas estrangeiras, eu consigo uma bolsa. Se não tenho condições para pagar uma faculdade de medicina particular, eu passo na federal. Se não tenho dinheiro para conhecer os meus pilotos favoritos, então...

Imitar a ação da personagem de Marilyn Monroe em "Os homens preferem as loiras" foi a parte fácil. Difícil foi conseguir passar o meu quadril pela pequena janelinha sem me machucar por completo devido à fricção da pele desnuda de minhas pernas com a superfície lateral metálica da janela. Foi difícil, mas eu consegui.

Ignoremos o fato de que, quando eu finalmente consegui passar o meu corpo por completo pela janelinha, os meus cálculos falharam miseravelmente e, ao invés de pousar em segurança, eu passei direto pelo batente da janela e logo em seguida despenquei com toda a força contra o chão de grama e seixo da parte exterior, causando alguns pequenos arranhões, mas nada que pudesse me impedir de continuar.

Rolo pela grama, desvinculando-me de algumas folhas que ficaram presas em meu cabelo que, a essa altura do campeonato, já devia assemelhar-se à juba de um leão.

Sentindo a dor muscular e dos machucados, me levanto de forma meio bamba, soltando alguns poucos resmungos doloridos e revoltados. Por que aquela janela era tão pequena? Isso é uma falta de respeito!

Olho para esquerda e para a direita, checando todo o perímetro e vendo que os poucos seguranças daquela região estavam entretidos com seus próprios assuntos em comum há alguns metros de onde eu estava. Em outras palavras, fofocando.

Que puta sorte!

Antes que minha realidade azarada batesse em minha porta, agilizei meus passos em direção a pequena abertura na grade de acesso restrito que levaria à pista e, principalmente, ao paddock.

𝐈𝐏𝐀𝐍𝐄𝐌𝐀 𝐆𝐈𝐑𝐋, Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora