𝟎𝟎𝟖

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🇧🇷 𝟎𝟎𝟖

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🇧🇷 𝟎𝟎𝟖. O inimigo é sujo!;

LEMBRO-ME COMO SE FOSSE ontem do dia em que Rafael, o meu padrasto, colocou as chaves do seu amado onix 2014 em minhas mãos e basicamente me deu instruções de como manejar o câmbio manual em meio a algumas poucas palavras, enquanto eu, no auge de meus quinze anos, me esforçava para não bater nos muros e nos matagais dos terrenos baldios onde ele improvisava pistas de treinamento.

Embora os seus métodos de ensino fossem um tanto quanto questionáveis, quando ele disse "Vai tirando o pé da embreagem e acelera devagar", ou quando ele tirava a mão do volante e me obrigava a conduzir o veículo, ele acabou por criar um pequeno monstrinho que dirige com apenas uma mão no volante, tal qual noventa e sete por cento dos héteros tops desse país.

Eu adorava a adrenalina e a emoção de estar atrás de um volante, e isso nunca me faltou quando o carro que eu conduzia contava com a primeira e a quarta marcha em mau funcionamento. Mesmo assim, o carro só estancou uma única vez em minhas mãos.

— E eu pisei na embreagem com tudo. — Concluo a trágica história de como quase atropelei uma idosa em minha primeira aula com meu padrasto, arrancando mais uma gargalhada do piloto ao meu lado. — Eu tenho certeza absoluta de que o Rafael quase infartou.

— E tem como não infartar? — Retruca o monegasco, reduzindo a velocidade de seu carro ao avistar o semáforo vermelho. — Você deve ser o maior perigo possível atrás de um volante.

— Ei! Eu sou uma boa motorista!

— Você quase atropelou uma idosa!

— A velha devia estar na casa dela, não nas ruas! — Tento me defender, remexendo-me no banco de couro do veículo milionário de Charles. — E foi só uma vez.

— Eu acho que só precisa de uma vez para matar. — Brinca, dando partida quando o sinal brilhou em verde. — Para morrer também.

Solto uma risada, negando com a cabeça.

— Pois saiba que eu sou uma excelente motorista hoje em dia. — Retruco, gesticulando com os dedos. — Com uma leve síndrome de Dominic Toretto, mas boa.

— E nada narcisista.

— Se colocassem o Hamilton, Verstappen, você e eu em uma pista, as coisas seriam terrivelmente entediantes para mim, Leclerc.

— E você levaria quantas velhinhas para conhecer Jesus neste processo?

— Ei! — Finjo indignação, acertando um leve tapa em seu antebraço e arrancando uma risada do homem ao meu lado.

— Estou sendo sincero! — Gargalhou.

— Pois saiba que você estaria na minha lista de prioridades, e não as velhinhas!

— Eu não permitiria que você dirigisse uma lambreta perto de mim, Ipanema. — Retrucou, rindo ainda mais. — Você é perigosa.

— Minha mãe tem uma bicicleta elétrica. — Digo em tom de ameaça. — Eu tomaria cuidado se fosse você...

𝐈𝐏𝐀𝐍𝐄𝐌𝐀 𝐆𝐈𝐑𝐋, Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora