𝐋𝐄𝐀𝐋, Raphael Veiga

003- sereia

Sereia, que temperamento forte
Mas hoje eu sei onde isso tudo vai acabar
Sereia, cuidado com a onda
O tubarão vai te pegar

🇮🇹

Rio de Janeiro - RJ, 3 de abril de 2022.

Carolina

Camila foi procurar um lugar tranquilo para a gente ficar. Giorgian e o Gabi foram juntos. Já o Léo, foi se encontrar com a minha cunhada.

— Obrigada. – Agradeci ao barman que me entregou o gelo para pôr na minha mão.

Estava ardendo demais. Tive que virar uma dose de tequila para amenizar.

Tive a impressão de que alguém se aproximava e quando virei, um homem de bigode e cavanhaque estava sentando do meu lado.

— Se importa? – Perguntou e eu neguei com a cabeça. — Chefe, desce uma dose de whisky, por favor.

Senti o olhar dele caindo sobre mim com curiosidade.

— Tá tudo bem? – Encarei o rapaz que deu uma risada baixa. — Nunca viu uma noiva abandonada num bar antes?

— Confesso que não costumo presenciar essa cena sempre. – Brincou. — Raphael, prazer.

O moreno estendeu sua mão na minha direção.

Ele era estranhamente atraente. Seu cabelo estava numa altura boa o bastante para formar um topete. Sua mandíbula era bem marcada. E seu olhar era marcante.
Ele era lindo.

— Carolina, e o prazer é todo meu. – Sorriu ladino.

— Então, Carolina, desculpe a ousadia, mas o que é isso na sua mão?

— Dei um soco na cara do meu ex-noivo. – Ele riu. — É sério, mas ele mereceu.

Raphael agradeceu ao barman que trouxe sua dose, bebendo um gole em seguida.

— Mesmo? – Assenti. — Tô tentando pensar num contexto que te fez parar aqui, sozinha nesse bar.

— Uma longa história.

Ele puxou sua banqueta para mais perto, o que me arrancou uma risada.

— Estou disposto a ouvir, tenho tempo. – Deu outro gole no seu whisky. — Amigo, serve a moça aqui do meu lado.

— Me vê uma caipirinha de morango. – Ele fez um sinal de positivo e começou a fazer o drink. — Por onde eu começo?

— Que tal pelo começo?

Não fazia ideia se seria uma boa ideia contar a história do meu chifre para um desconhecido. Mas parecia ter alguma coisa nele que me passava segurança.

— Bom, eu descobri que meu noivo estava me traindo com a minha melhor amiga e que ele estava desviando dinheiro da empresa dos meus pais. Deu uma confusão enorme. Mas o importante é que eu me livrei disso.

— Você foi para o altar?

— Sim, e lá eu contei a traição para todo mundo. Felizmente consegui sair de lá antes de receber várias perguntas dos convidados.

Raphael me olhava com um semblante neutro. Não fazia ideia do que passava na mente dele.

— Sinto muito, Carol. Eu terminei um relacionamento semana passada porque fui traído. Então, entendo um pouco a sua dor.

— A pior parte é tentar entender o porquê, né? Tipo, eles que traíram nossa confiança, mas a gente sente uma parcela de culpa.

— Eu passei o dia todo me culpando. Mas não existe justificativa para essas coisas. – Concordei, pegando meu drink com o barman.
Olhei para o palco, avistando de longe o Don Juan cantando ''Os Opostos se Atraem''.