Naquela noite, depois de derramar algumas lágrimas, Lizzie resolveu sair do quarto. As palavras da Sra De Bourgh permeavam em sua cabeça e mais uma vez, ela tremia ao lembrar que um dia comparou Darcy aquela megera.
Quando desceu, seu pai estava ao telefone aos risos. A encarou com ar divertido e fez sinal para que ela se aproximasse, desligando o telefone em seguida.
Suas irmãs e mãe estavam na sala também, muito atentas a qualquer fuxico e curiosas sobre o que se passou anteriormente. Tanto ao telefone, quanto ao surto repentino da garota.
- Filha, não sabe com quem eu estava falando. E era especificamente sobre você.
O coração de Lizzie errou as batidas. Poderia ser Darcy? Talvez tentando uma aproximação com sua família... Seu coração trepidou de esperança.
- William Collins!
Ela suspirou com pesar e foi sentar-se perto de Mary. Nada do que vinha daquele primo idiota poderia lhe afetar.
- Pois o que o nosso digníssimo primo tem a dizer sobre mim? - ela debochou, sem interesse de fato.
- Veio dizer que estava a par de seu namoro com Darcy, mas que a tia não iria querer. Dado nossas condições. Mas sabe o que é mais hilário? O Sr Darcy. - Leonard riu. - Que nem sequer olha pra você se não com desprezo.
Essas palavras eram afiadas como facas na pele de Lizzie. Ouvir aquilo doía tanto e tudo que ela podia fazer era tentar sorrir também.
- Aquele homem arrogante. - Hildegard complementou. - Se acha melhor do que todos e nenhuma mulher está a sua altura. Graças a Deus que ele não te suporta filha e nem você à ele, tem coisa melhor por aí.
Lizzie não conseguia mais forçar o riso. Aquelas palavras a feriam muito, ficou somente calada olhando para os próprios pés.
- Então foi isso que Lady Catherine veio fazer aqui? Atrás de fofoca? - Hilde perguntou, aproveitando que a filha estava mais calma. - Deve ser algo de muito interesse mesmo, pra ela preferir vir pessoalmente ao invés de ligar.
Elizabeth suspirou, tinha que dizer algo.
- É. Imagine que ela e a mãe de Darcy tinham um pacto para casar ele com a filha dela. E ela receava que eu estivesse no caminho. - ela deu de ombros, fingindo que não se importava.
- Mas isso é incesto. - Mary torceu a cara.
- Que nojo. - Kitty continuou.
- Houve uma época em que os ricos preferiam casar os parentes entre si, para manterem a fortuna fechada na família. Mas isso não existe mais. Enfim, essa mulher é uma cobra igual ao sobrinho. - Hilde balançou a cabeça.
Jane se juntou a família, tentando pescar a conversa. Quando percebeu do que se tratava, ficou triste sabendo que a irmã estava magoada.
- Bem, já chega de falar de mim. - Lizzie cortou.
- Irmã, precisamos voltar para Londres. - Jane emendou outro assunto, para tirar o foco. - Ainda trabalhamos na Ônix.
- Ora Jane, logo você vai poder comprar dezenas de Ônix se quiser. - a mãe disse abanando as mãos.
- Não é assim mãe. Precisamos alinhar as coisas, ainda sou funcionária e gosto de trabalhar. Bingley ainda não é meu marido e mesmo que fosse, eu ainda prefiro ganhar meu próprio dinheiro.
Hildegard revirou os olhos mas nada disse. Já estava de bom tamanho o rumo que as coisas estavam tomando.
- Pois se um dia eu tiver um marido rico como Bingley, jamais que vou trabalhar. Vou ser mulher troféu, só academia, estética, dieta, sempre linda e cheirosa pra ele me levar para as melhores viagens e me dar os presentes mais caros. - Kitty disse com olhar sonhador.
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ORGULHO E PRECONCEITO - SÉC. XXI
RomanceNa pequena cidade de Meryton, há cerca de duas horas de Londres, viviam Elizabeth Bennet e suas quatro irmãs. A vida era pacata, de cidadãos igualmente modestos e com alguns poucos sonhos realizados. Mas com a chegada da grande festa de aniversário...