Que domingo maravilhoso. Poder acordar um pouco mais tarde. Poder tomar um bom café da manhã sem pressa e saborear de verdade os ovos mexidos e o café delicioso da Sra. Bennet que exalava o cheiro por todos os cômodos.
- Humm... Já acordou Lizzie?
Jane e Lizzie dividiam um quarto. As outras três ficavam no quarto ao lado. Elas gostavam que fosse assim pois as duas tinha muita afinidade, a diferença de idade era pouca e ambas sabiam respeitar os limites uma da outra.
- Sim Jane. Volte a dormir também, ainda é madrugada.
- Já são oito da manhã. E não consegui dormir direito.
- Claro que não. Nós chegamos às três e ainda são oito da manhã. Vai dormir!
Elizabeth virou para o outro lado sentindo os olhos pesarem, mas uma vez acordada ela sabia que dificilmente voltaria a dormir.
- Não Lizzie. Eu estou inquieta irmã.
- Por causa do Bingley, já sei. Podemos conversar daqui a, tipo, umas quatro horas? - resmungou.
- Ora sua molenga. Eu preciso falar. - Jane atirou uma almofada na irmã.
- Tudo bem. Você venceu. Diz logo que ele beija bem, que tem pegada, que é gostoso e que te deixou molhada.
Ela se virou para a loira na cama ao lado e sorriu aquele sorriso que só ela tinha. Uma diversão sarcástica que combinava tão bem com Eliza.
- Lizzie! Meu Deus. - a irmã corou e tapou a boca por um instante.
- Ora Jane. Você já tem vinte e três anos. Não seja puritana e me dê detalhes. Afinal você me despertou muito cedo. A não ser que queira ver minha ira. - Lizzie arqueou uma sobrancelha e sentou na cama.
Jane já estava sentada na sua, muito inquieta, batendo os pés de forma frenética.
- Nossa. Ele é tudo de bom. Inteligente, divertido e educado. E sim, ele beija tão bem e o jeito com que ele me abraçava... - ela parou por um momento, tomando coragem pra dizer o que viria a seguir. - Olha, eu nunca quis... Você sabe, nunca encontrei ninguém que...
- Com quem quisesse transar? Eu sei.
- Mas ele despertou isso em mim. Me deu vontade Lizzie. Nossa, uma coisa tão forte que me assustei e tive que fingir que iria procurar as meninas pra me acalmar e respirar um pouco.
A Jane estava cor de rosa, olhos brilhantes e mais bonita do que costumava ser. Lizzie a invejou por uma fração de segundo, seu temperamento e pensamentos logo a tiraram daquele devaneio.
- Nossa. Isso foi muito intenso. Ele é muito bonito irmã, gosto da cor dos cabelos dele, combinam com os olhos azuis. Ele parece sim ser um cara que vale a pena. Já as irmãs... O que achou delas? - ponderou.
- Gostei da Carol, ela foi muito gentil comigo, sempre puxando algum assunto, muito simpática. Louisa é mais retraída mas também já é bem mais velha e casada, parece não ter muita paciência para certas coisas.
Lizzie não gostou delas. As achou falsas em seus modos. Sorrisos forçados, algo ali traduzia uma simpatia ensaiada. Mas ela não traria esse assunto à superfície por hora, Jane conseguia enxergar bondade no pior patife que encontrassem pelas calçadas.
- Vamos tomar café. Você já me acordou mesmo, minha barriga tá roncando. - Lizzie saltou da cama quase caindo.
Jane a acompanhou rindo das situações embaraçosas da noite anterior.
Quando as duas chegaram na sala, encontraram uma Charlotte de olhos brilhantes e ansiosos por fofoca.
- Charlie! - Lizzie sorriu.
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ORGULHO E PRECONCEITO - SÉC. XXI
RomanceNa pequena cidade de Meryton, há cerca de duas horas de Londres, viviam Elizabeth Bennet e suas quatro irmãs. A vida era pacata, de cidadãos igualmente modestos e com alguns poucos sonhos realizados. Mas com a chegada da grande festa de aniversário...