11

798 51 35
                                    

Nos dias que se seguiram William Collins cercava a prima Elizabeth de todas as maneiras que podia. A moça não tinha mais sossego em parte alguma da casa, vivia fugindo do primo carrapato, se escondendo em seu quarto, quase não usufruindo mais nem do jardim, pois bastava que ela se sentasse por ali, e ele já aparecia do nada lhe rasgando elogios, como se ele se materializasse de repente. Lizzie já não suportava mais aquela situação, e seus limites estavam sendo transpostos a todo momento. A ponto de deixar o primo falando sozinho várias vezes, ou até mesmo receber algumas palavras grosseiras de sua parte. Porém, ele parecia absorto de tal forma, que não compreendia os foras de Lizzie.

Naquela manhã, William levantou disposto a jogar limpo com Elizabeth. Seu interesse nela tinha aumentado bastante nos últimos dias, a achava uma jóia rara, uma das mais belas e cativantes mulheres que já conhecera. Um gênio que precisava ser domado, mas nada que o impelisse a não investir nela. Já estava na hora de ser direto e ele estava convicto de que ela, daria uma oportunidade para que se aproximassem, ainda mais que tinham a bênção de sua mãe. A senhora Bennet se sentia maravilhada em futuramente anunciar o casamento das duas filhas mais velhas. O Sr. Bennet só se sentia fatigado mesmo.
Assim que as garotas chegaram do trabalho no sábado, William interceptou Lizzie na sala, munido de coragem para conversar com ela. A senhora Bennet sem ao menos disfarçar, chamou as meninas para tomarem um lanche na cozinha, onde Leonard já as esperava. Quando Lizzie tentou passar, a mãe a parou no caminho.

- Eu gostaria de falar com você Lizzie. - Collins disse à meia voz.

Lizzie se apavorou um pouco e fazia menção de sumir dali, pelo motivo de que já imaginava o que viria daquela conversa e não queria nem pensar nas consequências disso.

- Pois fale. - ela disse em um tom grave, uma espécie de aviso, para que ele parasse com aquela asneira por ali mesmo.

- Gostaria que fosse a sós. 

A senhora Bennet abriu um sorriso do tamanho do mundo, se preparando pra dar o fora quando Lizzie segurou seu braço. 

- Não há nada que você possa me dizer que mamãe não deva ouvir. - ela tentou persuadir William. Raios. Por que ele não se mancava?

- Lizzie, converse com seu primo meu bem. - a senhora sorriu com ternura, se livrando do aperto da filha. E então se aproximou do ouvido de Elizabeth e sussurrou. - Seja inteligente. Aproveite que a oportunidade bateu na sua porta e isso não acontece duas vezes na vida.

Um calafrio horrível percorreu a espinha da menina. Lizzie sabia que não seria fácil conviver com um parente magoado, já não estava sendo fácil saber que ele nutria sentimentos por ela. Mas resolvera que aquilo tinha que acabar. Não havia a mais remota possibilidade de acontecer algo entre os dois. Ele não podia ficar se iludindo com ela, tirando sua paz, a perseguindo para depois se frustrar.
Então respirou fundo e caminhou junto com o primo para o jardim, enquanto Hilde bisbilhotava de longe.
Eles pararam embaixo de uma frondosa árvore que ladeava o jardim, fazendo uma sombra gostosa, onde Lizzie amava sentar e ler alguns de seus velhos livros. Agora, ali estava ela, em um dos seus lugares preferidos, porém, em um momento de desgosto total.

- Lizzie. Eu sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas eu a admiro muito. - ele começou, naquela sua fala tosca, presunçosa, cheio de si. - Estou aqui não como seu primo, mas como um homem que quer uma oportunidade de estar perto de você. Gostaria que você aceitasse passar algum tempo comigo, para nos conhecermos melhor. Acho que Deus me colocou nessa casa com algum propósito. Acho que para que eu pudesse conhecer alguém especial como você. 

Elizabeth suprimia as gargalhadas que queria desatinar no homem. Ele não poderia soar mais ridículo. Suas caras e bocas demonstravam o quanto William se achava o cara, e isso era hilário para ela.

ORGULHO E PRECONCEITO - SÉC. XXIOnde histórias criam vida. Descubra agora