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- Eu não vou arrumar mesa pra ele. Ainda não acredito que você chamou o George pra cá. 

Elizabeth ainda estava emburrada, braços cruzados, um bico enorme. Via a mãe se contorcer de um lado para o outro enquanto as irmãs se arrumavam, ou qualquer coisa para fugir dos afazeres domésticos. 
Ela revirou os olhos e começou a pegar os talheres e copos, não achando justo que a Sra Bennet, embora culpada por essa noite infeliz, fizesse as coisas sozinha.

- Lizzie, às vezes eu penso que fui negligente na minha gravidez. Não é possível, eu só posso ter jogado pedra na cruz nas vidas passadas.

A mulher resmungou, aflita porque o assado ainda não estava pronto.

- A gente ficou e depois terminou, isso é muito estranho. Não é como se eu quisesse alguma amizade com ele. - a moça tinha que lembrar que não podia descontar sua raiva na louça.

Então começou a colocar tudo com muito cuidado no lugar, enquanto deixava a raiva presa dentro de sua pele.

- Mas ele se mostrou superior, deixando tudo isso pra lá. 

Hildegard retirou o assado, ainda que achasse a carne mal passada. Arrumou os aspargos e as batatas, enquanto Lizzie derramava azeite.

- Meu Deus, as vezes você é insuportável mamãe. Força a barra.

- Eu só estou sendo amigável. - Hildegard salpicou pimenta, talvez um pouco demais. Esperava que George gostasse de comida apimentada. - Ele é uma pessoa sozinha e eu gosto dele. Qual o problema de mantermos amizade com ele? Você está sabendo de algo que eu não sei?

De repente a mulher parou tudo. Fixando seus grandes olhos castanhos na filha. Sra Bennet costumava ser perspicaz, sentia o cheiro da intriga no ar.

- Não. - Elizabeth desviou o olhar, se movimentando para a mesa, onde fingia que ajeitava os talheres. - Tá ok, vamos ser legais então. - suspirou.

A mãe a encarou por alguns segundos, o semblante sério e desconfiado. Que logo passou, quando percebeu que fedia a gordura e precisava de um banho urgentemente. 

Elizabeth não prometeu a Darcy que não diria nada, mas ele contava com sua discrição e ela nunca poderia falar sobre um acontecimento miserável ao qual não lhe pertencia. Tinha pena de Georgiana, e no fundo a simpatia pelo pedido naquela enorme carta via email, lhe fazia manter a boca fechada, mesmo Wickham não merecendo.
Ao invés de se produzir, Lizzie resolveu ligar para a única pessoa que a compreendia naquele momento. Jane atendeu no segundo toque.

- Mana, o bendito está ?

- Ainda não. Maldito seja. - Lizzie se jogou na cama. 

- Irmã, você vai ter que fingir. Odeio isso.

- Imagine eu Jane. Aquele mentiroso de uma figa.

Ela pôs uma mão tapando metade da cara, e suspirou. Gostaria que todos esse suspiros de hoje, não fossem de frustração. 

- Não sei se vou conseguir fingir coisa alguma.

- Bem, foi a mamãe que procurou. - Jane foi incisiva.

- Sim. Bem, vou colocar qualquer roupa aqui. Depois te ligo.

- Por favor, você pra fazer minha sexta melhor. Vou esperar a ligação. Tente não morder o rapaz.

Lizzie pôde ouvi a risada de Jane. Como sentia falta de sua alegria. 

- Deus me livre, capaz de eu morrer e não ele.

ORGULHO E PRECONCEITO - SÉC. XXIOnde histórias criam vida. Descubra agora