ERA DOS FORTES

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ERA DOS FORTES
ERA DAS MORTES


        — Não! — gritou um garoto e sua mãe o deixou implorar. — Por favor, conte até o final.

— Até o final? — riu Menelak. — Mas esta história ainda está sendo escrita, por cada um de nós. Então é impossível contá-la até o final. Mas vou resumir para poderem descansar.

Após muita matança e crueldades gratuitas um homem muito corajoso e forte chamado Ében, viu quando um dragão chegou a sua vila distante e correu para recebê-lo com presentes e suas três melhores frutas, embora ele próprio e seu povo tivesse fome e sofresse escassez e incerteza pelo amanhã. Quando se aproximava da clareira viu o dragão abocanhar seu amigo taurídeo que pastava sempre em sua vila e trocava com ele duas ou três palavras diariamente. Tomado de fúria e fome o homem não pensou muito, pegou a bandeja de ouro que trazia as frutas, a amassou dando a forma de uma estaca e atacou o dragão, perfurando vezes sem conta. No fim permaneceram sem vida na clareira o touro e o dragão.

Triste e desolado ele decidiu que devia queimar os corpos.

O cheiro unido a fome dos tribais fez a loucura e o desespero tomar conta. Assim, homens e mulheres da tribo arrancaram nacos da carne do dragão e com ele mataram sua fome.

— O que aconteceu depois? — perguntou uma mulher desesperada.

— Depois... — disse Menelak com pensamento distante. — Depois disso começou a Grande Guerra e a Era dos Fortes teve início.

Algumas crianças olhavam em volta perplexas e viam alguns rostos furiosos, alguns chocados e o de algumas mulheres cobertos de lágrima.

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         Verena estava emocionada com a bela e reveladora história de Menelak. Sem que esperasse sua mãe, seu pai e um irmãozinho se aproximaram dela, sua mãe chorava e o pai tinha um semblante sério, porém demonstrava aprovação para com a esposa.

— Filha, Menelak conversou com a gente pessoalmente. Não faz mais sentido obedecer aos deuses Howaráks. Volte para a casa, filha. Não importa se rejeitarem você. Nós queremos você de volta.

Verena correu para o abraço da mãe e do irmão. Nada poderia deixá-la mais feliz. Embora estivesse indecisa entre seguir a vida simples na aldeia ou acompanhar aqueles incríveis, honrados e bondosos Nay'Zays, por hora seria a filha protegida e amada pelos pais.

— Tenho tanta coisa pra contar pra vocês — disse ela extremamente alegre e empolgada.

O pai a abraçou, beijou sua cabeleira dourada e olhou em volta buscando olhares de reprovação dos aldeões. Não encontrou mais que um outro dois. Seguiram para casa. — Desculpa, filha! Nunca desejei que você fosse oferecida para apaziguar os deuses. Nunca mais deixarei levarem você!

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        No dia seguinte Menelak foi com Gerusa conversar com os antigos escravos camponeses, enquanto a numerosa mão de obra Nay'Zay, liderada por alguns com experiência em construção começou a erguer a casa de Glarendel e Jaliska. O casal havia decidido erguer a casa nos limites da aldeia, próximo da floresta, mas também nas bordas dos campos de plantio. Alguns direcionavam, outros cortavam toras com suas espadas magníficas ao invés de machados, alguns pregavam e muito rapidamente a casa começava a tomar forma. Como as demais casas da aldeia, seria rústica e com apenas dois aposentos, mas nessa noite já teriam um teto e uma casa para chamar de sua. Seriam os primeiros Nay'Zays a ter um lar em milênios.

Ao fim da tarde Jaliska estava feliz em meio a simplicidade da casa recém construída e ainda cheirando a pinheiro e carvalho úmido, mas fez questão de receber uma e outra amiga e partilhar algo quente, saboroso e cheiroso.

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