𝑻𝒆 𝑭𝒂𝒍𝒕𝒂 𝑶́𝒅𝒊𝒐... | ᴵᵗᵃᶜʰᶦ ᵁᶜʰᶦʰᵃ

Reencontro

M

eu mundo congelou diante da visão dela. Hinami estava ali, em toda sua presença imponente. A sensação de leveza que permeava o ambiente encontrava explicação na figura dela. Seus olhos encontraram os meus brevemente antes de desviar, revelando uma serenidade incomum em sua expressão. Um sorriso sutil adornava seus lábios, mas a centelha radiante que costumava iluminar seu rosto parecia eclipsada. Sua postura exalava uma aura de superioridade, e ao se assentar à mesa, seu semblante não acolhia amizade, mas sim melancolia contida. Apesar disso, ela interagia com os demais e esboçava sorrisos esporádicos, cumprimentando aqueles que não estavam presentes quando chegou, inclusive a mim, como se eu fosse um estranho. Tal atitude despertou minha irritação, embora eu permanecesse em silêncio e imóvel.

Hidan- Não se preocupe com Itachi. Ele é assim mesmo, não é nada pessoal, Hinami. -proferiu Hidan em tentativa de explicação.

Hinami apenas assentiu em silêncio, sem oferecer resposta.

Enquanto todos começavam a se servir à mesa, ela engajava-se em conversas animadas com os demais. Contudo, sua alegria anterior dera lugar a uma serenidade controlada e uma gentileza contida. O brilho juvenil havia cedido espaço a uma maturidade inesperada, transformando-a em uma beleza estonteante que mal reconhecia. Embora meu espanto fosse palpável, mantive-o dissimulado. Ela revelava um lado brincalhão ao provocar os rapazes para seu próprio deleite, apreciando suas reações irritadas. Em alguns momentos, seus olhares se cruzavam com os meus de maneira enigmática, mas ela não dirigia palavra alguma a mim. O jantar transcorreu sem incidentes até seu término, quando Hinami voluntariou-se para lavar a louça. No entanto, Konan interveio por considerá-la recém-chegada à casa e logo as duas se retiraram para seus quartos. Eu segui para o meu próprio aposento e me deixei cair sobre a cama, incapaz de compreender plenamente o que acabara de presenciar.

Não me recordo do momento em que adormeci, apenas sei que era de madrugada quando senti a necessidade de ingerir água. Levantei-me da cama e dirigi-me à porta, deixando o quarto e descendo a escada em direção à cozinha. Ao chegar lá, percebi que a luz já estava acesa. Ao adentrar o cômodo, deparei-me com Hinami. Sua postura era peculiar... Foi então que notei algo: ela segurava uma cartela de medicamentos. Ingeriu vários de uma só vez e os acompanhou com água. Ao perceber minha presença periférica, reagiu com um salto quase derrubando o copo no chão, porém conseguiu segurá-lo a tempo. Seu olhar para mim era sereno, mas também carregava um leve desdém. Ela estreitou os olhos e guardou os remédios no bolso.

Itachi- Está se dopando?

Hinami- Isso não lhe diz respeito.

Itachi- Creio que diga sim.

...

Hinami apressou-se em deixar a cozinha e dirigiu-se ao banheiro. Tentei ignorar a situação; não tínhamos mais nenhum vínculo, então achei melhor me manter em silêncio. Bebi minha água e retornei aos quartos. Ao passar pelo quarto dela, com a porta entreaberta, espreitei para dentro e pude avistar um coelho de pelúcia sobre a cama. Reconheci-o imediatamente; era o presente que lhe dei anos atrás ao pedi-la em namoro. Ela ainda o mantinha consigo... Aparentemente, continuava a dormir abraçada a ele até hoje.

Ela parece continuar sendo a mesma Hinami de anos atrás por dentro...

A única coisa que me incomodava era o porquê dela estar ali, por que ela havia se renegado? Por que se tornou alguém ruim? Por que ela simplesmente está aqui? Por que ela estava se dopando? Eu ainda nutria sentimentos profundos por ela?

Eram várias perguntas, mas apenas uma dela eu tinha a resposta.

Eu ainda era perdidamente apaixonado por Hinami, e isso era inegável...