Capítulo 18

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No momento em que Penelope assentiu - um instante antes, na verdade -, teve consciência de que concordara
com mais do que um beijo. Não sabia ao certo o que fizera Colin mudar de ideia, por que num minuto estava tão furioso com ela e no seguinte, tão carinhoso e terno.
Não sabia ao certo, mas a verdade era que não precisava saber.
De uma coisa tinha certeza: ele não estava beijando-a com tanta doçura para castigá-la. Alguns homens até podiam usar o desejo como arma, a tentação como vingança, mas Colin não era um deles.
Simplesmente não fazia parte de sua personalidade.
Por mais libertino e travesso que fosse, apesar de todas as brincadeiras, do jeito zombeteiro e do humor sonso, era um homem nobre. E seria um marido bom e honrado.
Sabia disso tão bem quanto conhecia a si mesma.
Se ele a estava beijando com tanta paixão, deitando-a em sua cama, cobrindo-lhe o corpo com o seu, era porque a desejava, porque se importava com ela o suficiente para superar a raiva.
Importava-se com ela.
Penelope correspondeu ao beijo com cada fibra do seu ser, com cada canto da sua alma. Amava aquele homem havia muitos anos, e o que lhe faltava em experiência era compensado em fervor. Agarrava-lhe os cabelos e se contorcia embaixo dele, sem se importar com a própria aparência.
Agora não estava numa carruagem, e tampouco na sala de visitas da mãe dele. Não havia o temor da descoberta,

nenhuma necessidade de parecer apresentável dali a dez minutos.
Aquela era a noite na qual podia demonstrar tudo o que sentia por ele. Corresponderia a seu desejo e, silenciosamente, faria as próprias promessas de amor, fidelidade e devoção.
Quando a noite chegasse ao fim, ele saberia que Penelope o amava. Talvez ela não pronunciasse as palavras - talvez nem mesmo as sussurrasse -, mas ele saberia.
Ou talvez já soubesse. Era engraçado. Fora tão fácil esconder sua identidade secreta como Lady Whistledown, mas tão difícil ocultar os sentimentos cada vez que olhara para ele.
- Quando foi que comecei a precisar tanto de você? - sussurrou Colin, encostando a ponta do nariz no dela.
Penelope fitou os olhos dele, que a encaravam, escuros à luz indistinta da vela, mas muito verdes em sua memória. O hálito dele era quente e despertava partes de seu corpo nos quais ela nunca se permitira pensar.
Os dedos dele viajaram até as costas do seu vestido, movendo-se com habilidade pelos botões até que ela sentiu o tecido afrouxar, primeiro em torno do seios, depois ao redor das costelas e, em seguida, na cintura.
Então, já não estava mais lá.
- Meu Deus, você é tão linda - sussurrou ele.
Pela primeira vez na vida, Penelope realmente acreditou
que podia ser verdade.
Havia algo muito perverso e excitante sobre estar quase
nua diante de outro ser humano, mas ela não teve vergonha. Colin a olhava com tanto afeto e a tocava com tanta reverência que Penelope não sentiu nada além de uma avassaladora sensação de que estava destinada àquilo.
Os dedos dele roçaram a pele sensível do seio, primeiro provocando com a unha, depois acariciando de modo mais suave e em seguida retornando à posição original, próximo à clavícula.

Algo dentro dela enrijeceu. Ela não soube dizer se era o toque ou a forma como ele a olhava, mas algo a fez mudar.
Ela se sentiu estranha.
Maravilhosa.
Colin estava ajoelhado ao lado dela na cama, ainda
completamente vestido, olhando para seu corpo com uma expressão de orgulho, de desejo, de possessividade.
- Jamais sonhei que você seria assim - sussurrou ele, roçando a palma da mão de leve no mamilo dela. - Nunca imaginei que a desejaria assim.
Penelope sorveu o ar enquanto um espasmo de sensações a percorreu. Mas algo nas palavras dele a inquietaram e ele deve ter percebido isso em seus olhos, porque indagou:
- O que foi? O que há de errado?
- Nada - retrucou ela, então se arrependeu.
O casamento deles deveria se basear na franqueza, e não
seria bom para nenhum dos dois se ela escondesse o que sentia de verdade.
- Como imaginou que eu seria? - perguntou, baixinho.
Ele se limitou a fitá-la, claramente confuso com a pergunta.
- Você disse que nunca sonhou que eu seria assim - explicou ela. - Como imaginou que eu seria?
- Não sei - admitiu ele. - Para ser sincero, até as últimas semanas acho que nunca tinha pensado a respeito.
- E desde então? - insistiu ela, sem saber ao certo por que precisava que ele respondesse.
Com um movimento ágil, Colin se esparramou sobre ela, fazendo o tecido do colete roçar sobre o seu ventre e seios, até o nariz tocar o dela e o hálito esquentar a sua pele.
- Desde então - sussurrou ele com a voz rouca -, pensei neste momento mil vezes, imaginei cem pares de seios diferentes, todos encantadores, desejáveis, cheios e implorando a minha atenção, mas nada, e me deixe repetir para você entender bem, nada chegou perto da realidade.
- Ah. - Isso foi tudo o que ela conseguiu pensar em dizer.

Os segredos de Penélope FeatheringtonOnde histórias criam vida. Descubra agora