Capítulo 19

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Não foi muito difícil adiantar a data do casamento.
Ocorreu a Colin, enquanto voltava para casa, em Bloomsbury (depois de sorrateiramente deixar Penelope, toda descomposta, na casa dela em Mayfair), que talvez houvesse um ótimo motivo para se casarem mais cedo do
que o programado.
É claro que seria muito improvável que ela engravidasse
após uma única vez. E, mesmo que isso acontecesse, o bebê nasceria depois de oito meses, o que não era nada suspeito num mundo repleto de crianças nascidas apenas seis meses depois do casamento dos pais. Sem contar que primogênitos costumavam atrasar (Colin tinha sobrinhos o suficiente para saber que era verdade), o que faria do bebê um rebento de oito meses e meio, algo nada incomum.
Então, de fato, não havia qualquer necessidade urgente de adiantar o casamento.
A não ser pelo fato de que ele queria.
Assim, teve uma "conversinha" com a mãe e a sogra, durante a qual comunicou muita coisa sem revelar nada de explícito, e elas logo concordaram com o plano dele de apressar o enlace.
Sobretudo por ele talvez as ter levado a entender, equivocadamente, que era possível que as intimidades entre os dois tivessem ocorrido várias semanas antes.
Ah, bem, mentirinhas inocentes não eram uma transgressão tão grave assim quando contadas para servir a um bem maior.
E um casamento às pressas, refletiu Colin, deitado na cama, noite após noite, revivendo o momento vivido com

Penelope e desejando com fervor que ela estivesse ali, a seu lado, definitivamente servia a um bem maior.
Violet e Portia, que haviam se tornado inseparáveis nos últimos dias, enquanto planejavam o evento, protestaram com relação à mudança, preocupadas com boatos maliciosos (que nesse caso seriam verdadeiros), mas Lady Whistledown veio em seu auxílio, mesmo que de forma indireta.
Os rumores que giravam em torno de Lady Whistledown e de Cressida Twombley - se de fato as duas eram a mesma pessoa - dominavam Londres como jamais acontecera com outro assunto. Na verdade, o mexerico era tão poderoso que ninguém parou para pensar que a data do casamento Bridgerton-Featherington fora trocada.
O que convinha perfeitamente às duas famílias.
Exceto, talvez, a Colin e Penelope, pois nenhum dos dois se sentia muito à vontade quando o tópico da conversa era Lady Whistledown. Penelope já estava acostumada, é claro: não se passara uma única semana nos últimos dez anos sem que alguém especulasse sobre a identidade de Lady Whistledown na sua presença. Mas Colin continuava tão transtornado e irritado em relação à sua vida secreta que ela mesma passara a se sentir desconfortável. Tentara trazer o tema à tona algumas vezes, mas ele se tornara taciturno e lhe dissera (num tom que não combinava nada com ele) que não queria falar sobre o assunto.
A única conclusão a que podia chegar era que ele sentia vergonha dela. Ou, se não dela, precisamente, então de sua obra como Lady Whistledown. O que de certa forma lhe partia o coração, pois os seus escritos eram uma parte de sua vida da qual ela se orgulhava muito. Penelope havia realizado alguma coisa. Ainda que não pudesse assinar o próprio trabalho, tinha se tornado um sucesso estrondoso. Quantos de seus contemporâneos, homens ou mulheres, podiam dizer o mesmo?

Ela talvez estivesse pronta para deixar Lady Whistledown para trás e viver uma nova etapa de sua existência como Sra. Colin Bridgerton, esposa e mãe, mas isso não significava, de maneira alguma, que se envergonhasse do que fizera.
E queria que Colin também se orgulhasse das suas realizações.
Sim, ela acreditava com cada fibra de seu ser que ele a amava. Colin jamais mentiria sobre uma coisa dessas. Podia pronunciar palavras de efeito e oferecer os sorrisos mais provocantes para fazer qualquer mulher feliz e satisfeita sem dizer palavras de amor que não sentisse. Mas talvez fosse possível - na realidade, depois de avaliar o comportamento de Colin, ela agora tinha certeza de que era possível - alguém amar outra pessoa e, ainda assim, sentir vergonha dela. Penelope só não havia esperado que isso doesse tanto.
Passeavam por Mayfair certa tarde, dias antes do casamento, quando ela tentou mencionar o assunto outra vez. Não soube por que fez isso, já que imaginava que a atitude dele não teria mudado por milagre desde a última vez, mas não conseguiu evitar. Além do mais, teve esperança de que o fato de estarem em público, à vista de todos, fosse forçar Colin a manter um sorriso no rosto e ouvir o que ela tinha a dizer.
Ela calculou a distância até o Número Cinco, onde eram aguardados para o chá.
- Eu acho - começou, imaginando que tinha cerca de cinco minutos para falar antes que ele a conduzisse para dentro da casa e mudasse o rumo da conversa - que temos um assunto pendente que precisa ser discutido.
Ele ergueu uma das sobrancelhas e olhou para ela com um sorriso curioso, mas ainda bastante brincalhão. Ela sabia muito bem o que ele tentava fazer: usar a sua personalidade encantadora e espirituosa para conduzir a conversa na direção que desejava. A qualquer minuto, ele

Os segredos de Penélope FeatheringtonOnde histórias criam vida. Descubra agora