Epílogo

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Praça Bedford, Bloomsbury LONDRES, 1825
- Chegou! Chegou!
Penelope ergueu os olhos dos papéis espalhados sobre a
sua escrivaninha. Colin estava no vão da porta do seu pequeno escritório, saltando de um pé para o outro como um menino.
- O seu livro! - exclamou ela, levantando-se com toda a rapidez que o corpo desajeitado lhe permitiu. - Ah, Colin, deixe-me ver! Deixe-me ver! Estou ansiosa!
Ele não conseguia parar de sorrir enquanto lhe entregava a obra.
- Ahhhh - disse ela, com reverência, segurando o fascículo fino e encadernado em couro. - Minha nossa... - Levou o livro até a altura do rosto e respirou fundo. - Você não adora esse cheiro de livro novo?
- Olhe só para isto, olhe só para isto - disse ele, impaciente, apontando para o próprio nome na capa.
Penelope ficou radiante.
- Olhe só. E tão elegante, também. - Correu o dedo pelas palavras enquanto lia. - Um inglês na Itália, Colin Bridgerton.
Ele parecia prestes a explodir de orgulho.
- Ficou bonito, não ficou?
- Mais do que bonito. Ficou perfeito! Quando sai Um inglês
no Chipre?
- O editor disse que vão lançar um a cada seis meses.
Querem publicar Um inglês na Escócia depois.

- Ah, Colin, estou tão orgulhosa de você...
Ele a tomou nos braços e descansou o queixo no topo da cabeça dela.
- Eu não poderia tê-lo feito sem você.
- Poderia, sim - respondeu ela, com convicção.
- Apenas fique quieta e aceite o elogio.
- Muito bem, então - retrucou Penelope, sorrindo, embora
ele não pudesse ver o seu rosto -, não poderia. É claro que jamais teria sido publicado sem uma editora tão talentosa.
- Quem sou eu para discordar? - disse ele, beijando-lhe o topo da cabeça antes de soltá-la. - Vá se sentar. Não devia passar tanto tempo de pé.
- Estou bem - garantiu ela, mas obedeceu mesmo assim.
Colin vinha sendo excessivamente protetor desde o instante em que ela dissera que estava grávida; agora, a apenas um mês da data prevista para o nascimento do bebê, ele andava insuportável.
- O que são esses papéis? - perguntou ele, olhando para os rabiscos dela.
- Isso? Ah, nada. - Ela começou a juntar as páginas em pilhas. - Só um pequeno projeto no qual estou trabalhando.
- É mesmo? - Ele se sentou diante dela. - O que é?
- Err... bem... na verdade...
- O que é, Penelope? - insistiu ele, achando cada vez mais
graça da gagueira dela.
- Tenho andado ansiosa desde que acabei de editar os
seus diários - explicou ela -, e descobri que estava sentindo falta de escrever.
Ele sorria enquanto chegava o corpo para a frente. - O que está escrevendo?
Sem saber muito bem por quê, ela ruborizou.
- Um romance.
- Um romance? Ora, mas que sensacional, Penelope! - Acha mesmo?
- Mas é claro que acho. Como se chama?

- Bem, só escrevi algumas páginas - respondeu ela -, e ainda há muito a ser feito, mas acho que se eu não decidir mudar muita coisa, vai se chamar A moça invisível.
Os olhos dele se encheram de afeto, ficando quase embaçados.
- É mesmo?
- É um pouquinho autobiográfico - admitiu ela.
- Só um pouquinho?
- Só um pouquinho.
- Mas tem final feliz?
- Ah, é claro - disse ela, fervorosamente. - Tem que ter.
- Tem que ter?
Ela estendeu a mão por cima da escrivaninha e a colocou
sobre a dele.
- Eu só escrevo finais felizes - sussurrou. - Não saberia
escrever qualquer outra coisa.

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Link do livro em PDF:

Os segredos de Penélope FeatheringtonOnde histórias criam vida. Descubra agora