Prólogo

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Lisa

Eu sempre soube que não teria um final feliz, mesmo que sempre tenha gostado de contos de fadas e, por um momento da minha vida, tenha acreditado que poderia ser diferente, mas quando se está fadado a cumprir regras, você não pode fugir delas.

Para algumas pessoas, hoje deveria ser o dia mais feliz da minha vida, mas à medida em que eu caminhava por aquele tapete vermelho com pétalas de rosas que eu odiava, em direção ao meu futuro marido que era, ironicamente, o meu melhor amigo, eu tinha a plena certeza que vomitaria
antes de chegar ao altar.

Os sorrisos falsos dos convidados estavam me deixando enjoada, especialmente o da minha madrasta, a maior causadora da minha desgraçada.

Cada mínimo detalhe daquele casamento foi planejado por ela, detalhes que eu odiei. Ela estava feliz, eu não.

O peso da responsabilidade que eu carregava desde criança me sufocava ao ponto de querer gritar até perder as forças e a dor no meu peito crescia quando percebia que estava chegando ao meu maior castigo.

O meu noivo segurou a minha mão, oferecendo-me um fraco sorriso, o sorriso de quem não gostaria de estar aqui, assim como eu.

Seríamos infelizes juntos para cumprir o dever que nos foi dado.

Os seus lábios tocaram a minha testa em um beijo singelo e ele me guiou para ficar de frente para o padre, que deu início à cerimônia.

A minha mão suava em volta do buquê, enquanto os meus pensamentos só buscavam uma forma de desaparecer desse lugar.

O rugido de um motor atrapalhou a fala do padre e o mais estranho, era que o barulho estava muito perto. As pessoas começaram aolhar em volta para saber o que estava acontecendo e o estrondo de uma mesa sendo derrubada fez algumas mulheres gritarem.

Uma moto surgiu no meio da decoração e por onde passava, destruía alguma coisa.

Alguns seguranças corriam atrás dele e os garçons fugiam do seu caminho.

— O que está acontecendo?

— Alguém pare aquele louco!

Eu abri os lábios, só conseguindo acreditar no que estava vendo quando o motoqueiro parou em frente ao tapete vermelho e deu uma acelerada brusca, fazendo o meu coração bater mais forte em ansiedade.

A moto estava vindo em alta velocidade na mesma passarela na qual eu havia atravessado a alguns minutos atrás. Os convidados começaram a se levantar assustados e a minha madrasta ficou pálida, lançando um olhar raivoso em minha direção.

O meu noivo me lançou um olhar questionador e acusatório, como se soubesse que eu era cúmplice do que estava acontecendo. Mas a verdade, era que eu estava tão surpresa como ele. Eu não imaginava que o causador daquela bagunça poderia aparecer aqui, não depois de tudo o que aconteceu.

A moto freou a centímetros de mim e, enquanto o padre e meu noivo haviam se afastado com medo, eu estava parada encarando o motoqueiro maluco, sabendo que ele nunca me machucaria.

Ele nunca iria me ferir como essas pessoas estavam fazendo. Ele era o motivo da minha tristeza por estar me casando, a razão do sorriso que se abriu agora em meu rosto, mesmo em meio ao desespero e confusão.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto quando ele tirou o capacete e me olhou com os olhos pretos intensos em que eu era apaixonada. Uma lágrima de dor e esperança.

Ele veio.

Ele vai lutar por nós.

Depois de toda a desgraça, havia salvação.

— Eu peço desculpas por atrapalhar essa horrorosa e patética cerimônia, mas a noiva me pertence. E quem ousar me impedir de levá-la agora, eu vou passar por cima. — Jk fez a sua ameaça, olhando para cada pessoa presente ali, principalmente a minha madrasta.

A dama é o lutador - Liskook / Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora