- Mãezinha. Você é a única que me salvaria dessa situação. - Eu suspirei olhando para o porta retrato em minhas mãos.
Na foto, a mulher loira estava sorridente e elegante, coberta de jóias enquanto segurava um troféu de melhor atriz daquele ano, ela era linda e feliz. Todas as fotos que eu tinha dela, o mesmo sorriso era contagiante, como se nada a abalasse, porque era livre, antes do câncer a matar, é claro.
A doença roubou a felicidade e a vida da minha mãe. Ironicamente, eu estava passando pela mesma situação, mas não era uma doença que estava roubando a minha vida, a minha liberdade estava sendo roubada por pessoas que deveriam ser a minha família.
Família deveria ser uma rede de apoio, um lugar para se correr em busca de segurança. Não o seu pior pesadelo.
Rosely gritou do andar debaixo, alegando que estávamos atrasadas.
Para me gritar dessa forma, ela já deve estar estressada pelos dez minutos que enrolei propositalmente apenas para irritá-la e adiar aquela droga de jantar. Todas as vezes que nos reunimos, a realidade batia à porta, mostrando que em poucos meses eu estaria completamente condenada.
Eu guardei o porta-retratos com cuidado, pedindo à minha mãe para que me desse boa sorte e sabedoria para lidar com mais um jantar com pessoas que decidirão o meu futuro, sem nem mesmo pedir a minha opinião.
- Que roupa é essa? - A minha madrasta perguntou horrorizada quando apareci na sala de estar.
Era exatamente essa reação que eu esperava quando me vesti assim.
- É um moletom. - Eu respondi o óbvio, nem um pouco interessada no surto que ela daria agora.
- Tire isso, você não vai jantar com o seu noivo assim.
Os seus olhos percorreram pelo moletom rosa da barbie com repulsa.
Ela deveria agradecer por eu ter deixado os meus cabelos soltos, estou até de tênis ao invés de uma havaiana.
- Estou bem confortável, podemos ir antes que eu desista e fique em casa estudando.
- Filha, obedeça a Rosely. Ela sabe o que está dizendo. - O meu pai falou impaciente, olhando as horas no seu relógio de pulso.
Ele estava sentado no sofá, e minha Spitz alemao se encontrava dormindo
aos seus pés, como a princesa que era.Brittany, impressionantemente,
gostava do meu pai, apesar dele ser um pouco seco quando se tratava de
sentimentos.- Se o meu "noivo" realmente gosta de mim, ele não irá se importar com o que estou vestindo. - Eu respondi um tanto irônica.
- Você não vai nos envergonhar na frente dos nossos sócios. Por que está debochando de mim, Lalisa? Está vendo como a sua filha é ingrata, amor? - A minha madrasta fez o drama de sempre.