Capítulo 6

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Os dias estavam sendo horríveis. Insuportáveis. Muito próximos dos piores dias da sua vida, porque a mente de Kara simplesmente não parava, assimilando tudo e prestando atenção em tudo. Cada toque em sua pele a fazendo querer vomitar.

Teve que aturar homens agressivos, homens que a humilhavam com palavras a custo do bel prazer, homens e mais homens. E mesmo o mais gentil, ainda a fazia querer gritar de revolta, de nojo.

Ela já havia passado por essa fase antes, ela já estava conformada, não sentia prazer e não ligava para a dor. Apenas vivia o que tinha que viver, pensando em qualquer outra coisa que não fosse o momento, o agora.

Tudo havia mudado. Ela podia sentir mãos que não eram de Lena e podia escutar a voz dela em sua mente dizendo "Minha proposta ainda está de pé".

Porque Kara não tinha aceitado? Porque não tinha confiança? Certamente não era, se Lena chegasse agora e falasse para ela entrar em seu carro, Kara entraria. Então porque tão relutante quando a proposta?

Talvez porque ela nunca dependeu de ninguém, sempre se virou sozinha desde que era criança e perdeu sua família. Talvez porque era simplesmente loucura colocar tanto peso e responsabilidade nas costas de alguém que conheceu a tão pouco tempo.

A questão era que esse alguém parecia realmente se importar com Kara e isso estava a destruindo a cada dia que passava.

Lena havia dito que não podia se envolver romanticamente com ela, porque é claro, quem iria querer uma garota de programa para algo romântico. Mas, ela ofereceu sua amizade, ofereceu ajuda.

Porque não conseguiu aceitar?

- Coloca as mãos pra trás, vou amarrar! – Ela escutou a voz do homem, que estava praticamente montado nela.

- Eu não faço esse tipo de sexo! – Kara respondeu.

- Como não faz? Você é uma prostituta, eu to pagando! – O cara falou.

- Eu posso ser quem for, você ainda precisa respeitar minhas regras. – A loira se arrastou pra longe dele. – Se quiser posso chamar quem faça!

O cara revirou os olhos e se levantou, parando com o membro em frente a sua cara. – Me faça gozar, vou pagar mais barato, vadia! – Ele segurou em seu cabelo com força.

E Kara fez o que tinha que fazer.

Bom, mais ou menos, porque quando ele saiu do quarto, ela continuou ali parada, sentindo aquele gosto horrível na boca.

Ele tinha quebrado a regra, era pra ele vestir uma camisinha e ele a tirou antes de praticamente se enfiar na boca de Kara. Mas, ela sabia bem que se ditasse outra regra e exigisse, as chances disso se tornar violento seria muito maior e gostava de evitar. Isso era melhor que apanhar ou ser forçada a coisas piores.

Passou a mão pela boca e começou a cuspir. Seus olhos enchendo de lágrima e ela podia sentir o pânico crescente em seu peito. Correu para o banheiro e lavou a boca, desesperada, sem enxergar direito, por causa das lágrimas que caiam forte.

Ela não ia aguentar. Fazia só três dias que Lena havia feito a proposta. Três dias que ela havia voltado para National City e enviado um áudio com o endereço dela e da L-Corp para caso Kara quisesse a visitar ou mudasse de ideia.

Só três dias e estava sendo tão tortuoso e enjoativo. Porque era isso que Kara queria fazer, vomitar tudo que ela vem aguentando todos esses anos. Porque é claro que não foram só esses três dias que a destruíram.

A percepção de que podia simplesmente dali estava tornando tudo mais tortuoso, mas foram todos esses anos. 8 anos aguentando isso.

O que ela estava fazendo? Ela podia sair dali. Iria passar quanto tempo a mais ali? Passar tempo suficiente para que Lena desistisse da ideia? Ela não podia deixar isso acontecer, ela precisava agarrar a oportunidade.

Quando em Vegas - KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora