De um mundo conhecido,
Em um tempo qualquerVocê se lembra quando me levou naquela coluna de pedras para ver o pôr do Sol? Eu estava tão apaixonado por você. A sua voz me invadia, seu corpo se juntava ao meu. Éramos um só. Corpos encaixados como perfeitos passos de dança. Coreografias do possível. Seus olhos refletiam o brilho do Sol. Era tão lindo ver a pureza e sinceridade nas janelas de sua alma. Eu não queria somente aquilo. Eu não queria seu corpo. Eu não queria suas riquezas. Eu queria sua bela alma. Queria amá-la como se fosse minha. Como se precisasse de mim para continuar. E realmente, precisava.
Ah, meu amor, tu sabias me olhar. E eu nunca fui capaz de saber o que tanto lhe agradou em mim. Mas o amor foi capaz disso tudo. O seu amor. O nosso amor. Foi capaz de nos juntar, mesmo que fosse tão improvável para qualquer mundo. Qualquer realidade. Qualquer projeto minucioso de vida.
Uma brisa suave ultrapassava o meu corpo. Meus pelos arrepiavam como pequenas agulhas. Minha alma tomava conta de meu corpo. Já não era mais eu quem estava ali presente naquela breve tela do Universo. Era a exposição da minha alma. Alma que é presente. Que se exibe sem precisar de um espaço. Simplesmente se desabrocha como uma pequena flor. Natureza criada que precisa ser cuidada. E sinto, sinto muito, que o Sol me cura de todas as coisas que me perseguem. Das minhas limitações, das minhas fragilidades, de meu ego mais inflado, de minha prepotência em achar que sei viver sem minha perversidade, minha insegurança em simplesmente ser eu. Me agarro firme naquelas pedras que sustentam o meu corpo. Quem sabe elas não me norteiam para alguma direção. Algum lugar que me tire do natural. Do cotidiano incerto e difícil de lidar. Das almas que transcendem a cada manhã desocupada, que fazem questão em surgir mesmo que eu não peça. Malditas manhãs!
Pássaros passeavam pelo horizonte alaranjado. Todos em perfeita sintonia, ou pelo menos respeitavam os seus limites de voo. Eu às vezes queria ser um deles. Eu amaria ter a liberdade de voar para lá e para cá sem um rumo definido. Na verdade, não sei definir um rumo para isso que chamo de vida. Talvez seja este o segredo de viver uma vida bem vivida. Sinto a necessidade de escrever cada asa que bate lá em cima. Cada vento que toca o meu corpo. Cada abraço da natureza que me desperta de minha distração diária. Lembro das minhas idades. Das minhas vastas fases, que logo passaram. Logo se desintegraram em mil memórias. Confesso que estou tão apaixonado que sou capaz de misturar o presente, passado e futuro em um só tempo. Tudo isso para ter você. Teríamos um amor eterno enquanto durasse. Ou não. Ele poderia me destruir assim como os outros fizeram. Espero que o nosso amor não faça o mesmo conosco. Espero que você não me machuque tanto quanto eu pude fazer isso comigo mesmo. Então, escreva sobre mim. Não, espere. Escreva sobre ti. É o que está certo.
Você entende?
Ass. Do seu amor que ainda é apegado às coisas de momentos passados.
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MIL VIDAS
PoetryVocê já teve a coragem de se perguntar: "Quem Sou Eu?" O que é a vida e como buscar a sua verdadeira identidade? Qual é a sua missão neste mundo tão vasto? Em "Mil Vidas," a diversidade de gêneros literários busca revelar a essência da alma humana...