♤ I ♤

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-- você deveria parar de fumar.

-- eu sei.

-- então por que continua?

-- eu não sei.

[...]

E de novo... saindo do mercado com algumas sacolas em seu braço e em sua outra mão um cigarro.

-- cheguei!

-- seja bem vinda Liddy.

-- Obrigada Hanna.-- diz enquanto deixava as sacolas em cima da mesa.

-- "Desde que eu conheci a Liddy ela costumava fumar. Fumava quando não conseguia dormir, quando estava ansiosa... ela as vezes sumia por uma hora e meia e quando voltava ela escovava seus dentes.-- Hanna pensa.-- Liddy já passou muitas coisas..."

-- tá com fome Liddy?

-- Não.

Hanna e Liddy, colegas de apartamento e trabalho.

Liddy entra em seu quarto e fecha sua porta. Ela vai até o criado mudo do lado de sua cama retirando uma caixa de cigarros e um isqueiro.

Ela se senta em no parapeito de sua janela e lá, ela acende seu cigarro.

-- "eu fumo demais... mas é igual roer unhas, depois que começa você não para.-- ela pensa.-- eu fumo aqui, na rua... e até mesmo no teatro. Eu sempre falo que vou parar mas quando vejo... lá estou eu..."

-- preciso relaxar a cabeça.

Liddy com cuidado pula a janela de sua casa e começa a correr sem rumo.

Quando ela se deu conta que estava na praça que sempre costumava fumar.

Uma brisa bateu balançando seus cabelos, e uma mão toca seu ombro.

-- Liddy.

Liddy se vira e arregala seus olhos ao ver quem era.

-- eu já não te falei pra parar de fumar!? Se continuar eu te avisei que vou te demitir.-- diz o diretor.-- você é tão bela... e é uma ótima atriz sabia? Desse jeito... você vai envelhecer rápido demais.

-- perdão.

-- você sempre diz isso... e quando eu viro as costas você está fumando de novo!

-- tem razão. Eu vou tentar parar.

-- por favor Liddy... para enquanto dá tempo.

-- certo.

-- volta pra casa. Hanna deve estar preocupada.

-- até amanhã diretor.

No caminho, Liddy para em uma conveniência e compra alguns pirulitos.

Ela abre um deles e começa a chupa-lo para tirar o gosto do cigarro.

E todo dia era esse ciclo.

Fumar, se arrepender e chupar um pirulito.

Liddy entra novamente pela janela de sua cada e Hanna já a esperava sentada em sua cama.

-- até que voltou cedo hoje.

-- pois é.

-- vou deixar você dormir. Boa noite Liddy.

Hanna se aproxima de Liddy e beija sua testa.

-- boa noite Hanna.

[...]

-- sua cara está péssima Liddy.

-- bom dia Hanna.

-- tá com fome?

-- não.

-- já vai sair?

-- sim.

-- te vejo lá então.

[...]

-- Liddy.-- o diretor a chama.-- você está péssima.

-- perdão.

-- lembra do que conversamos ontem?

-- lembro.

-- Liddy... seu desânimo... você não era assim.

-- diretor, nos conhecemos tem pelo menos 10 anos. Tudo muda.

-- você mudou pra pior.

-- agora não tem mais volta.

-- "Liddy costumava ter um brilho único. Ela sorria, dançava... sem contar aquele brilho nos olhos que só ela tinha. Pobrezinha da Liddy, sempre dizia que iria parar, mas ela nunca realmente parava. Ela só dizia."-- pensa o diretor.

-- pausa de 5 minutos!

Todos os atores que estavam ali se retiram. Exceto Liddy que estava indo para fora do teatro.

-- Liddy!!! Você vem aqui!!-- o diretor a chama.

-- merda...-- ela sussurra a si mesma.

Liddy segue o diretor até sua sala, e lá se senta na cadeira de seu escritório ficando de frente com ele.

-- você estava indo fumar né? Por favor... não mente pra mim.

-- sim...

-- por favor Liddy... este é meu último aviso. Para.

-- diretor... eu sempre digo que não vou mais fumar, e mesmo assim eu fumo. Tá tarde já...

-- eu sei que um dia você irá parar... e se não resolver...

-- eu entendi.

-- vai pra casa Liddy.

-- certo. Até amanhã diretor.

[...]

-- "a Hanna não está em casa."-- Liddy pensa.

Liddy vai até a gaveta da cozinha e pega um pirulito.

Até porque ela veio fumando no caminho.

-- como será que eles estão?

♤♡◇♧

cigarettes out the window ♤ Haruchiyo SanzuOnde histórias criam vida. Descubra agora