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Clarissa estava na recepção do hospital, andando de um lado para o outro, prestes a fazer um buraco no piso, sentindo o medo tomar conta de sua mente, a culpa apertando seu coração

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Clarissa estava na recepção do hospital, andando de um lado para o outro, prestes a fazer um buraco no piso, sentindo o medo tomar conta de sua mente, a culpa apertando seu coração. Estava ali sem muitas notícias, apenas sabia que o provável diagnóstico era um pico de pressão, mas a equipe não havia deixado  que ela acompanhasse Flora, devido ao fato de precisarem estabilizá-la o mais rápido possível, sem nenhuma interferência, e ela naquele momento não parecia bem o suficiente para não atrapalhar o trabalho deles.

Como a  pressão da mais nova havia subido, aquilo causava uma elevação da força do sangue contra a parede das artérias, o que levava a um risco maior para ela, por conta do aneurisma. Esse aumento no interior da artéria poderia causar o rompimento, sendo esses um dos fatores de maior risco.

Clarissa não parava de sentir-se culpada, não imaginava que um simples passeio a faria parar em um hospital novamente, nem de longe pensou que pudesse fazer tão mal assim a Flora.

Logo as lágrimas desceram pelo seu rosto, o medo a consumia aos poucos, um possível rompimento poderia ser fatal para sua amiga, e ela não podia perdê-la assim, não depois de tudo, depois de tanto tentar convencê-la a fazer a cirurgia, e não conseguir. E não podia aguentar saber que ela havia a levado diretamente para o olho do furacão. Sentindo o corpo fraquejar, ela foi até umas das cadeiras da recepção, sentando com os braços apoiados no joelhos, e as palmas das mãos junto a cabeça enquanto as lágrimas caíam.

Sentia que talvez em alguns minutos ela precisasse de atendimento também, se não tivesse notícias, ela levou o olhar pela sala, encontrando outras pessoas na mesma situação, algumas choravam como ela, outras murmuravam coisas, outros pareciam mais conformados, ela achou que estaria assim no dia que algo acontecesse, pois ao longo do tempo vinha tentando aceitar a decisão de Flora, e a finitude da vida. Mas era claro que não há como não sentir uma perda, ou uma possível perda, não há como não sentir dor e medo, não existe a receita da aceitação.

Fontanna já havia avisado a Raphael, mesmo que no final não fosse nada grave, pediu que tentasse contar a Joaquín do melhor modo possível, e controlasse ele, pois sabia que ele não reagiria bem, e o mais importante, que não mencionasse a doença, não havia como omitir que Flora havia precisado ser hospitalizada, já que os dois tinham passado a viver juntos e ele acharia estranho se ela não voltasse, mas contar sobre tudo, ainda era um direito dela.

Clarissa já estava ficando agoniada, sem nenhuma informação, sem noção do paradeiro de Flora após passar da porta do pronto socorro, e em um impulso, levantou-se indo até as atendentes, ela precisava de notícias, não podia mais esperar.

― Boa noite, preciso saber se os procedimentos com Flora Scarpa já acabaram. ― as recepcionistas mal a olharam, apenas uma delas digitou algo no computador sem lhe dar muito atenção.―  Vocês tem alguma notícia? ― questionou.

― Não temos informações ainda, provavelmente ainda estão fazendo os procedimentos. ― respondeu brevemente, olhando a tela.

― Como assim não tem informações? Ela já está lá a quase uma hora, isso não é possível. ―Clarissa rebateu, sentindo toda a má vontade da funcionária transparecer. ― Preciso saber de alguma coisa.

CONTAGEM REGRESSIVA ― JOAQUÍN PIQUEREZOnde histórias criam vida. Descubra agora