FLORA SCARPA
Naquele mesmo dia.Desço das escadas em silêncio para quê Angelina não percebesse a minha presença em casa. Eu precisava fingir que eu tinha acabado de chegar, ela não poderia desconfiar de nada. Por fim, ando até a porta e abro a mesma saindo para o lado de fora, demoro alguns segundos e volto a entrar na casa.
― Flora, eres tú? ―abro um sorriso cínico ao ouvir a voz da governanta.
― Oi Angelina, cheguei! ―aviso ao andar até o sofá e me jogando no mesmo.
― Donde estaba, querida? ― desvio meu olhar para a sala de estar encontrando com a mais velha chegando. ―Fue en su habitación y no encontraba usted. ―comentou e eu forcei um sorriso.
―Estava preocupada comigo, Angel? ―sorrio provocativa.
― Bueno, yo achei que você estaba en el habitación del Joaquín. ―ela sorriu abertamente e eu arregalei os olhos.
―Que horror, Angelina. Como ousa pensar em uma coisa dessa? ― nego com a cabeça incrédula. ―Eu sou uma moça de família, mereço respeito.
― A cara nem treme né? ― Angelina riu sarcástica, eu ergui uma sobrancelha. ― Tú no me engana, Flora. Não mesmo. ― a olhei assustada enquanto ela me olhava sorrindo, negou com a cabeça e virou seu corpo para voltar a cozinha.
― Angelina, o quê você quis dizer com isso? ― pergunto com a voz elevada.
― Nada. Yo no dije nada! ―observo ela jogando as mãos no ar e assim sumindo da minha vista.
― Meu Deus, será que ela sabe? ―sussurro baixinho, em seguida pego uma almofada em cima do sofá e afundo meu rosto nela, começando a choramingar. ― Perdi a minha pose de marrenta. ― choramingo.
Solto o ar lentamente e estico meu braço pegando meu celular em cima da mesa de centro, desbloqueio o aparelho e entro no WhatsApp indo em direção ao chat com minha amiga.
A vida andava uma correria e isso acabava que eu não tinha tanto tempo para falar com Clarissa. Ela era a minha única amiga do passado que permaneceu comigo, eu não podia deixar ela sair da minha vida tão fácil assim, eu ainda sou Flora Scarpa e isso significa que eu ainda sei como encher o saco das pessoas.
É isso que vou fazer com ela.
Ligo para ela em chamada de vídeo e no segundo toque apareceu uma mulher com uma escova de dentes na boca.
― Lembrou que tem amiga, Flora Scarpa? ― ela proferiu com dificuldade. ― Eu sei que você deve tá matando a saudade do tempo que passou distante do Piquerez, mas não precisa abandonar a colega aqui. ―completou.
― Não é nada disso. ― neguei rapidamente.
―Ah, não é? Flora, quando foi a última vez que você me ligou? ― ela questionou e eu mordi meu lábio inferior. ― Mas tudo bem, eu já entendi que eu só sirvo quando não tem macho na sua vida. Eu só sou um tampa buraco. ―dramatizou e eu rolei os olhos.
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CONTAGEM REGRESSIVA ― JOAQUÍN PIQUEREZ
Fiksi PenggemarPalhaça. Era assim que Flora se sentia com a sua vida. Ela sentia que tudo a sua volta, gostava de pregar uma peça com ela e a fazia de palhaça. Foi assim quando descobriu que era portadora de uma doença. Também foi assim quando ficou sabendo que se...