Capítulo XVI - Eu e você?

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Já eram quase oito horas da noite e eu ainda não conseguia decidir que roupa usar, parecia que era a primeira vez que eu ia para uma festa, me sentia uma menininha de dezessete anos de novo decidindo o que vestir e morrendo de ansiedade antes dele chegar. O reflexo no espelho dizia que estava tudo bem, eu estava linda, eu sou linda, não me falta confiança na minha aparência. Eu tinha feito uma maquiagem brilhante dessa vez, uma sombra cintilante clara, bastante rímel e um delineado singelo, passei blush e um gloss cor de chocolate. Meu cabelo longo e marrom escuro estava bem alisado com algumas ondas que eu tinha feito com o babyliss. Finalmente decidi que roupa usar, uma camiseta colada preta e uma saia reta curta, passei um cinto brilhante em volta e calcei um tênis baixo. Parecia perfeito, eu não estava exagerada como de costume, estava mais básica, eventualmente uma garota com a minha beleza não passa despercebida nem vestindo apenas um pijama. Eu sei como ser confiante, eu sei como fingir bem. Assim que Nicolas mandou mensagem eu desci, peguei minha bolsinha e corri até o elevador.

Lá em baixo me deparei com um carro grande e bonito, era um Mercedes preto alto. Eu achava que ele viria de moto, em todas as vezes eu via ele com uma moto. Quando entrei no carro o cheiro do perfume masculino me atingiu em cheio, era um perfume maravilhoso, fiquei olhando para ele por alguns segundos ainda entorpecida pelo cheiro. Naquele momento reparei como ele estava vestido, um casaco de couro marrom por cima da blusa preta, uma calça jeans, alguns anéis e aquele mesmo cordão dourado de sempre. Fingir estar namorando com Nicolas era uma ação arriscada, errar o caminho e acabar colidindo com a boca dele sempre poderia ser uma opção. Ele me olhou de cima a baixo quando eu sentei e fechei a porta, imediatamente meu rosto esquentou, nenhum cara me fazia sentir assim, nenhum cara nunca me deixava tão intimidada.

-Você não vai sentir frio? -foi a única coisa que disse, quebrando todo o clima.

-Você poderia começar com um, nossa você está linda... -ele me entregou um olhar desaprovador.

-Não comece a confundir as coisas, nós estamos fingindo, isso não é um encontro de verdade. -aquela frase me atingiu como uma pedrada na cabeça. Ele ligou o carro e começou a dirigir. -Por que eu diria isso para você se não somos nada? -começou a colocar lenha na fogueira.

-Ok, Nicolas, você tem um ponto. Parabéns...

-Ahh não, viu só, você já vai ficar nervosa de novo.

-Não estou nervosa, você que parece maluco.

-Eu? -ele me olhou com tanta inocência no olhar que eu quase soltei uma gargalhada. -Eu só disse que você ia sentir frio, sua saia é menor que sua bolsa. -que exagerado.

-E eu disse que você deveria ter me elogiado primeiro. É correto elogiar antes de ofender.

-Você se sentiu ofendida por eu ter me preocupado se você sentiria frio? -ele disse como se eu realmente tivesse exagerando.

-Nossa serio, esquece, você não vai entender.

-Ok. -ele suspirou e o som foi irônico mas segurei a risada. -Você está linda.

-Agora eu não quero mais, nem é genuíno. -revirou os olhos e eu fiquei chocada que ele conseguia ser tão abusado.

-Meu deus as mulheres são tão complicadas.

-As mulheres? Oi??

Ficou em silencio, eu olhei ao redor no carro não tinha nada de especial, o painel estava mostrando o caminho e ele dirigia com cautela e em silencio. Olhei para os bancos de trás, não tinha nada, tudo era um mistério em Nicolas, ainda não sabia nada sobre ele e isso me frustrava.

-Você também mora sozinho?

-Sim.

-É aqui perto?

-Não.

-Você só vai responder com sim e não.

-Sim.

-Como você é infantil Nicolas.

-Não. -bufei, podia ver um sorriso surgir no canto da boca dele, ele estava debochando de mim.

-A única coisa que sei sobre você até agora é que você tem uma covinha. -o sorriso se desfez na hora.

-Já sabe mais que muitas pessoas. -suspirei, abri um pouco o vidro para tentar dissipar um pouco daquele cheiro que me entorpecia. Ele não se incomodou, apenas me deixou a vontade.

-Você nunca pergunta nada sobre mim também.

-Eu não sou curioso. -me virei para olhar para ele.

-Você aceitou fingir que esta comigo mas não quer saber nada sobre mim.

-Não.

-Nossa Nicolas, que implicante. -outro sorriso apareceu em seu rosto, ele parecia gostar de saber que estava me deixando nervosa. -Você é sempre assim? Tão desagradável.

-Sempre. -naquele momento senti vontade de abrir a porta do carro e me jogar, ele estava tirando com a minha cara, e eu estava caindo em todas. Como ele conseguia me fazer de boba assim?

Quando chegamos no local da festa percebi que a republica era enorme, e muita gente estava circulando, meu coração disparou involuntariamente, me forcei a sair do carro, mas meu peito parecia que ia explodir, eu não podia ter uma crise agora. Tentei fazer o que Jude tinha me ensinado, concentrei minha respiração e tentei tranquilizar meus pensamentos. Tomei um susto quando senti os dedos dele deslizarem por entre os meus, ele segurou firme a minha mão e naquele momento eu nem conseguia mais respirar, olhei para ele, sua expressão estava serena.

-Fizemos um acordo, não é? Eu tenho que fazer a minha parte. -estava muito chocada para conseguir falar, apenas acenei com a cabeça e ele me puxou. Não tive tempo para deixar a ansiedade me dominar, quando me dei conta já estava entrando dentro da republica ao lado dele. Todos os olhares na nossa direção, mas a postura de Nicolas continuava firme e masculina, como se ele fosse maior que todos os outros. -O Jake mora nessa republica e a maioria dos garotos do time de basquete também. -sussurrou no meu ouvido bem próximo ao meu pescoço e seu hálito quente fez meu corpo ficar todo arrepiado. Quando ele se afastou de mim, encontrei o olhar dela no fundo da sala, Madison parecia estar cuspindo fogo pelos olhos. Ela estava com um problema, tentou resolver arrastando o Lucas primeiro, depois ela me arrastou para esse problema queimando minha imagem e consequentemente arrastou o Nicolas, então agora era a vez da gente dar o troco.

Eu não quero ser sua - O ponto de vista daquela que foi rejeitadaOnde histórias criam vida. Descubra agora