Capítulo V - Está tudo bem, foram só algumas mil mentiras

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Fui até a biblioteca procurar por alguns livros, precisava estudar um concerto e uma obra musical para a primeira prova que já estava marcada. Eu até que gostava de fazer as coisas da faculdade por conta própria, acabei descobrindo que gostava mais da musica do que imaginava. Meu pai e minha mãe concordaram que eu teria uma formação, isso seria bom para meu perfil, então decidimos que eu faria musica clássica, minha especialidade é o piano e eu tenho orgulho disso, o momento em que eu posso ser eu verdadeiramente é quando estou tocando, é libertador.

-Você está melhor? -ouvi essa pergunta enquanto buscava por livros na estante, me virei educadamente, a principio meus olhos não viram nada mas quando abaixei a visão lá estava ela.

-Ahn? Oi. -ela me olhava com o rosto erguido, acho que os prováveis um metro e cinquenta dela, faziam meu um e setenta parecer um e noventa. -Estou sim, obrigada. -ela apenas acenou com a cabeça e deu meia volta. -Ei, espera? Por um acaso está me perseguindo pelo campus? Não vai me pedir pra te seguir de volta, não é? -comentei enquanto olhava ao redor desconfiada, a garota não esboçou nenhum ar da graça.

-Você fala coisas confusas, não te entendo.

-Te seguir no insta ou em outras redes.

-No LinkedIn? Eu tenho um LinkedIn, é bom começar a atualizar desde agora, ainda quero ter minha própria empresa no ramo da computação.

-LinkedIn? -nossa conversa não parecia fazer sentido, se fossemos formas geométricas ela seria o triângulo e eu o retângulo não conseguíamos encaixar. -Esquece, desculpa. -nem sabia pelo que estava me desculpando, mas a confusão na nossa comunicação estranhamente me tirava de órbita. Acho que me desculpei por ter pensado que ela tinha segundas intenções em se aproximar de mim, o que tenho certeza que não é verdade, ela não aparece interessada em likes ou seguidores.

-Sobre o que você perguntou antes a resposta é não, eu não estou te seguindo. Estava ali sentada estudando na mesa de uns amigos e vi você, quis só perguntar como estava porque depois daquilo não te vi mais na festa. -ela apontou para uma mesa, Jake estava lá, e uns outros três garotos também.

-Você é amiga do Jake?

-Não. -ela ajustou o óculos no nariz. -Futura namorada. -disse com tanta certeza que engoli a seco.

-Ahh, legal. -olhei para ela e depois para Jake, os dois pareciam o casal mais improvável, ele é imenso, sem dúvidas tem mais que um metro e noventa, nem ouso chutar a largura de seus ombros, a palma da mão dele deve ser do tamanho do rosto dela. Consertei minha expressão, tinha certeza que estava sendo indelicada com minha cara de "analise de nível de compatibilidade entre os dois, taxa: 0%" -Se você não me conhece, meu nome é Victoria. -mudei de assunto.

-Me chamo Jude. Nessas duas vezes eu te vi sozinha, se não tiver amigos aqui na faculdade pode se sentar com a gente. -aquilo atingiu meu peito como uma flecha, respirei fundo, eu tenho milhões de seguidores menina... dei um sorriso que aposto que soou falso, mas ela não pareceu dar a mínima.

-Obrigada pela consideração, mas eu tenho amigos. -depois de dizer a frase em voz alta me dei conta de que era mentira.

Ela então simplesmente deu meia volta e seguiu para o lugar dela sem dizer uma palavra, como um robô programado. Acompanhei com o olhar enquanto ela se afastava, outra pessoa tinha chegado naquele momento, só percebi quem era quando ele tirou o boné, ele também era amigo dela? Parecia cansado, estava meio cabisbaixo e o semblante triste. Como se soubesse que alguém o encarava, levantou o rosto e olhou na minha direção. A princípio cogitei em ignorar o olhar dele mas mudei de ideia, me mantive firme. Ele não estava nem um pouco intimidado, ficou me encarando por alguns segundo que pareceram minutos depois virou a cara e me ignorou. Respirei fundo, tudo estava parecendo um furacão na minha vida, como quando a Dorothy foi parar no mundo do mágico de Oz, eu não me sentia eu mesma e as coisas ao meu redor estavam diferentes. Talvez seja o principio de TPM ou o fim do mundo, pelo menos se for o fim do mundo não tenho que me preocupar com as cólicas.

Eu não quero ser sua - O ponto de vista daquela que foi rejeitadaOnde histórias criam vida. Descubra agora