Capítulo VI - Eu faço parecer fácil...

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-Você não é bem vinda. -Cassie disse, me olhando como se fosse melhor que eu. As três estavam de braços cruzados na entrada da festa, eu só vim na intenção de me desculpar pelo que tinha feito mais cedo naquela tarde, só que depois da recepção que elas estavam me dando eu me arrependi. -Você está desconvidada. -Gisele preparou uma festa de começo de semestre, já fazia semanas que falavam sobre isso, mas agora elas simplesmente estavam me mandando sair.

-O que você vai fazer. Gravar alguns stories reclamando sobre nós? Somos três contra uma, podemos muito bem falar sobre sua personalidade podre para os seus seguidores. -Madison estava no meio das duas com uma das sobrancelhas erguidas, achando que estava repleta de razão.

-Vá em frente. -me aproximei dela. -Estava pensando quanto tempo demoraria para vocês me darem um tiro pelas costas.

-Não faça drama Vivi, pense no que você fez, faça algumas postagens sobre nossa amizade. Tente pelo menos se redimir, me mostre que sente muito. -soltei uma gargalhada, então ela queria mais seguidores. -Você me deixou sozinha naquela cafeteria depois de ter me humilhado, se eu fizer uma postagem sobre isso aposto que as pessoas que estavam lá vão poder confirmar sua conduta terrível.

-Você estava armando pra mim? Me tirou do serio só para conseguir isso? Agora vai me difamar nas redes sociais?

-Eu? Você mesma fez isso, sua atitudes te difamaram. 

-Vocês são engraçadas, se chegaram até onde chegaram foi porque eu tornei possível, mas a ingratidão é a professora favorita de vocês, vivem pensando em truques e maneiras de me darem uma rasteira. - me aproximei das três. -Não esqueçam disso, vocês só chegaram lá porque eu fiz acontecer. Como ousam...

-Você se acha isso tudo, não é? -Gisele se aproximou de mim empurrando meu ombro. -Já chega, a gente já aceitou o suficiente, agora você tá ultrapassada... -elas riram.

-Já se olharam no espelho? Estão todas me copiando. -apontei para cada uma delas. -Desculpa em avisar mas eu sou a influencia favorita de vocês. Eu estou no topo da pirâmide, entendo que a Madison se sentiu ofendida e que vocês decidiram se voltar contra mim agora, mas dessa vez quando se arrependerem como sempre acontece, não se deem o trabalho de voltar se desculpando por isso e por aquilo. Foda-se o vitimismo de cada uma, não somos mais nada, já fiz o suficiente, agora se virem sozinhas, assunto finalizado.

Dei meia volta, não era a primeira vez que elas faziam isso, no total já foram três tentativas em dois anos de amizade. Mas Gisele tinha uma família influente no ramo do jornalismo e o pai de Madison era o dono de uma empresa de acordos comerciais, era interessante manter elas por perto, meu pai fazia muita questão. Só que era tão dificil lidar com a situação, que me senti agradecida por isso, que se fodam cada uma delas e essa festinha de merda.

Tirei a chave do carro da bolsa, enquanto a raiva tomava todo meu corpo. Eu poderia voltar lá e arruinar aquela festa ridícula delas, fazer um escândalo, mas isso seria pior para mim e eu prezo demais pela minha reputação, então decidi apenas manter a classe e ir embora. Já tinha uma ideia em mente, sentar em um restaurante japonês e comer muito, foda-se as calorias, foda-se as dietas. Eu nem parecia eu mesma mais, parecia outra pessoa, estava terminando comigo mesmo, eu sou essa vadia que elas falaram então foda-se. Desde os quinze anos aprendendo a como ser uma vadia, falando tudo que eu quero, ofendendo quem eu achar que deve ser ofendido, eu tenho sido assim por tanto tempo, só percebi agora que todo mal que fazemos para as outras pessoas fazemos para nós mesmos. Que merda! Foda-se o Karma, ele tem me batido com força essa semana.

Estava tão perdida nesses pensamentos malucos que nem me dei conta de que acelerei com muita intensidade quando sai com o carro e fui com tudo para cima de uma moto que estava tentando me cortar pela esquerda, pisei no freio e o moto parou. Por pouco não colidimos, agradeci a Deus, minha pintura estava em perfeito estado odiaria arranhar esse carro, ele é o meu favorito. Abri a porta e desci.

-Você não viu que eu estava saindo com o carro? Como corta assim do nada?! -gritei enquanto me aproximava, ele tirou o capacete ainda encima da moto.

-Desacelere, amor. Você não pode dar partida no carro como se fosse um piloto de fórmula um, você pelo menos tem uma carteira? -reclamou enquanto soltava o capacete, assim que virou o rosto e finalmente nos encaramos a expressão que ambos fizemos foi de desagrado.

-E você pode me cortar naquela velocidade?

-Você de novo. O que você quer? Vai postar sobre isso, sobre eu ter quase causado um acidente entre nós. -ele debochou, Nicolas sabia ser bem desagradável.

-Então você está afirmando que o erro foi seu.

-Você não deu seta. Como eu poderia saber que você estava saindo da vaga? Eu quem deveria te processar. -ele se levantou da moto. -Mas agora eu to ocupado então deixa para outro dia. -como conseguia parecer tão desinteressado? Ele parecia não ligar para nada, tinha um olhar muito abatido, eu não conseguia entender.

-Espera... vai para a festa?

-Vou, tem um cara que eu to querendo socar hoje.

-O que?

-E você? Já ta indo embora, assim tão cedo. -ele ignorou o primeiro assunto me deixando lá com cara de paisagem. -A festa não é de uma de suas amigas?

-Você sabe sobre isso?

-Sei, vocês são todas influencer e de família rica, não é? Estou errado?

-Você está certo. -ele deixou um sorriso debochado aparecer sem querer, e um covinha na bochecha esquerda fez o rosto inteiro dele mudar, pareceu mais jovem imediatamente, mas durou pouco tempo, em menos de segundos o rosto apático e mal encarado estava de volta.

-Você está debochando?

-É claro, o que nisso poderia ser levado a serio? Influencer, que piada. 

-Então eu sou uma piada para você?

-Não, jamais. -ele ficou em silencio por um momento como se estivesse se segurando para não falar mais nada, mas não conseguiu se conter. -Eu não sou do tipo que fica tirando conclusões sobre os outros então você não é nada para mim, não acho nada sobre você. -soltei uma risada irônica.

-Se fosse assim naquele dia não ficava falando mal de mim com seus amigos.

-Ahh você tem um bom argumento, me desculpe sobre aquilo. Se você for do tipo que se ofende muito facilmente vai acabar me levando a mal sempre. Além do mais, acho que você ta indo embora cedo porque deve estar fugindo de todas as suas amigas falsas. -ele gargalhou como um canalha, mas dessa vez nenhuma covinha apareceu, ele deu as costas e foi embora.

-Ei!

-Oi, gatinha. -ele se virou, continuou andando de fasto enquanto olhava para mim.

-Você nem sabe meu nome! -gritei, porque já estávamos longe um do outro.

-Eu sei sim! -deu meia volta de novo e foi embora, dessa vez de verdade, sem olhar para trás.

Eu não quero ser sua - O ponto de vista daquela que foi rejeitadaOnde histórias criam vida. Descubra agora