Terras do Norte.

Prólogo

Deitada sobre a grama que fazia cócegas nas minhas costas, o Sol batendo no meu rosto e meu cabelo ruivo espalhado ao meu redor, eu admirava o céu azul sem nenhuma nuvem. Fechei meus olhos e respirei fundo, tudo estava tão bem que era como se fosse um sonho.

Levantei e fui até a macieira mais próxima de mim - e percebi que estava no pomar do meu pai. Me estiquei e peguei uma maçã vermelha e mordi ela sentindo o suco doce como mel na minha boca, me senti na sombra da árvore e quando fui dar uma segunda mordida na maçã senti minha boca queimando, rapidamente peguei minha garrafa d'água e bebi todo seu conteúdo, mas como se eu tivesse bebido fogo minha boca estava em chamas e a sensação se espalhava pela minha garganta chegando até meu estômago. Olhei para a fruta em minha mão e vi que no lugar da bela maçã vermelha estava uma maçã podre. Joguei ela no chão e olhando ao redor percebi que o céu antes azul se tornou feito de nuvens escuras, a grama agora virou terra e pedras, e ao longe via uma torre coberta por neblina.

Tento me mover, mas, não consigo, como se eu tivesse tido no fundo do oceano com os pés presos a uma pedra, não me movo e não consigo falar, gritar ou pedir ajuda. Não sei onde estou, mas algo me diz que não é um bom lugar para estar. De repente, e, sem explicação alguma eu não consigo mais respirar, o ar não entra em meus pulmões e eu tento me mover, gritar, respirar, mas, tudo em vão, não consigo fazer nada. Meu coração está acelerado e estou tremendo, não sei o que vai acontecer - e não sei se quero saber - tento, tento, e tento, mas quando estou quase acreditando que vou morrer escutando alguém gritando:

-Kira!

Não sei de onde vem essa voz, mas eu sei quem está gritando meu nome.

-Kira! Vamos filha, aqui, aqui!

Minha mãe grita desesperada, mesmo eu não conseguindo falar, tento procurar-la, mas não a vejo e então minha visão começa a ficar embaçada e a confusão faz com que eu caia no chão e então, tudo escuro fica e ouço apenas um zumbido.