anguish

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  "De certa forma, você me fez                  compreender o verdadeiro significado do amor, Blake."

                                R.A

Continuar assim parece impossível, mas de alguma maneira, sempre encontro uma desculpa para não terminar tudo de uma vez. Talvez seja porque, no fundo, eu não quero que acabe, eu não quero ter que te deixar ir.

Aos olhos dos outros, posso parecer um egocêntrico que pensa apenas em si mesmo. E, em certa medida, isso não está longe da verdade. Por muito tempo, fui um insensato que não se importava com os outros, focado apenas em mim mesmo.

Mas talvez seja difícil compreender quando afirmo que desta vez é diferente. Não estou pensando apenas em mim, não estou evitando este conflito só para preservar minha imagem. A verdade é que estou pensando em nós, no que poderíamos ser.

— Imbecil, cretino. — Minha mãe murmura enquanto recolhe minhas roupas sujas do chão.

— Eu já disse que posso lavar minhas roupas. — Respondo com um suspiro.

— O que eu quero não é que você lave suas roupas, Robin. — Ela diz com aquela voz irritante que me faz revirar os olhos.

— O que você quer então? Desculpe-me. Peço perdão por meu pai ter falecido, eu não sei, talvez se eu não tivesse nascido, ele realmente não precisaria fazer aquela viagem para ganhar um pouco mais e colocar comida na mesa.
E eu sei que você não me vê como filho, eu sei que estou sendo um fardo para você durante esses dezessete anos, mas por favor, eu só lhe peço para me tratar como a pessoa que você gerou ao menos um dia. A verdade é que esse sempre foi o meu sonho, ser seu filho por um dia, mãe. — Sem ao menos perceber, falo com a voz embargada e já posso sentir o nó que se formou em minha garganta.

— Eu quero que você vá embora. — Ela diz entre dentes, enquanto aperta meu braço com força, cravando suas unhas em minha pele como se quisesse que elas penetrassem em minha carne e a rasgassem por completo.

— Você está me expulsando de casa, é isso? — Pergunto, mesmo já sabendo a resposta.

— Vá antes que eu não permita que você leve nem suas roupas e você terá somente a que veste no corpo. — Ela diz de maneira rude e bate a porta com força.

Se não há amor como o de uma mãe, por que você nunca me mostrou isso? O amor, por que demorei tanto para conhecer, mesmo que você pudesse me mostrar o tempo todo?

Eu posso ser o vilão na história de alguns, mas é você quem é a vilã na minha história, mamãe.

                               F.B
                          

Uma perseguição implacável, que ultrapassou todos os limites concebíveis.

Recebo ameaças constantemente, de alguma forma essa pessoa parece ter visão total sobre tudo o que faço, e isso me perturba.

Ela mencionou ter me visto aos beijos com Robin naquele dia, ameaçou que o mataria se eu não pusesse um fim nisso.

E quer saber? Eu já abandonei a ideia de que isso possa ser apenas uma brincadeira de mau gosto. Não consigo acreditar que uma simples brincadeira duraria tanto tempo, essas cartas têm chegado há meses.

Isso já me causou inúmeros problemas e sei que é hora de colocar um ponto final nisso.

Ao olhar para o celular, percebo que não há nenhuma notificação de Robin e isso me preocupa. Um sentimento estranho está me consumindo, talvez algo não esteja certo, será que ele está bem?

— Meu amor, a mamãe vai sair com a tia Helena. Não se esqueça de verificar os biscoitos no forno, para que não queimem. — Ela me beija na testa.

— Até logo, mãe. Eu te amo muito, cuide-se — Respondo e ela diz que me ama, em seguida fecha a porta, fazendo com que eu me deite no sofá e mergulhe novamente em minha crise.

Não sei quando comecei a me preocupar tanto com Robin, talvez ele esteja apenas ocupado, ou talvez não queira me responder. Mas eu não acredito que seja apenas isso, sinto uma angústia incomum.

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