Acordo com barulhos vindo da cozinha. Me levanto e cumpro a mesma rotina matinal de sempre. Ao descer as escadas ouço meu pai e meu irmão conversando.
- Conversou com ela? - meu pai pergunta.
- Ainda não. - meu irmão responde dando um suspiro.
Eu entro na cozinha normalmente como se não tivesse escutado a breve conversa. Vejo que o café da manhã já estava na mesa e logo me sento para comer.
- Eu estava pensando em irmos caminhar pelo vilarejo um pouco depois do almoço. - meu irmão sugere.
Respondo que sim com a cabeça. Mal consigo comer durante o café, sentia minha garganta trancada. Após o café, arrumo a casa e preparo o almoço.
- Estava com saudades da sua comida. - meu irmão fala colocando os pratos na mesa.
- Eu sou a melhor cozinheira desse vilarejo. - falo dando leves risadas.
O tempo durante o almoço passou se arrastando, o que provavelmente durou meia hora pareciam na verdade três. Depois do almoço e com a cozinha arrumada eu e meu irmão saímos para conversar.
- Não terminamos a nossa conversa de antes. - ele fala enquanto andávamos pela calçada.
- Você sabe a resposta. - o respondo.
- Já está na hora de arrumar pelo menos um pretendente. - meu irmão fala e sinto o nervosismo em sua voz.
- E se eu não quiser? - eu pergunto e vejo seu rosto de leve espanto - Digo.. eu estou bem assim com o papai.
- Papai já está ficando velho, o trabalho dele mal sustenta vocês dois. - ele fala um pouco grosseiro.
Ficamos em silêncio até chegarmos em um parque que há uma lagoa. Nos sentamos na grama sentindo o sol na nosso pele com o ar gélido do inverno que se aproxima.
- Você e papai irão se mudar. - meu irmão fala e eu o olho espantada - Lá ele terá oportunidades melhores para trabalhar e você arranjará um pretendente melhor lá também.
- Se mudar? Mas essas coisas levam tempo. - falo tentando arrumar uma desculpa para que nós pudéssemos ficar.
- Já está tudo resolvido. - ele me responde frio - Conversei com o papai há meses por carta. Daqui a alguns dias vocês partem.
A raiva estava tomando conta de mim e o nó na garganta com as lágrimas nos cantos dos olhos se formando. Apenas me levanto em silêncio e volto a caminhar em direção para casa.
- Não adianta ficar brava. - ele fala me seguindo.
Sinto pisar tão forte no chão que os meus pés doíam. Entro em casa e subo direto para o meu quarto, batendo a porta ao entrar. Me deito na cama afundando meu rosto no travesseiro e me rendendo ao choro.
Além de ter que me mudar, terei que arrumar um marido. Vivi 19 anos sendo bem cuidada pelo o meu pai. E se o meu futuro marido não me tratar bem?
Passei a tarde toda trancada no quarto me afundando em pensamentos. Não conseguia pensar em algo bom no meio disso tudo. Se fosse só pelo emprego do papai tudo bem, mas me casar significa me desvincular da minha família para começar a minha.
Não tinha ideia de quanto tempo havia se passado, mas pela janela eu podia ver que já estava no entardecer. Me levanto para fechar na janela e logo após ouço uma batida na porta.- O jantar está quase pronto. - ouço o meu pai falar atrás da porta.
Passei tanto tempo imersa nos meus pensamentos que não o ouvi chegar em casa. Respiro fundo e me olho no espelho. Os olhos avermelhados e inchados.
- Não vai dar nem pra disfarçar. - falo dando um suspiro frustrada.
Abro a porta e desço em silêncio para a cozinha. Me sento à mesa sem olhar para o meu pai e irmão, mas sinto o olhar deles em mim. Me sirvo e como em silêncio, porém o silêncio é quebrado pelo o meu irmão.
- Partimos daqui a dois dias. - ele fala seco - Não posso ficar tanto tempo fora.
- Amanhã então já começamos a arrumar as nossas coisas. - meu pai fala quase num sussurro.
- Apenas as roupas e pertences pessoais. Os móveis e utensílios terá lá. - meu irmão termina de falar.
Após o jantar fico sozinha arrumando a cozinha. Não demoro muito e subo para o quarto.
- Daqui a dois dias. - falo aflita ao fechar a porta.
Coloco o meu pijama e me deito. Apesar do dia não ter sido agitado, me sinto cansada. Quando estava quase pegando no sono escuto gritos vindo da rua.
Me levanto assutada, espero em silêncio e logo escuto outro grito.- Pai! - o chamo tentando não gritar.
Meu pai logo abre a porta segurando um castiçal, a pouca iluminação da vela tornava a atmosfera ainda mais tensa. Vamos para o quarto dele onde o meu irmão já nos esperava.
- Fazia anos que eles não atacavam. - meu pai fala colocando o castiçal na mesa que há em seu quarto.
- Melhor dormimos aqui essa noite. - meu irmão fala se sentando na cama.
Acordo pela manhã sozinha no quarto do meu pai. Após uma noite assustadora tentando dormir e ouvindo gritos na rua. Desço até a cozinha ainda de pijama, minha cabeça ainda não estava funcionando perfeitamente.
- Já acordada? - meu irmão me pergunta colocando o café na mesa.
Apenas concordo me sentando à mesa. Meu pai chega logo em seguida, pelo olhar dele a situação na rua não é uma das melhores. Eu podia escutar os choros e lamentos vindo da rua.
- 27. - meu pai fala se sentando à mesa.
- Número grande para um ataque depois de anos. - meu irmão comenta olhando pela janela.
Estavam levando os corpos para serem queimados, é a única forma de matar eles sem que voltem da morte.
- Melhor partimos hoje. - meu irmão fala voltando para a mesa.
- Arrumamos nossas coisas agora pela manhã. - meu pai fala se servindo - voltamos outro dia para vender as coisas da casa.
Apenas comi ouvindo a conversa em silêncio. Não tinha nada que eu pudesse fazer para mudar algo. Após o café subi para o meu quarto, troquei de roupa e comecei a arrumar minhas coisas.
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Doce Vinho
RomanceApós a volta de seu irmão, Catharine se muda com o seu pai porém criaturas da noite os aguardava criando um acidente durante uma tempestade. Em meio ao desespero, ela busca refúgio em um castelo no meio da floresta e recebe ajuda do homem misterioso...