Diário

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   Após o café eu e Clément fomos para o jardim, a neve estava cada dia mais grossa.

- Logo estará difícil de andar por aqui. - ele fala rindo ao afundar o seu pé na neve - Vou pedir para o Thomas remover a neve das estradas que há no quintal.

- Falando nisso, foi muito legal da sua parte dar um quarto para eles aqui. - falo andando logo atrás de Clément.

- É mais fácil, assim eles não precisam vir e voltar para a cidade todo dia.

   Fomos até uma parte do jardim que havia alguns bancos de madeira espalhados pelo gramado. Ele limpa o banco para podermos sentar.

- Estou feliz que você melhorou.

- Também estou, na verdade estou aliviada. Pensei que eu fosse morrer. - ri do meu comentário.

   Passamos a parte da manhã ali sentados conversando. Descobri que Clément vinha de uma linhagem real antiga, por isso o castelo mas o seu poder real foi se apagando conforme o passar dos séculos. Ele cresceu no castelo e o herdou depois da morte de seus pais.

- Seu pai ainda governava quando você era pequeno?

- Não, meu tataravô foi o último rei. Depois dele o poder foi passado a governantes que moram em outra parte da cidade.

- Thomas disse que há rumores seu na cidade. - comento com um certo receio.

- Pessoas tem crenças limitantes, acabam criando fantasias para o seu medo irracional.

- Achei vocês. - Thomas fala alto vindo em nossa direção - Emma está os chamando para jantar.

- Nós já vamos. - Clément fala se levantando e estendendo a sua mão para mim.

   Eu segurei a mão dele para me levantar mas quando eu pensei que ele a soltaria ele entrelaça os seus dedos nos meus. Vamos até a sala de jantar de mãos dadas, fiquei nervosa no começo por estar de mãos dadas com ele mas logo me acostumei. Nos sentamos a mesa e nos servimos.

- De tarde terei que sair. - ele fala em uma pausa - Resolver alguns assuntos do baile.

- Tudo bem. - o respondo.

- Perdão, atrapalhar. - Emma fala se aproximando da mesa - Hoje a tarde virá uma costureira para ver as suas medidas e fazer o seu vestido senhorita.

- Está bem, Emma. - a respondo dando um sorriso.

- O baile será na noite depois de amanhã. - Clément fala me olhando.

   Apenas concordo com a cabeça e volto a comer. Depois do almoço Clément sobe para o seu quarto, se arruma e logo sai de carruagem para os seus compromissos. Thomas o levou, então eu estava sozinha com Emma no castelo.
   Ela sempre fica em função da cozinha, então eu fui andar um pouco pelo o castelo. Ao andar por um dos corredores me deparo com uma porta que chama a minha atenção pelo o desenho na madeira. Eram como flores entalhadas na madeira.
   Tento a abrir mas estava trancada e um pensamento passa por mim "No quarto de Clément". Caminho em direção ao quarto dele mesmo sentido que não era uma boa ideia. Eu ia invadir e vasculhar o quarto dele, e se chave estivesse lá?
    Abro a porta do quarto dele com cautela, abro algumas gavetas em busca de qualquer chave. Até que olho dentro do armário, atrás de algumas peças de roupa havia uma pequena caixa e quando a abri lá estava a chave. Voltei rapidamente para a outra porta e a chave era a certa.
   Abri a porta devagar e ela rangeu, parecia estar trancada a muito tempo. O quarto estava cheio de poeira e teias de aranhas. Em cima da cama havia um diário fechado com a sua chave ao lado. Sem pensar duas vezes o pego sem olhar o restante do quarto.
   Tranco a porta novamente e coloco a chave no mesmo lugar de antes. Caminho com pressa até o meu quarto e após entrar nele tranco a porta. Me sento na cama, abro o diário e a primeira coisa com a qual me deparo é um desenho da mulher que vem me perseguindo.

"Este diário pertence a Justine de Beauvau"

15 de novembro de 1456
É a minha terceira semana no castelo e o senhor Clément me deu este diário. Ele diz que seria uma forma de registrar a minha estadia. Apesar de toda a atmosfera estranha e pesada, tenho me acostumado a viver aqui.
Eu e o senhor Clément estamos cada vez mais próximos e estamos tendo algumas intimidades. Nos beijamos quando estamos a sós em seu escritório e ele explora o meu corpo com as suas mãos mas nunca chegamos a transar de fato. Ele me trata tão bem e é tão cuidadoso e romântico, passar os dias aqui tem sido como viver no paraíso.

   Isso havia sido escrito a mais de 30 anos. Se o Clément naquela época tivesse 30 anos hoje ele teria mais de 60, isso era impossível. Eu reli a data do texto para ter certeza do que eu havia lido. Senti um forte enjôo de nervosismo, me sentia enganada.
   Saio às pressas do meu quarto, vou atrás de Emma e acabo a encontrando na cozinha.

- Quem é Justine?

- Perdão? - ela me questiona confusa mas surpresa.

- Justine, dona deste diário. - digo jogando o diário sobre a mesa - Nele ela fala que está se envolvendo com Clément, mas isso foi escrito a mais de 30 anos.

- Senhorita isso deve da mãe do senhor Clément. - ela me responde e eu a olho confusa - A história de vocês é bem parecida. Ela também chegou aqui pedindo ajuda para o pai de Clément, ficou aqui por meses e eles se apaixonaram o resto a senhorita deve imaginar.

- Mas como é o mesmo nome?

- Os nomes dos reis são passados de geração a geração. - ela me explica - Clément tem o mesmo nome que o pai dele.

   Se isso mesmo fosse verdade por que essa mulher tem me assombrado? Eu sentia que Emma estava mentindo para mim, eu podia ver em seu olhar. Eu recolho o diário e volto para o meu quarto.
   Depois de algumas horas escuto sons de passos se aproximando da porta, eu escondo o diário em baixo das cobertas.

- Senhorita Catharine! - Emma me chama batendo á porta - A costureira chegou.

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