Sonho

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Após Clément se arrumar, ele me leva até uma sala na qual Thomas e Emma estavam jogando xadrez.

- Ela vai ficar aqui com vocês enquanto estou na reunião. - ele fala me dando passagem para entrar.

- O senhor irá precisar de mim? - Emma pergunta se levantando.

- Não, apenas que cuidem de Catharine. - Clément pede saindo da sala.

Me sento em uma poltrona enquanto vejo Emma e Thomas sentados em sofás de frente um para o outro com uma mesa no centro com o tabuleiro. Eles jogavam em silêncio enquanto eu os observava, já havia passado um bom tempo.

- O que é isso? - a senhora questiona.

- O que? - Thomas retruca.

- Essa jogada não existe. - ela afirma desfazendo a jogada dele.

- Ei, você não pode tocar nas peças do adversário! - ele a repreende.

- Então jogue direito! - ela o retruca.

Enquanto eles discutiam sobre a jogada duvidosa do Thomas eu saio em silêncio sem que eles me notem. Eu estava caindo de sono, andava pelos corredores tentando chegar ao quarto de Clément e quanto mais perto eu ficava mais lenta eu andava. Era como se algo quisesse me impedir de chegar lá.
Cambaleio me segurando na parede.

- Vá embora. - a mesma voz daquela mulher sussurra em meu ouvido.

Olho para trás assustada, porém não havia ninguém. Sinto o desespero ir tomando conta do meu corpo, minhas pernas ficam bambas, as mãos começam a soar e os calafrios percorriam a minha coluna. Volto para o meu caminho sentindo minha cabeça pesar cada vez mais ao ponto de mal conseguir ficar com olhos abertos.

- Eu falei para eles cuidarem de você! - Clément resmunga me segurando em seu colo.

- Eles não tem culpa, eu que saí de lá. - o respondo apoiando minha cabeça em seu peito.

Ele me leva até o seu quarto, me deita na cama me cobrindo com as cobertas. Clément vai até o banheiro e troca de roupa colocando uma que julgo ser o seu pijama apesar de ser tão arrumada. Ainda estava sentindo um peso sob o meu corpo que as vezes chegava a me deixar sem ar.

- Clément. - o chamo num sussurro - Eu não estou conseguindo respirar direito.

- Eu vou chamar a Emma. - ele responde preocupado.

Eu agarro com tanta força que acabo afundando as minhas unhas em seu braço o impedindo de sair.

- EMMA! - ele grita enquanto olhava no fundo dos meus olhos.

Emma entra rápido dentro do quarto, junto havia uma bolsa a qual ela abre sob a cama tiramos alguns frascos com algo que parecia ser plantas e fungos.

- Ela não está respirando direito.

A senhora abre um dos potes despejando em sua mão uma erva triturada, se aproxima perto do meu rosto e assopra devagar.

- Respire com calma.

Assim faço como ela pede e a sensação era como se eu estivesse respirando pela primeira vez na vida, o ar entrava com facilidade preenchendo os meus pulmões. Eu pude ver o alívio no olhar de Clément ao me ver respirar normalmente. Alguns minutos depois deles conversarem sobre o que eu deveria tomar para melhorar, Emma fala que cuidará da minha medicação.
Após ela sair do quarto, Clément fecha a porta e volta para a sua poltrona.

- Desculpa. - falo baixo - Não queria causar problemas.

- Não precisa pedir desculpas. - o loiro fala se sentando ao meu lado na cama - Você só precisa descansar.

- Onde você vai dormir? - o pergunto.

- Não se preocupe. - ele me responde abrindo o seu livro.

Eu fico o observando ler o seu livro e logo caio no sono.

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Eu estava no jardim, sentada na pequena fonte mas a estátua não estava lá. O céu noturno estava limpo sem nuvens, a lua cheia clareava a noite junto às estrelas.

- A senhorita está aí. - uma jovem moça fala se aproximando de mim.

- Oi Emma. - a cumprimento com um sorriso.

- O senhor Clément, está na sala de jantar lhe esperando.

- Diga ele que eu já vou.

- A senhorita sabe como ele está irritado. - ela me fala em um tom de preocupação.

Suspiro fundo me levantando e seguindo Emma até a sala de jantar. Ao chegar o vejo sentando à ponta da mesa me olhando com aquele olhar tenebroso. Os olhos vermelhos brilhavam com a pouca iluminação das velas, as sobrancelhas franzidas, os lábios cerrados e a cabeça inclinada apoiada em sua mão.

- Boa noite, querido. - o cumprimento ao me sentar à mesa dando um pequeno sorriso.

Ele não me responde, apenas começa a comer a sua janta, sua taça estava cheia até a boca.

- Poderia pelo menos me cumprimentar.

- Quero jantar em silêncio. - ele pede.

- Então por que pediu para que Emma me chamasse?

- NÃO ME RESPONDA! - Clément grita.

Fico calada durante todo o jantar. Eu podia perceber a sua raiva a cada garfada que ele deva em sua comida, o forte barulho dos talheres batendo contra o prato, a força com a qual ele colocava a taça sob a mesa. Eu mal o olhava por medo.
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Eu acordo pela manhã, olho em volta mas não vejo Clément. A única coisa que eu sentia era apenas uma leve dor de cabeça mas todo o resto daqueles sintomas eu não sentia mais.

- Que sonho estranho. - murmuro a mim mesma.

- Que sonho? - Clément questiona abrindo a porta do banheiro.

- Não foi nada demais. - o respondo me sentando - Estou me sentindo melhor.

- O que está sentindo?

- Apenas uma leve dor de cabeça.

Ele me ajuda a me levantar, consigo ficar em pé com facilidade sem tonturas. Nós descemos até a sala de jantar onde o café da amanhã já estava pronto. Nos sentamos a mesa e logo Emma aparece.

- A senhorita está bem? - Emma pergunta ao me ver.

Então me lembro do meu sonho nele a Emma tinha no máximo 25 anos. Ela estava tão jovem, a beleza dela impecável mesmo com as roupas de empregada.

- Estou bem. - eu a respondo.

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