O olhei surpresa, ele novamente coloca sua atenção em mim.
- Como sabes? - perguntei desviando o meu olhar.
- Foi eu quem lhe trouxe para dentro. - Clément me responde parecendo irritado - E você ainda não me respondeu.
- Acordei de repente na madrugada. - o respondi tentando não ficar nervosa - Eu só queria ir ver a neve.
- Mas tão cedo minha querida? - Emma ri para mim.
- Podemos fazer bonecos de neve depois. - Thomas fala empolgado.
Eu dou uma pequena risada concordando com a cabeça. Após tomarmos o nosso café da manhã eu, Clément e Thomas fomos para o quintal enquanto Emma ficou na cozinha. Sinto a neve embaixo dos meus pés mesmo estando com os meus sapatos.
- Ainda há pouca neve. - Thomas fala desapontado - Não vai dar para fazer o nosso boneco de neve.
- Tudo bem. - falo colocando a minha mão em seu ombro - É só o primeiro dia de neve.
A atmosfera do dia era bela mas assustadora ao mesmo tempo. É como se fosse um eterno amanhecer que o sol ainda não atingiu os céus. Quase não há luz mas a neve ainda brilha como se houvesse pequenos cacos de vidro sob ela.
Ao me virar para Clément que estava as escadas no castelo, em uma das janelas dos andares a cima vejo a mesma mulher da madrugada. Me assusto ao ver ela e Clément parece notar o meu medo.- Está tudo bem? - ele pergunta vindo em minha direção e olha para a mesma janela que eu - O que você está vendo?
A mulher da as costas e anda desaparecendo da janela. Agarro o braço de Clément com força sentindo os meus olhos lacrimejar.
- Catharine? - ele me chama ficando na minha frente.
- Desculpa. - digo abaixando a minha cabeça e secando as lágrimas que escorriam pelo o meu rosto.
- O que houve? - Thomas fala se aproximando de nós.
- Apenas não me senti bem por um momento. - o respondo com o rosto ainda abaixado.
Clément aproxima a costas de sua mão da minha testa. Sinto o toque gelado e fecho os olhos.
- Entre. - ele me pede entrelaçando o seu braço no meu - Você está com febre.
Após ele falar sinto um mal estar tomar conta do meu corpo, sinto a minha cabeça pesar e os meus olhos fechando aos poucos. Meu corpo fica mole mas antes que eu pudesse cair Clément me pega no colo.
- O que está acontecendo? - Thomas pergunta.
- Eu não sei - Clément o responde preocupado.
Ouço uma breve conversa de Thomas e Clément mas não consigo entender o que eles falam então perco a consciência de vez. Acordo abrindo os meus olhos apenas um pouco, me viro na cama macia abrindo os meu braços e ficando de bruços.
- Tão macia. - murmuro.
- A sua não é macia? - Clément me questiona.
Me viro de barriga pra cima novamente puxando as cobertas até o meu nariz ao ouvir a voz do homem loiro. Ele estava sentado em uma poltrona ao lado da cama, então percebo que não estava em meu quarto.
- O que aconteceu? - pergunto confusa.
- Você desmaiou lá fora. - ele me responde se aproximando de mim e encostando a costas da sua mão na minha testa novamente.
- Sua febre abaixou um pouco. - Clément fala se levantando - Mas ainda está febril, pode acabar subindo de novo. Tá sentindo mais alguma coisa?
- Minha cabeça e estômago doem. - o respondo me sentando. - Foi por eu ter saído de madrugada na neve?
- Consideração a febre e a dor no estômago pode ter sido algo que você comeu. - ele me responde indo até uma cômoda e pegando uma xícara - É um chá que Emma preparou, vai fazer você se sentir melhor.
Pego a xícara que ele me entrega e dou um gole, o gosto não era ruim mas sinto o meu estômago doer mais e um forte enjôo.
- Tô enjoada. - falo colocando a mão em minha boca.
Clément coloca uma bacia de alumínio no meu colo e vomito nela. Meus olhos lacrimejam e minha barriga dói conforme eu forço para vomitar tudo de uma vez. Ele me entrega um copo com água e um lenço para me limpar após eu terminar de vomitar.
O loiro pega a bacia do meu colo e fica olhando o líquido nela.- O que você está fazendo? - pergunto a ele.
- Estranho. - ele murmura - Eu já volto.
Antes que ele pudesse se virar para sair do quarto eu agarro o seu braço que estava livre. Senti um arrepio percorrer a minha espinha só de me lembrar daquela mulher.
- Não me deixa sozinha. - falo o agarrando com mais força.
- É rápido.. - antes que ele pudesse terminar de falar eu o interrompo.
- Por favor, eu não quero ficar sozinha. - peço novamente com lágrimas escorrendo pelo o meu rosto.
Clément me olha surpreso e confuso, era como se ele tentasse ler os meus pensamentos apenas ao me olhar. Ele apoia a bacia em uma cômoda que há do lado da cama e se senta ao meu lado.
- Você precisa conversar comigo. - ele me pede com a voz baixa - Tem algo que te atormenta desde que você chegou aqui e parece que piorou desde a madrugada.
Eu caio no choro o abraçando, era como se o pingo que faltava para o copo de água transbordar fosse colocado.
- Eu tenho me sentindo sozinha. - digo o apertando no abraço - Meu pai está morto e meu irmão me rejeitou, eu não tenho mais ninguém. E de madrugada..
Não consegui terminar a minha fala, era como se o meu peito gritasse "não".
- De madrugada fui no quintal porquê.. - novamente quando tento falar me calo rapidamente - Eu só perdi o sono pensando nisso, fui para lá para esquecer e acabei pregando no sono.
Clément passa a mão pelo o meu cabelo o acariciando. Ele me deita na cama e me cobre me dando um leve beijo na bochecha.
- Você não está sozinha. - ele fala ajeitando o meu cabelo - Desde que entrou por aquela porta você tem a mim.
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Doce Vinho
RomanceApós a volta de seu irmão, Catharine se muda com o seu pai porém criaturas da noite os aguardava criando um acidente durante uma tempestade. Em meio ao desespero, ela busca refúgio em um castelo no meio da floresta e recebe ajuda do homem misterioso...